Eu confesso.
Para quê?
Tem crescido o número de pessoas que encontram no anonimato da internet um refúgio para falar sobre as suas aventuras proibidas. Não muito distante, as autobiografias de pessoas renomadas (ou não) surgem no mesmo cenário da confissão como uma forma de redenção a boatos, verdades e mentiras que rodeiam o universo dos famosos. Mas em meio a tanta informação, qual a linha que separa a realidade da dissimulação?
Revelando a identidade ou não, tais publicações têm um único propósito: confessar. Nos moldes religiosos a confissão aparece como uma ferramenta de libertação e autoavaliação pela busca do tão sonhado perdão. O que pode também ser estendido ao cenário social: confessamos porque não suportamos. Guardar um segredo é difícil. E só é segredo aquilo que nasce dentro você e só você sabe. Não existe segredo dos outros que você conheça.
Mas para revelar um segredo, muitas vezes nós mentimos. Não é proposital. Sabe a sensação que tenho? É que o segredo tem uma forma dentro da gente e outra quando tentamos colocá-lo para fora. Usamos jogos de palavras para amenizarmos a dor, o constrangimento, o ódio e acabamos desvirtuando o segredo. Isso porque só temos coragem de confessar quando o perdão é viável. Tentamos invocar a piedade, despertá-la dentro daquele que nos ouve. Então, pode a confissão ser honesta e ao mesmo tempo não ser verdadeira? Ou carregar uma verdade que está além dos limites que as palavras conseguem superar?
Posso me lembrar perfeitamente da minha primeira e única confissão a um padre. Foi, sem sombra de dúvida, a lição mais difícil da catequese. Esperei por horas e quando chegou a minha vez, eu fiquei sem chão. Como eu, na época um moleque endiabrado, com o capeta no corpo como dizia minha mãe, iria falar dos meus infinitos pecados para o padre, que na minha visão de moleque atentado, era um quase-Jesus-Cristo-puríssimo em pessoa? Pensei "Meu Deus, se ele souber de tudo, eu vou pro inferno". Depois lembrei da advertência da catequista: o padre pode não saber, mas Deus sabe de tudo. T-u-d-o". E imediatamente pensei "Deus, olha lá hein. Bico calado. De fofoqueiro, já basta Judas". E chegou a minha vez. Era a hora da confissão. Eu tentava ferozmente me lembrar dos 7 pecados capitais e dos 10 mandamentos. O que viesse era lucro. O padre perguntou algumas trivialidades e só então pediu para que eu me confessasse. Eu devo ter dito apenas três coisas. A primeira, da qual me recordo muito bem, foi a de ter acusado falso testemunho. Era muito comum nas brincadeiras de esconde-esconde. A outra deve ter sido gula. Básico, você já viu magro comer pouco? E por fim, preguiça. Terminada a confissão, o padre pediu pra que eu rezasse 5 vezes o Pai-Nosso e a Ave-Maria. Mas eu estava com medo, afinal, eu não tinha me confessado direito. Fui lá e rezei 10 vezes. Ainda arrisquei uma Salve-Rainha, a mais difícil de todas! Que alívio. Então, era só não cometer mais pecados e manter Deus em silêncio que o meu passe pro Céu estava garantido.
E confessando isso pra vocês, sabe que me bate uma pena.
É uma pena a gente crescer. E eu sinto saudade também. Dá vontade de voltar no tempo e dar um abraço bem forte naquele Thiago endiabrado que, mesmo cheio de pecados, era muito feliz.
Para quê?
Tem crescido o número de pessoas que encontram no anonimato da internet um refúgio para falar sobre as suas aventuras proibidas. Não muito distante, as autobiografias de pessoas renomadas (ou não) surgem no mesmo cenário da confissão como uma forma de redenção a boatos, verdades e mentiras que rodeiam o universo dos famosos. Mas em meio a tanta informação, qual a linha que separa a realidade da dissimulação?
