sábado, 1 de setembro de 2012

Mas... a change is gonna come!

Quero me desafogar um pouco dessa piscina imensa que sou eu. Entende? Eu estou em todos os lugares que vou e sou todas as pessoas que encontro. É que tem uma parte de mim que está se comportando como um todo. E isso sufoca, limita.

Há tanto tempo não chove e há tempos eu não penso em nada além de mim. Acabou o assunto, por enquanto - enquanto esse assunto for eu. Algumas atividades profissionais exigiram que eu ficasse sozinho por muito tempo e é aí que repousa o perigo. O perigo de ter uma vida chata, assumidamente.

Mas... a change is gonna come!

Vou viajar, rever alguns amigos e, quem sabe, desafogar de mim. Talvez seja pretensão demais esperar que eu encontre em outras pessoas o remédio para mim. Não que eles não sejam capazes de sê-lo - muito pelo contrário - mas não tenho o direito de criar expectativas sobre os outros quando, na verdade, eu continuo estagnado.

Eu fico pensando às vezes que se eu pudesse voltar ao passado eu teria feito tanta coisa diferente. É como se eu esquecesse que ainda há muito tempo pela frente. E justamente hoje na universidade eu fui surpreendido por uma multidão de adolescentes que veio participar do projeto Unicamp Portas Abertas, um programa que apresenta os cursos da universidade para alunos do ensino médio. E na porta do meu laboratório estavam algumas meninas e uma delas me perguntou se eu era engenheiro químico. Eu disse "Sim". E ela disse "Formado?". E eu disse "Sim". Uma pena eu não ter dito mais nada, porque eu já estive lá, onde ela está, com as dúvidas dela. Com a admiração dela. Como eu pude me esquecer? Como pude ser mesquinha? Mas me deixei levar pela pressa do trabalho e por esse sentimento de urgência que tenho comigo quase sempre e que também quase sempre não se justifica. Mas onde você estiver agora, minha futura colega de trabalho, eu espero que você receba a bondade do meu coração e a minha torcida pelo seu sucesso, que já é certo. E que não seja como eu, um engenheiro tolo e individualista.

Os meus erros, na verdade, são vícios. Eu sempre caio no erro de ser o que não quero ser, mesmo sabendo que não posso ser diferente disso. Sabe? É falta de aceitação. Se eu me aceitasse como fracassado e idiota que sou, já resolveria muita coisa. Mas não, imagina? Sou super descolado e mente aberta, bacanão. Na minha cabeça, é claro. Porque na realidade eu sou um ser humano tão ordinário que criei um imagem falsa de mim mesmo até nos recantos do meu psicológico onde posso ser sincero ao extremo. E tento vivê-la. Só que essa imagem... ela nem é tão boa. Se fosse pra inventar, que inventasse coisa melhor então. Até a minha criatividade é limitada demais.

Mesmo Platão com seu Mito da Caverna já desvendou isso. Há quantos anos? Séculos e séculos atrás. E eu aqui, vendo sombras na parede sem saber ao certo o que são de verdade.

Um comentário:

Jéssica Bueno disse...

Sei.

Tomei para mim muitras de suas palavras. Quando disse "Eu sempre caio no erro de ser o que não quero ser, mesmo sabendo que não posso ser diferente disso." Me identifiquei demais.

Hoje mesmo fui autora de uma fala arrogante queme encheu de vergonha e me obrigou a repreender esse "eu" em mim que não é quem eu quero ser.

Nunca fui arrogante. Porque falei algo do tipo?

Mas não concordo com vc quando diz que não pode ser diferente. A gente sempre pode ser diferente. A própria psicologia diz que somos todos meio bipolares e temos mais de uma personalidade.

Você pode ser diferente, basta agir diferente. Fazer escolhas diferentes. E aceitar a ver coisas de uma forma diferente.