segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Os Três Presentes - Parte 3



Você vai chegar e porta não vai estar entreaberta

E a cópia das chaves? Acabou de perdê-las!

O vestido lilás, curto com babado no decote não tinha bolsos

Milhares de coisas na bolsa

Milhares de coisas nas mãos

Menos as benditas chaves

'Terei de esperar no portão', fala à meia voz, para si mesma

ou para alguém que não vai ouvir

Se aproxima da porta, tem esperança

Sempre teve

Pensa que podem tê-la deixado destrancada, sem querer

Sem querer a gente faz muita coisa na vida

Até a felicidade é sem querer

E você gira a maçaneta

ela corresponde

a porta vai se abrindo

luzes apagadas, até então

mas você, num ato irracional e rotineiro

bate a mão inteira no interruptor

e sob luzes claras

você vê muita gente que você gosta

ou que nem gosta, mas como tudo é uma surpresa

você revela o afeto

eles cantam um 'parabéns' gritado

você força aquele sorriso antes que seu rosto demonstre outras sensações

canta com a boca meio fechada

fica feliz, fica sem jeito, olha pra alguém que te deixa segura

torce para que o grito acabe logo

acaba?

não, não acaba

tem ainda o 'É pique! É pique! '

acaba?

não, não acaba

tem ainda o 'com quem será que a Susana vai casar'

acaba?

não acaba

tem ainda o ' Susana é uma boa companheira'

acaba?

não acaba

Cantaremos sempre para você,

mesmo que não sejamos muitos, mesmo que não seja surpresa

mesmo sem bolo, sem sobremesa

acaba?

não acaba...


=]

domingo, 28 de dezembro de 2008

Os Três Presentes - Parte 2

Para brincar na gangorra: dois!

Os Três Presentes - Parte 1

Susana completará idade nova em breve. Temos aqui o seu primeiro presente: um trecho do livro 'A Gaia Ciência' (digitado por essas mãos solitárias), obra do filósofo Friedrich Nietzsche. Eu espero que você goste!

56 – O desejo de sofrer – Quando penso no desejo de fazer alguma coisa que agite e estimule incessantemente milhões de jovens europeus, os quais não podem suportar o tédio nem a si próprios, dou-me conta de que deve haver neles um desejo de sofrer, seja como for, a fim de extrair desse sofrimento uma razão provável para agir, para fazer grandes coisas. É preciso sofrimento! Daí o clamor dos homens políticos, daí as inúmeras “crises” falsas, fabricadas, exageradas, de todas as categorias possíveis, e o cego ardor que se põe em acreditar nelas. Essa juventude exige que seja de fora que lhe venha ou lhe apareça: não a felicidade, mas a infelicidade; e a sua imaginação ocupa-se já em lhe dar antecipadamente as proporções de um monstro. Se estes sedentos de sofrimento sentissem em si força bastante de interiormente fazer bem a si mesmos, para fazerem alguma coisa a si próprios, saberiam também criar interiormente uma miséria altamente pessoal. Suas invenções poderiam ser então mais refinadas, e suas sensações trazer consigo o som da boa música; ao passo que agora, enchem o mundo com seu grito de agonia e, muitas vezes, por conseqüência, do sentimento de agonia! Não sabem fazer nada de si próprios... é uma função disso que rabiscam na parede a infelicidade dos outros! E de mais outros, até o infinito!... Peço-vos perdão, meus amigos: tive a audácia de rabiscar a minha própria felicidade na parede.
=]

sábado, 27 de dezembro de 2008

Don't let me free

Is this the end of us?
When you told me you were going away, I just closed my eyes and thought how empty this bedroom would be without your soul leading me. I miss the way I felt when you were here. I don't miss words, I just miss your voice whispering softly our crazy desires. I don't miss the tears but the reason to cry.
Tears... I have never seen yours, so, they never existed or I was not able to see them in the darkness of our passion.
It's my fault. I didn't trust your feeling, only mine. I just wonder do you miss me... or just think about me for some seconds, at least. How am I in your thoughts? Are my words stronger than my beauty? Do you think in me when you are kissing another?
What I learned with you? The colors in a lover's eyes are not real. They are magic, not real.
But, I decided to live that illusion. It was my choice. You were my choice. I tried to be happy for a while. I am waiting for you, like many times before...
So you come back...
I don't wanna you let go anymore, but I'm sure you are not here to stay forever. I can't teel you that something happens in my heart because you are so... thought­less. You wouldn't know how to distinguish a person in love from a cardiac patient.
I don't believe the words I hear you say, but could you say, just one time, that you love me and you are mine?


