sábado, 28 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Eu, como vocês sempre me encontram

Eu escreveria sobre saudade, mas decidi escrever sobre Deus. Talvez cause o mesmo efeito, porque Deus pra mim é tudo o que eu sinto ou é oposição ao que eu sinto. É desta forma que prefiro vê-Lo, criá-Lo, tê-Lo. É o Deus que me serve, que veste bem. É meu. O seu, você trate de inventar. Ou perceber. Sempre que eu O consulto, Ele me diz para permanecer sereno, ver a vida passar, sorrir quando for chamado... "É pra ter o coração tranquilo Thiago. É pra aceitar a dor. É pra ser forte, ser verdadeiro, metade menino, metade guerreiro. Mas tentar ser leal por inteiro. Ser fiel aos pressentimentos. Esquecer da lágrima na garganta e falar algumas palavras que te arranham, mas que são necessárias, que tornam a vida evidente. É não contrariar o desejo. É amar de verdade. É não mentir. É ser bom gratuitamente. É sentir falta. É desistir, quando a sabedoria é maior que a ilusão. É brilhar, mesmo quando o dia não foi bom. É ser luz no caminho de quem está perdido e precisa de você. Mesmo sem saber onde você mesmo está. É se entregar, se render a tudo. É ter esperança, depositá-la naquilo que você acredita. Desejar com os olhos bem fechados, pra que as lágrimas não escapem. É saber que amanhã vai ser melhor, que depois de amanhã você estará de volta. E mais do que isso Thiago, é preciso você saber que é tão forte e não percebe. É preciso saber Thiago, que antes você escrevia para se esconder. Hoje, você escreve para ser feliz, se mostrar, expor o desejo, a sua imoralidade tímida, mas irresistível por vezes. Marginal, sem ser bandido. Extrovertidamente introvertido. Contraditório. Incompleto. Mas muito, muito, muito alegre. Porque a solidão já foi. Ficaram só os textos. E você me surpreendeu porque você não se despediu. Você continuou aqui porque foi fiel ao instrumento que te libertou. E você tem sido assim com a vida. Então, fica Thiago. Mesmo que você faça as malas. Mesmo que você antecipe a saudade. Mesmo que embarque. Fica. Porque eu preciso de você". E esse texto é algo que não posso explicar. Porque o Deus que eu criei me deu o direito de ser confuso. Então, Ele também o tem. Mil beijos. Amamos vocês =)


Perceber aquilo que se tem de bom no viver é um dom
Daqui não
Eu vivo a vida na ilusão
Entre o chão e os ares
Vou sonhando em outros ares, vou
Fingindo ser o que eu já sou
Fingindo ser o que já sou
Mesmo sem me libertar eu vou

É Deus, parece que vai ser nós dois até o final
Eu vou ver o jogo se realizar de um lugar seguro

De que vale ser daqui
De que vale ser daqui
Onde a vida é de sonhar?
Liberdade!*

*Marcelo Camelo

Amar, Verbo Intransitivo - Mário de Andrade

- Entendeu, Carlos?

Ela repetia "Carlos", era a sensualidade dela. Talvez de todos... Se você ama, ou por outra se já deseja no amor, pronuncie baixinho o nome desejado. Veja como ele se moja em formas transmissoras do encosto que enlanguesce. Esse ou essa que você ama, se torna assim maior, mais poderoso. E se apodera de você. Homens, mulheres, fortes, fracos... Se apodera.
E pronunciado, assim como ela faz, em frente do outro, sai e se encosta no dono, é beijo. Por isso ela repete sempre, como de-já-hoje, inutilmente:

- Entendeu, Carlos?





Segunda e mais forte razão: Fraülein não concorda consigo mesma... Mas eu só queria saber neste mundo misturado quem concorda consigo mesmo! Somos misturas incompletas, assustadoras incoerências, metades, três-quartos e quando muito nove décimos. Até afirmo não existir uma só pessoa perfeita, de São Paulo a São Paulo, a gente fazendo toda a volta deste globo, com expressiva justeza adjetivadora, chamado terráqueo.




