quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Fora de Moda

Nada me interessa mais. Esta caixa de e-mails lotada, todos sobre nada. Estes livros que eu tanto queria ler, as novas goteiras. Eu só queria ser parte consolidada de alguma coisa neste momento. De ter definido um ponto no tempo e no espaço, um ponto de existência, uma prova. Não que eu seja enigmático,longe disso. É que desejo saber o sentido de tudo o que faço e talvez isso seja até mesmo obrigação minha. Então me sinto falho.
Uma sensação de derrota que tenho é esta que me parece mais pesada agora: eu estou sempre lutando para me perdoar por erros que eu nem sei quais são. Quero me libertar de uma culpa não identificada. Enlouqueço conscientemente e sinto raiva e quero estrangular alguém. Não quero saber de ninguém e quando fico sozinho não suporto a minha presença.
Não quero regressar à insegurança do passado, então me agarro a estas expectativas mortas que eu criei. Eu roubei a certeza que tinha de que não era ninguém e agora criei uma responsabilidade enorme para mim mesmo: tenho que existir. E mais do que isso: tenho que fazer alguma diferença.
O que me surpreende é que eu tenho talento. Eu tenho alma. Tenho uma visão imensa de tudo, mas ainda me falta algo maior. Falta, na verdade, um inverso. Fantasiam que Deus dá asas para quem não sabe voar. Penso que voar eu sei, me faltam as asas então.
Preciso desaprender? Porque sempre tento aprender a ser melhor, aprender a superar, aprender e aprender e aprender. Enquanto me preocupo tanto com a minha formação, não seria necessário então descontruir?
Talvez eu devesse me desapegar a esta ideia que tenho de mim. Tenho que me deixar ser. Mas olho para as pessoas que se permitiram. E não as vejo.

sábado, 25 de setembro de 2010

Fora de Forma

Em todos os sentidos.

Acordei um dia e me vi em dois empregos. Em menos de um mês a minha vida mudou muito. Não sei se eu estava pronto para o que me aguardava. Até porque eu desconhecia o que me aconteceria no dia seguinte. Pronto ou não, o que foi necessário fazer, eu fiz. Com alguns improvisos, é claro. Sem experiência nenhuma, me agarro à minha fraca intuição sobre aquilo que penso ser o correto.

Acho que de tudo o que tenho vivido, posso dizer que estou mais responsável. Acho até que já posso ter um cachorro. Não estou mais me sentindo ferido tão fácil quanto antes. Ao mesmo tempo em que estou preservando as pessoas que eu gosto dos meus comentários desagradáveis. Talvez por isso eu tenha ficado em silêncio estes últimos tempos.

Acredito no meu potencial e sei o quanto algumas dificuldades são importantes para mim. E que Deus me perdoe, mas estou aprendendo algo muito importante: ignorar pessoas. E por incrível que pareça, boa parte dessa missão diz respeito somente a entender o que se passa com a vida do outro, e que o que se passa com a vida do outro é problema (que Deus me perdoe novamente) do outro. Se eventualmente sobrar algo para você, você deve dizer:

Não, obrigado - isso é problema seu. Compacte e enfie onde quiser. Se não quiser compactar, não tem problema. Aliás, sugiro que nem compacte. Se precisar de ajuda, não me chame.

Corro o risco de ser interpretado mal ao publicar este texto, mas acho que a gente perde muito às vezes por ficar calado. Mas não pense que ando de mal com a vida não. O meu amor continua imenso. Digamos que eu apenas acordei.

Talvez o porquê deste texto seja apenas o meu novo corte de cabelo que me deixou com a autoestima lá em cima. Sou bonito, inteligente e já fui magro. Mas é mais fácil perder a barriga do que ganhar um cérebro.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Devoluções

quando sigo para o trabalho sinto o meu coração despertar e percebo que estou vivo.
e esperando.
o que eu espero,
demora.
não tem nome,
não tem hora.
já teria outro homem abrigado esta agonia?
os corpos que desfilam nas ruas
não me prendem a atenção.
quero minha alma de volta,
o bom senso,
a razão.