____
Hey, it's for you ;]
You deserve more than that,
but I ask you to forgive my inexperience :)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Tempo de Reclusão

O mundo pede para ouvirmos mais e falarmos menos.

De que forma isso funciona no blog?
Bom, estou satisfeito com o processo criativo desenvolvido até aqui. Pensei, escrevi, desisti, revivi, publiquei, amei, odiei, encarnei, simulei, revelei... está tudo exposto ao sol!
Só que sinto que está na hora de ler mais e escrever menos. Esse desejo vem da necessidade de novas inspirações, de descobertas, de conhecer gente imaginária nova. E também pela vontade de reinventar a forma de escrever. Vou aproveitar o Natal para tentar escrever coisas diferentes. Renascer. E aproveitar esse tempo livre para ler coisas interessantes, tentar absorver algo novo, tentar me encontar em algumas linhas alheias.
Tenho que escrever isso: o próximo post vai ser em inglês. Presente para uma leitora. Estou adiando este post há dias e agora fica então prometido e inadiável. E, pelo menos no blog, a palavra deve ter a sua força. Aqui está a minha palavra.
É isso meus amores, meus amantes, meus amigos, meus anônimos. Encerro por aqui o nosso momento "Caras", "Ti ti ti" ou " Conta Mais". Não se preocupem, esse não é o tipo de leitura que pretendo me apegar por estes dias.

Um beijo, um abraço, um agarro, um aperto de mão, minha alma, meu corpo, tudo pra vocês. Escolham aquilo que vocês gostam mais.



=]

* Presente de Natal de Ana para este jovem solitário! Gosto muito, do selo e da amiga.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Postiço

Pouso os meus olhos sobre você e não vejo. Encosto minha boca junto a sua e não beijo. Ouço as suas palavras, leio os seu lábios, mas não entendo, não tem jeito. Estou ao seu lado e a distância entre nós é imensa, é continental. Eu não estou pedindo pra você ficar. Seu sorriso na parede é só um quadro mal pintado. E essa esperança de diálogo se afoga no silêncio, na falta de ar. Mas quando você simula uma palavra nos lábios, o medo de ouvir um som de despedida me invade e me destrói e faz tudo voltar ao começo. Pra te ver mais um segundo, faço as pazes, me esqueço. Eu não estou pedindo pra você ficar. Você simula despedidas e diz que não vai voltar. Fala da vida sem mim, que tudo vai melhorar. Eu acredito em você, me faço pequeno, uma gota no mar. Mesmo sofrendo, eu não estou pedindo pra você ficar. Mas fica, só até amanhã? Eu gosto de te ver assim, dona de mim. Gosto de ser seu brinquedo, de ficar com medo, de me ver ridículo. Gosto de ser barato, de ser lixo, de ser reciclado. Gosto de viver este não-romance, não-lógico, não-barbeado. Gosto da coisa suja, da lama, da sua cara imunda me ofendendo e dizendo coisas horríveis que me fazem dormir mal. Vísceras à mostra, profano, marginal. Você não vale nada, mas eu gosto. Acabarei com a sua vida um dia. Folha áspera, capa, jornal. E ao ler isso você pode achar que a realidade é supostamente suja. Corre o risco de estar certo. Só que eu não estou pedindo pra você ficar...
Eu não estou pedindo pra você ficar?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Desejo

eu quero ver teu corpo em chamas
literalmente
fazer uma fogueira
e incendiar você

^^

bjosnãomeliga

Lágrimas Secas


fez as malas

olhou pro lado

todos continuavam a dormir

ninguém havia levantado

invasivo, o inverno há muito tempo já havia chegado

era sempre bem recebido

não precisava ser convidado

juntou todas as folhas

as lágrimas deixou de lado

foi-se embora o outono

foi-se embora chateado

mas seu moço preste atenção

que o exemplo já foi dado

é preciso ser humilde

é bobagem ser lembrado

foi-se embora o outono

foi-se embora chateado...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Estatística sem Voz

No mundo há pelo menos três pessoas constantemente apaixonadas por você. Durante toda a vida. Você deve me perguntar: mas Thiago, onde estão essas três pessoas então? E eu te digo: você já se apaixonou por quantas pessoas? Muitas! Quantas delas souberam disso? Pouquíssimas! Não posso te dizer onde elas estão, mas posso dizer que elas estão em silêncio.
Ou você quebra o silêncio ou você quebra a cara. Ou ainda, as duas coisas.
Escolha pra lá de difícil.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Vulto na mente