Revelando a identidade ou não, tais publicações têm um único propósito: confessar. Nos moldes religiosos a confissão aparece como uma ferramenta de libertação e autoavaliação pela busca do tão sonhado perdão. O que pode também ser estendido ao cenário social: confessamos porque não suportamos. Guardar um segredo é difícil. E só é segredo aquilo que nasce dentro você e só você sabe. Não existe segredo dos outros que você conheça.
Mas para revelar um segredo, muitas vezes nós mentimos. Não é proposital. Sabe a sensação que tenho? É que o segredo tem uma forma dentro da gente e outra quando tentamos colocá-lo para fora. Usamos jogos de palavras para amenizarmos a dor, o constrangimento, o ódio e acabamos desvirtuando o segredo. Isso porque só temos coragem de confessar quando o perdão é viável. Tentamos invocar a piedade, despertá-la dentro daquele que nos ouve. Então, pode a confissão ser honesta e ao mesmo tempo não ser verdadeira? Ou carregar uma verdade que está além dos limites que as palavras conseguem superar?
Posso me lembrar perfeitamente da minha primeira e única confissão a um padre. Foi, sem sombra de dúvida, a lição mais difícil da catequese. Esperei por horas e quando chegou a minha vez, eu fiquei sem chão. Como eu, na época um moleque endiabrado, com o capeta no corpo como dizia minha mãe, iria falar dos meus infinitos pecados para o padre, que na minha visão de moleque atentado, era um quase-Jesus-Cristo-puríssimo em pessoa? Pensei "Meu Deus, se ele souber de tudo, eu vou pro inferno". Depois lembrei da advertência da catequista: o padre pode não saber, mas Deus sabe de tudo. T-u-d-o". E imediatamente pensei "Deus, olha lá hein. Bico calado. De fofoqueiro, já basta Judas". E chegou a minha vez. Era a hora da confissão. Eu tentava ferozmente me lembrar dos 7 pecados capitais e dos 10 mandamentos. O que viesse era lucro. O padre perguntou algumas trivialidades e só então pediu para que eu me confessasse. Eu devo ter dito apenas três coisas. A primeira, da qual me recordo muito bem, foi a de ter acusado falso testemunho. Era muito comum nas brincadeiras de esconde-esconde. A outra deve ter sido gula. Básico, você já viu magro comer pouco? E por fim, preguiça. Terminada a confissão, o padre pediu pra que eu rezasse 5 vezes o Pai-Nosso e a Ave-Maria. Mas eu estava com medo, afinal, eu não tinha me confessado direito. Fui lá e rezei 10 vezes. Ainda arrisquei uma Salve-Rainha, a mais difícil de todas! Que alívio. Então, era só não cometer mais pecados e manter Deus em silêncio que o meu passe pro Céu estava garantido.
E confessando isso pra vocês, sabe que me bate uma pena.
É uma pena a gente crescer. E eu sinto saudade também. Dá vontade de voltar no tempo e dar um abraço bem forte naquele Thiago endiabrado que, mesmo cheio de pecados, era muito feliz.
7 comentários:
a gente quer crescer tão rápido,que depois que crescemos a infancia faz tanta falta...
tiago adorei aquele recadinho que c colocou pros leitores...lindo ele.
Acho que escever é uma forma de entender melhor, seja você ou qualquer outra coisa. Você pára pra pensar. Seus pensamentos se transformam em palavras e se comunicam de alguma outra forma com você.
me fez lembrar das minhas raras confissões infantis também e desse medo que passa na cabeça da gente. Saudade também. Também muito do recado manuscrito, muito carinho que mando de volta...Bju
Ah adorei o texto anterior. Acho que a moça do programa desencalha teria muito mas exito lendo o texto, quem sabe ela caisse em si, rsr. kiss
este seu post nostalgico/confessional ficoumuiito legal. a inocencia de alguns anos n'ao se recupera mesmo...e hoje em dia meu papo [e direto com DEUS, sem intermediarios, parabens por seus textos.abs
Confesso que concordo: segredo que se divide não é mais segredo!
P.S.: Sua letra é linda!
que bom que gostaram do manuscrito,
hehe ele precisa ser corrigido, tem alguns errinhos de grafia. um bjo!
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