Estão, faz quase um minuto, mudos e parados. Sousa Costa olha o chão. Dona Laura olha o teto. Ah! criaturas, criaturas de Deus, quão díspares sois! As Lauras olharão sempre o céu. Os Felisbertos sempre o chão. Alma feminina ascensional... É o macho apegado às imundícies terrenas. Ponhamos imundícies terráqueas.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Polaroid de Família

- Meu Deus Lobato, uma bunda na televisão! Vai Lobato, levanta homem! Tira o menino da sala! Coitada da mamãe, 85 anos sendo obrigada a ver isso também!... Vai Lobato, muda de canal, por Nossa Senhora de Fátima!!!

- Mas mãe, eu já vi uma bunda maior do que essa. É a da Dona Carmen, que mora ali na rua de baixo.

- Menino, isso é coisa que se fale perto da sua avó. Coitada, 85 anos...

- Mas a vó falou pra mim que ela já tirou foto pelada quando era mais nova.

- Menino fique quieto antes que eu enfie o chinelo na sua boca!!

- Mas é verdade, não é vovó?

- É sim querido. Quando eu era mais nova...

- Princesa Isabel ainda era viva!

- Pois é Lobato, e você ainda tinha ereção!

- Mamãe!!! Não fale isso perto do Renatinho e o Lobato... O Lobato é um foguete de homem mamãe!

- É mesmo. Até porque a gente só vê foguete subir uma vez por ano! E olhe lá. Quando você me apresentou o Lobato eu bem que disse: Não decola!

- Mamãe!!

- Ah deixe a velha falar. Nessa idade, ela não sabe mais a diferença entre um homem e uma estátua.

- Ah Lobato, a estátua é dura. D-U-R-A. Pois sim...

- Ah mas essa velha pensa que é uma mocinha ainda?! Saiba a senhora que estou pagando a última parcela da sua oitava dentadura.

- Está pagando a prestações porque comprou viagra à vista!

- Ah velha danada!

- Sossega Lobato, vai começar o Globo Repórter!

...


- ... no Globo Repórter de Hoje, os problemas sexuais que atormentam os homens brasileiros...

- Viu Lobato! A sua moleza está comovendo o país!

- Cala a boca velha danada. E deixa eu ver TV em paz!

- Lobato, levanta a cabeça pra assistir. Le-van-ta!

- Alguém dê um tiro nessa velha!...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Todo Se Transforma - Jorge Drexler

Teu beijo se fez em calor,
Logo o calor, em movimento,
Logo em gota de suor
Que se fez em vapor, logo em vento
Que num canto de algum Riacho
Moveu a pá de um moinho
Enquanto pisavam o vinho
Que tua boca vermelha bebeu.

Tua boca vermelha na minha,
A taça que gira em minha mão,
E enquanto o vinho caia
Soube que de algum distante
Canto de outra galáxia,
O amor que me daria,
Transformado, voltaria
Um dia a dar a graça.

Cada um dá o que recebe
E logo recebe o que dá,
Nada é mais simples,
Não há outra norma: Nada se perde,
Tudo se transforma.

O vinho que eu paguei,
Com aquele euro italiano
Que havia estado em um vagão
Antes de estar na minha mão,
E antes disso em Torino,
E antes de Torino, em Prato,
Onde fizeram meu sapato
Sobre o qual caíria o vinho.
Sapato que em umas horas
Buscarei debaixo de tua cama
Com as luzes da aurora,
Junto a tuas sandálias baixas
Que compraste aquela vez
Em Salvador na Bahia,
Onde a outro deste o amor
Que hoje eu lhe devolveria

