domingo, 7 de setembro de 2008

Aquilo que precisa ser compartilhado




O trecho do livro a seguir (Uma vida inventada: memórias trocadas e outras histórias, Maitê Proença, Agir Editora) é simplesmente brilhante. Num relato simples, tabus, preconceitos, caretices, humor e surpresa se misturam perfeitamente. Então, lá vai:

Outro dia uma amiga levou a avó (dela) ao ginecologista porque estava com uma irritação na vagina. O médico examinou a velhinha e sentaram-se para o diagnóstico:

Médico: A senhora se masturba?
Avó: Claro.
Médico: A senhora se masturba mais de uma vez ao dia?
Avó: Claro.
Médico: Quantas vezes?
Avó: Ora, doutor... Eu caminho com dificuldade, enxergo mal, já não posso ler, vejo pouco da Tv... só me resta isso. Me masturbo muito, umas três vezes pelo menos. Com um consolo.

Minha amiga, que havia chegado com uma avó doente, saiu da consulta com uma velhinha tarada, uma receita de cremes vaginais lubrificantes e uma cara de tonta.




A gente vive num país em que todo mundo se orgulha de comer todo mundo no carnaval, nos dias santos, nos fins de semana, na segunda, na terça... Mas também vivemos num país em que todo mundo tem vergonha de falar sobre sexo em casa, tanto por parte de pais como por parte de filhos, país em que as escolas ainda usam conceitos e linguagem tradicionais para este assunto tão popular. O Brasil não é o país do sexo. Afinal, sexo é diversão séria. Estou no país da sacanagem.
Sete de setembro. A liberdade de pensamento, cadê? A liberdade de escolha, cadê? A liberdade de ser o que cada um realmente é, cadê?
A Clarice me disse uma vez: A liberdade é um segredo. Eu acho que ela foi certeira. Clarice acabou comigo. Eu que pensava que a liberdade fosse gritada, escancarada... Clarice, por que você insiste em mostrar que eu sempre estou errado? Eu te amo Clarice. Casa comigo? Mas não hoje. Hoje é feriado. E eu sou brasileiro.

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