É sobre algo bem simples e até mesmo bobo. Mas tem me invadido há algum tempo e tem me comovido durante alguns minutos.
Mais ou menos em 2005, eu estava no consultório de uma dentista junto com a minha mãe, esperando para ser atendido. Em um certo momento, uma senhora, que vendia pães, entrou na sala de espera e ofereceu o seu produto. Não tínhamos a pretensão de comprá-los, talvez nem tivéssemos dinheiro para aquilo no momento. Mas a senhora começou a insistir muito e começou a contar uma história mais ou menos assim: um rapaz queria muito comprar os pães, mas não tinha dinheiro suficiente, então ela acabou vendendo por um preço menor. E terminou dizendo que a gente pode sempre ajudar, mas é impedido pela má vontade. Não dei muita atenção a ela, porque eu sou assim mesmo: distraído por opção. Apenas pensei que ela estava sendo invasiva. Mas enquanto eu pensava, minha mãe, de braços cruzados, sem encarar a mulher, apenas respondeu naturalmente: Mas não é bem assim. Às vezes a gente não pode mesmo. A melhor parte foi quando a vendedora foi embora.
E eu tenho pensado muito nisso ultimamente, assim como no dia em que tudo aconteceu. No fato da minha mãe não ter se rendido a uma história que nem Deus sabe se é verdade, de ter dito o que veio à cabeça, de ter traduzido o meu pensamento, de interpretar tão bem as coisas. De ser honesta com princípios.
Talvez eu tenha ficado em silêncio porque fiquei com dó da vendedora. Mas não acho que a vendedora tenha pensado em nós no momento em que expôs a nossa suposta má vontade de ajudá-la.
De tudo, eu só posso ter comigo uma coisa: a gente tem que dizer 'não' na hora certa. Antes de riscar um fósforo para acender um cigarro. Antes de carregar uma arma para atirar. Antes de amolar uma faca para desconfigurar. Antes de contrariar tudo aquilo em que se acredita.
E que às vezes a gente tem que ser racional. Estranho, porque me emociono ao escrever esse 'conselho'. É que a gente tem que ceder. Tem que identificar aquilo que a gente não precisa. Tem que cruzar os braços pra demagogia. Tem que se libertar das mentiras piedosas. E que às vezes, como disse a minha mãe, a gente não pode mesmo.
Talvez eu tenha ficado em silêncio porque fiquei com dó da vendedora. Mas não acho que a vendedora tenha pensado em nós no momento em que expôs a nossa suposta má vontade de ajudá-la.
De tudo, eu só posso ter comigo uma coisa: a gente tem que dizer 'não' na hora certa. Antes de riscar um fósforo para acender um cigarro. Antes de carregar uma arma para atirar. Antes de amolar uma faca para desconfigurar. Antes de contrariar tudo aquilo em que se acredita.
E que às vezes a gente tem que ser racional. Estranho, porque me emociono ao escrever esse 'conselho'. É que a gente tem que ceder. Tem que identificar aquilo que a gente não precisa. Tem que cruzar os braços pra demagogia. Tem que se libertar das mentiras piedosas. E que às vezes, como disse a minha mãe, a gente não pode mesmo.
5 comentários:
As vezes um não,nos ensina bem mais que 1.000 sins...
lindo o que c escreveu no meu blog...ainda faço um texto com cada frase que me escrevem nos comentario=)
Ei, Thiago...parabéns pelo texto! Complemento dizendo que precisamos dizer não quando preciso,lembrando que assim estaremos dizendo sim pra nós mesmos.Você escreve muito bem, combina sinceridade com sensibilidade. Beijo grande!
Você está certo. Texto muito bom!
Completamente. Porém é natural que bem no fundo saibamos que o pouco que ela falou sem relutar, mas saiu do coração (talvez sem prensar na grandiosidade de suas palavras) foi da maior verdade. O pouco que ela se referia é toda uma dança universal, o pouco de encará-la, o pouco de ao menos tentar provar que suas palavras são escutadas e aceitas, não negadas. Mas tu fala de sobrevivência, e ela já havia ensaiado. Adoro te ler. Bjo.
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