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A saga dos 7 anos / Parte 1

Quando eu tinha sete anos - porque era esse o pressuposto - eu ficava me imaginando adulto. Eram os adultos da minha casa, os adultos da novela e os adultos do serviço do meu pai que visitavam a minha mente. Os adultos eram tão padrões para mim que tanto fazia ser um ou outro. Eu só lembro que não queria ter barba e nem ser baixinho. O resto era algo que eu julgava ser irremediável e imutável, algo comum a todos os crescidos. Eu não sabia ao certo como um homem encontrava uma mulher e porque eles decidiam se casar. Eu achava que havia uma idade específica para que as coisas pudessem acontecer. Ficava muito assustado quando via uma mulher velha e solteira ao mesmo tempo. Tentava decifrar o porquê desse infeliz estado civil: era muito chata talvez, muito alta - porque o homem deveria ser mais alto e mais velho que a mulher, é claro - ou talvez não gostasse de dormir em cama de casal. Talvez não se depilasse, porque eu fiquei sabendo que as mulheres nasciam condenadas a um gênero com extrema aversão a pêlos. Já os homem tinham aversão aos cuidados estéticos. Ouvia conselhos para minha mãe grávida: menino é mais fácil, porque menina a gente tem que arrumar demais, menino não. E eu já começava a entender a diferença entre homens e mulheres: os meninos falavam mal das meninas; as meninas falavam mal das meninas. E dos meninos. Eu via os casais e ficava pensando no tanto que eu teria que me esforçar pra ter coragem de beijar alguém. O divórcio estava muito na moda, então quando via casais brigando, eu já imaginava cada um seguindo a sua vida, assinando aqueles papéis que eu via na novela e que não fazia idéia do que se tratava, só nas consequências: não morariam mais na mesma casa. O estranho é que eu já nasci acostumado à ideia de que só se deve casar com uma pessoa e que não é bonito beijar outra pessoa quando se está casado. Mas não é por causa da nossa cultura ou dos exemplos que são dados. É porque tem coisas que os adultos não falam pras crianças. Só por isso. Que criança nunca levou uma bronca por falar uma palavra de adulto? E que criança nunca se sentiu injustiçada por isso? É claro, o pai e a mãe podem dizer que você está crescidinho demais pra fazer isso ou aquilo, mas você não pode falar pro pai que ele também está. Pra mãe, piorou. Porque quando você fala alguma coisa pro pai, ele culpa a mãe. Quando você fala alguma coisa pra mãe, ela culpa você e o pai. Quando eu tinha sete anos - porque era esse o pressuposto - eu mudei de casa. Mais de uma vez. Mas isso fica pra depois. Porque quando se tem sete anos, a gente tem que esperar demais.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Quando a gente percebe o tempo passar

Antigamente, um século era tempo suficiente para uma guerra, uma revolução, uma reforma. A vida então se contava de cem em cem anos. A pressa e a nossa imperfeição fez das décadas o espaço de tempo suficiente para grandes mudanças, para novos cursos da História. É o Rock dos anos 80, Disco dos anos 70...
Hoje, 12 de Fevereiro de 2009, a vida se contabiliza em segundos. Basta entrar em qualquer site de notícias e ficar apertando insistentemente F5 para ver que tudo acontece ao mesmo tempo: são bombas, satélites, protocolos, células, embriões, eutanásia, aborto, meio ambiente, corrupção, corrupção e corrupção. O mundo não pára e não pede licença. Somos bombardeados em todos os sentidos. A informação em excesso nos mostra que o mundo existe muito bem sem a nossa presença; são notícias que não falam por nós. O mundo passa a ser um lugar distante que não nos pertence.
Esse não é um pedido para que as notícias deixem de ser divulgadas. Nem mesmo é um pedido. É só uma vontade íntima (receio que todas as vontades sejam assim, mas encaro o risco de ser redundante) de ver o mundo girar mais devagar, de ver o fim da pressa. Querem antecipar tudo, querem ver o mundo ofegante e precoce. Eu não tenho motivos para ter tanta pressa, mas serei esmagado se não seguir o fluxo. É imposição. Quando você fica parado, "atrapalha" as pessoas. É ofendido, empurrado, excluído. Eu tenho vinte anos e estava me sentindo velho e não-funcional, porque muitas pessoas da minha idade parecem, aparentam ter muito mais bagagem do que eu. De fato, têm. Mas isso é vatanjoso? Ao menos verdadeiro, útil? O conhecimento lecionado pelo mundo veloz se assemelha a um fast-food: prático, necessário às vezes, mas muito pouco saudável.
E eu estava sentado na sala da casa da minha vó quando me veio esta inspiração, a semente deste texto: era a brisa suave no rosto, invadindo a casa. A juventude veio com ela, estava ali na minha frente e eu pensei com o coração: Fica juventude, fica só mais um pouco! Me faz pensar em nada, não me deixa mais crescer. Faz parar o tempo, deixa o tempo me esquecer...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Vermelho era a cor dos meus olhos

- Eu julgava ser mais forte, mas desisto de você.
- Eu esperei muito por esse dia, é o dia da coragem. Eu não quero ficar com você. Eu tive medo de dizer.
- Eu pensei que estava fazendo papel de palhaço, mas eu só estava te imitando.
- Não foi covardia, eu evitava um dia triste. Eu evitava dias nublados.
- Fizesse chover, eu havia lançado a semente.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Flash de Viagem

Hoje cedo ouvi uma voz me chamando baixinho. Era o meu priminho. A caminha dele estava enconstada na minha. Eu estava com muito sono, havia dormido por apenas duas horas. Então, sem abrir os olhos, estiquei meu braço até alcançá-lo. Ele segurou minha mão e beijou os meus dedos. Eu não precisei abrir os olhos.

