Logo quando cheguei na casa dos meus pais, que sem surpresas, também é minha, fui tomar um café e a dona Maria, que é a nossa ajudante, veio conversar sobre tudo. Perguntou como eu estava na minha casa nova e eu disse aquilo que sempre digo:
- Me acostumando ainda.
E ela continuou:
- Quando a sua irmã foi embora eu senti tanta falta. Senti falta de você também. Mas é que ela ficava aqui mais tempo e também quando todos viajavam. Daí ela veio se despedir de mim e deu uma vontade de chorar.
E eu não soube o que dizer. Abri a boca pra falar algo que reconfortasse e transformasse tudo em esperança, mas não consegui. Acho que me faltou humildade. E me pegou desprevenido também. E eu tentei buscar algo na mente que completasse aquilo tudo e que fosse digno à altura, mas eu descobri que eu não tinha isso em mim naquele momento.
Acho que o carinho que ela sente e também a sua humildade são sempre constantes. Fazem parte.
Devo confessar que em mim não é assim, por isso não soube como lidar com aquele diálogo. Eu tenho essas mesmas qualidades, mas vejo que são momentâneas. De forma que eu sinto falta às vezes.
É bom saber que há outras vidas pulsando na gente. Eu gosto tanto de mim quando estou aqui. Apesar dos momentos sem qualidades. Aqui eu encarno muitos deles. Sou tão eu mesmo que até me surpreendo.
Estou vivendo tanto nesses dias que, sinceramente, estou até mais gordo.
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