quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Departamento Abstrato de Física: entre o fim e o recomeço

De todos os pesares, fica um legado: a morte de um sentimento confirma a existência da alma. Na fração de segundo que antecede a tristeza, o coração parece comprimir e o corpo se prepara para o movimento de fala, mas não diz. O espaço congela e você toma a decisão de não prosseguir. Tudo estava armado e a centelha propulsora falhou. Os pensamentos, que na verdade são hipóteses do futuro imediato, se cruzam e no tempo microscópico você é irracional. Apenas sente. E tem dificuldades em definir o afeto, conter o ódio. Transparecer lucidez, simular moralidade. Enquanto isso, os sentimentos vão atuando como cargas aleatoriamente energizadas, seguindo a lei da atração dos opostos. Seu corpo se torna um campo de batalhas e após a rendição bastará recolher os destroços e calcular os danos. Os sentimentos extremos neutralizam o espírito e você sente: 78% nitrogênio. E o resto? Atmosfera viva. O coração está pulsando e você não pode negar. Como fugir das sensações que estão dentro de você? Chega a hora de dizer: covarde. E mesmo que ninguém ouça, você está humilhado. Entre os sentimentos velozes você persegue a coragem e se depara com a dignidade. Não pode perdê-la de vista: tenho medo, mas assumo. Como se isso te libertasse da obrigação de ser valente. E a moeda da sinceridade tem duas faces: uma dissimulada e a outra corrupta. E antes que o movimento mínimo do ponteiro do relógio seja confirmado, em você habitam todos os sentimentos do mundo,
em uma fração de segundo.

3 comentários:

Juliet disse...

A palavra covarde parece um sussurro mas que ecoa no texto por completo.
:D

bjukas^^

SUSANA disse...

Thi, eu li seu comentário no meu blog. Eu nem pensei em dar continuidade a história, mas Helena é mesmo tudo o que eu não conseguiria ser.
Beijinho.

P.S.: Cadê seu orkut???

Ana Aitak disse...

maravilhoso texto, é daqueles que não podiam ser escrito melhor com outras palavras, cada uma foi a escolha perfeita... bjuss