No início da vida, a maioria das espécies de anfíbios vivem exclusivamente em ambiente aquático dulcícola, e sua estrutura corpórea é semelhante a de um alevino, realizando respiração branquial. A fase jovem, também conhecida como larval, é determinada do nascimento até a metamorfose do anfíbio, que lhe permitirá sair do ambiente aquático e fazer parte do ambiente terrestre quando adulto.
Quando criança, nem pensava em se mudar. A vida era boa, avaliando critérios que ele mesmo criara: os brinquedos, a casa na árvore e os bolinhos de chuva. A bicicleta nova estava por vir no próximo Natal. Assim, não era preciso mais nada. Às vezes era a brisa no rosto, em outras o sol no corpo. A chuva era amiga, porque ele já sabia como jogar bola dentro de casa.
Mas era preciso se adaptar. O corpo era novo a cada dia. As exigências também. Era grande demais para brigar com os primos, pequeno demais para sair sozinho. O mundo era de um tamanho que não servia. Ainda não era jovem, já não era mais criança. A menina chata passou a ser bonita, sem deixar de ser chata. Os brinquedos entraram em desuso.
Depois de um tempo, foi apresentado ao barbeador e à sensação de dormir na hora em que costumava acordar. A noite passou a fazer sentido, enfim. Crianças não entendem muito bem a função da noite. Jovens, sim. A menina chata passou a ser bonita mais uma vez, e interessante também.
O sexo por diversão. A bebida por diversão. As mulheres por diversão. A vida por diversão. O trabalho por obrigação. Coisas de um jovem coração, que acelera por nada e que adora derrapar.
Mas se divertir todo dia passou a ser desconfortável. A rotina da juventude instável trazia tristeza. Era preciso readaptar-se. Dar algum sentido para toda aquela bagunça. Viver uma confusão organizada. Primeiro era preciso conhecer alguém que estivesse na mesma. Conheceu. Depois, era preciso se convencer de que era plausível se casar. Não se convenceu, mas casou-se. Até filhos ele teve. O emprego era bom, o chefe não era. Mas adaptado estava. De uma forma nunca apresentada anteriormente. Vivia bem, segundo critérios criado pelos outros: sucesso nos negócios, filhos formados, viagem ao exterior. Reclamava muito dos filhos, dos corações acelerados, da mania de viver com pressa. Resmungava com todos. Amava-os simultaneamente. Não havia tempo para pensar em si próprio. Mas por que se importar? Vivia enfim em terra firme!
Somos todos anfíbios. Até que a vida prove o contrário.
7 comentários:
Hello! Thank you for your sweet comments in my blog.
I love having a friend in Brazil!
xoxo
~vk~
Hey there, I appreciate your comments on my blog too. Now how do I translate your page to English so I can read it?!
ser humano é sinonimo de descontentamento, seja na estabilidade ou mudança.
será?
"O mundo era de um tamanho que não servia." Cara, é exatamente o que pensei hoje! É estranho eu ser e saber que sou tão menina enquanto participo de um mundo adulto! Parece que a opinião de todo mundo é equivocada e que estão me tratando de forma errada. Me cobram um comportamento que eu não queria ter... Confusa, eu?! Imagina! rsrsrs
"Coisas de um jovem coração, que acelera por nada e que adora derrapar." Olha, adorar derrapar eu não adoro, não, mas meu coração acelera por nada desde criancinha (e eu deixei de ser criancinha??? rsrsrs)! Você escreve muito bem, e escreve umas coisas que me deixam na dúvida se pensei alto a ponto de você me ouvir. Telepatia on-line.
Oi!
O mundo doido, em um dia, deu na minha cabeça de fazer um blog,achava isso uma besteira,e hoje, me sinto tão bem,fique a vontade para me visitar, e pode se perder se quiser,embora eu ache o meu mundo pequeno...
Passe por lá , que eu vou sempre dar uma passada por aqui.
Há, vinte anos é bom demais,não é mesmo?
Deixamos de ser criança, passamos a reinar no mundo dos adultos, mas por vezes, queremos voltar atrás, ter um colo, alguém que nos carregue,mas nós temos que ser adultos,não é mesmo?
Tudo de bom, Há , gostei do seu blog!
"...à sensação de dormir na hora em que costumava acordar. A noite passou a fazer sentido, enfim."
Enquanto a noite passou a fazer sentido, as pessoas perderam os seus, assim como os brinquedos tbem. O impressionante é que existe uma graça na perda das coisas de criança e nos sentidos de adulto..no fim das contas talvez nunca chegamos a crescer realmente, no fim talvez sejamos só um amontoado de pessoas tentando justificar nossas atitudes, decisoes, palavras rasgadas por ai, no meio de tanta bobagem, no meio de tanta gente.Entao, sejamos só mais um.
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