Mais um presente do Plínio =)
Amigo mais do que querido!
Abraço Perfumado ^^

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Vamos brilhar hoje?

Respirei e sorri.
Coração desacelerando.
Fones no ouvido.
Dancinha super desajeitada nos pés.
Ao som de "tchubaruba".

E eu de braços abertos, girando, simulando aquele momento que antecede o abraço.

Alegria momentânea.
Caiu a ficha.
Sou tão especial.
Bobo é quem não vê.

Momento "dane-se o mundo porque eu sou o mais lindo". Olhei pro meu corpo e vi que isso é quase verdade. Fiquei sorrindo pro espelho só pra ser correspondido. Meu sorriso está lindo hoje... Imagina, são meus olhos, que querem ver o próprio brilho. Castanho simples. Simples, como tudo deveria ser. Como tudo de fato é. O que eu preciso é de uma vida seminua de filosofias.
Fiquei seminu e me olhei no espelho de novo.
Que escândalo que está o meu corpo.

Sibilei gostoso: gos-to-so!


Porque sou mesmo. Essa barriguinha anexa que não combina com meus braços fininhos é um arraso. E digo mais: Gisele Bündchen elogiaria. Pois sim! Pagaria pra ver.

Sabe por que Deus existe?
Porque tem que existir alguém que me admire, que compartilhe essa gostosura que é ser eu mesmo, que veja de camarote. E que faça esse garoto de braços finos se sentir perfeito, porque na verdade ele é.

NÓS SOMOS!


Então se prepara, respira e sibila comigo:

GOS-TO-SOS!

___________________Bastidores___________________


Enquanto eu estava com os fones fazendo a dancinha misteriosa, minha vó me viu todo feliz e perguntou:

- É Zezé di Camargo?
- É doido, Deus me livre!

Risadas pela sala.


PáraMoço, NADAmeTira
EsseRisoDoRosto

Porque se eu pudesse...

...baby, eu eternizaria você e todos os momentos em que você restaura minha paz.

Estou escrevendo neste momento para agradecer aos meus amigos. Por motivo nenhum, aparentemente. Só satisfazendo uma vontade noturna de dizer que a amizade sincera me faz forte pros amores instáveis. Eu estava tão frustrado, cultivando uma não-esperança e vocês vieram. Conversaram. E só. Tudou ficou bem. Estou tristinho um tantinho, mas é normal. Sabe aquela música "Raindrops keep fallin' on my head, but that doesn't mean my eyes will soon be turnin' red. Cryin's not for me 'Cause I'm never gonna stop the rain by complainin'... Because I'm free, nothin's worryin' me". Bom, caso não a conheçam, posso dizer que a música é triste mas com uma batida muito alegre, que traz esperança. Algo como "tudo passa, tudo passará". A gente aprende com tudo. Mesmo. Eu aprendi que se a gente guarda muito o ciúme, a gente morre. Aquilo é veneno. E vi também que a gente é fantoche nas mãos de quem a gente supostamente gosta e de quem supostamente não gosta da gente. De nada adianta as frases de auto-ajuda, horóscopo, sortes de orkut: o amor-próprio se dissolve, some e você vira só uma pecinha de um joguinho qualquer que, mais cedo ou mais tarde, você vai perder. Estou em uma operação-resgate. Eu juro que não quero ser dramático, porque não há nada mais cansativo do que ouvir alguém que não passa fome, que tem onde morar, que tem cnh e que tem um blog dizer que está sofrendo. Sei que cansa, por experiência própria como leitor compulsivo que costumo ser. Então, temos aqui um post sobre a tentativa-de-não-parecer-triste-aquilo-que-de-fato-não-o-é. E sendo assim, não sendo, termino dizendo: eu só amo vocês.

Dedicado a TODOS vocês: presenças de luz, que iluminam esse meu caminho confuso e que nunca me deixam chorar. Porque se eu pudesse baby...