Vem neste exato momento, ou em um momento anterior a este, a hipótese de que algumas pessoas que passam pelo nosso caminho não são reais. Elas são anjos ou algum tipo de figura parecido, que pousam em terra firme só para saber como nós estamos e levar essas informações para alguma outra dimensão. Talvez eu seja uma delas. Talvez você. O mundo é um grande observatório... aos olhos de quem? Pode ser loucura, mas o que podemos classificar como real? Temos essa habilidade? Por trás de cada olhar há um mistério. Eu tenho medo de saber os seus segredos. Medo de te ver, te tocar, te beijar e depois descobrir que você não é real. Desculpe a filosofia de quinta em pleno domingo, mas eu precisava falar isso. Você me entende?
"Eu, que não sei quase nada do mar, descobri que não sei nada de mim"

sábado, 13 de dezembro de 2008

o Sol não nasceu hoje

Às vezes peço à consciência para que eu me esqueça de todos os mortais e, por segundos apenas, lembre só de mim. Das minhas preocupações. Dos meus problemas, que às vezes nem existem.
A calçada estava quente, a vida era uma miragem. O asfalto ao longe parecia estar molhado e no fio de luz havia uma daquelas bolas, que se parecem com as de basquete. Quando eu era criança eu chorava no banco de trás do carro porque eu pedia pro meu pai pegá-la e ele dizia não ser possível. Olhava para o asfalto ao longe supostamente molhado e perguntava pra minha mãe se lá estava chovendo. Não estava, ela dizia. Eu acreditava só quando a gente chegava bem pertinho.
Um outro dia, eu estava descalço e fui correr na rua só pra preocupar a minha vó. Eu corri no asfalto quente, cheguei no meio da rua e não consegui voltar, meus pés ardiam e eu gritava, pedindo ajuda. Minha vó foi lá correndo e me pegou no colo. Nem brigou comigo.
Hoje eu não tenho coragem de andar descalço nesse imundo asfalto. Nesse chão de homens crescidos.
E ainda hoje, no carro, eu posso sentar nos bancos da frente. Posso até dirigir.
Mas, quando eu deixei de ser criança?
Eu ainda penso nas bolas de basquete, no asfalto molhado que de perto estava seco, na vó, nos gritos. Eu queria nascer de novo. Viver tudo de novo. E escrever tudo isso de novo.
Isto tudo não é nada, isto tudo é normal. Hoje é só um dia ruim. Dezembro tem 31 dias, este ano tem 366. Um deles tem o direito de nascer ao avesso. Mas só um. No mais, o ano já está quase acabando. A vida, não.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Leve romance

o resto era música

animado refrão

infinito era o tempo

pra mais uma canção

e eu

que nem sei dançar

nos seus braços descobri

que pode afastar o corpo

mas não leve seu riso daqui

e essa estranha sensação

aqui dentro de mim?

coração em pedaços

o baile chegou ao fim?

mas no instante seguinte

a música recomeça

no estômago

as borboletas insistem em pousar

vão se juntando

também parecem dançar

no ritmo da vida

assim como eu

elas só querem ter um par

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Eu por mim mesmo V

A silenciosa leitora diz:

... posso te fazer uma pergunta? ...
... você acha que seria mais feliz se fosse como os outros garotos? ...
... sair toda noite...
... ficar com um monte de garotas, essas coisas ...

Eu respondo:

Que pergunta difícil! Seria menos paranóico? Acho que sim. Meu telefone tocaria mais? Provavelmente. Eu me sentiria o John Travolta quando entrasse no msn e visse aquelas centenas de janelinhas piscando me chamando pra um embalo de sábado à noite [que filme novo!]? Certamente! Seria então mais feliz? Não... não tenho certeza.
Infelizmente para responder de uma forma mais direta, eu preciso me comparar aos "outros garotos". Eles se divertem mais, formam rodas de violão, pagode, disso, daquilo... eu já fico mais em casa, no máximo eu e minha galerinha formamos um triângulo, um quadrado, mas nunca uma rodinha e eles me fazem muito bem, mesmo sem aquele barulho todo [exceto quando eu tenho ataques de riso], sem aquela cachaça toda [só um pouquinho], sem aquelas estórias fantásticas de predação, canibalismo, pegação, amasso [só de vez em quando]. Então, quando eu me comparo com os outros garotos eu vejo que eles são felizes. Olho pra mim mesmo e, surpreendentemente, eu acho que estou entre o bilhão de pessoas mais felizes do mundo. Somos todos felizes. E, por mais estranho que pareça, temos muito em comum.
Quem é mais feliz? Impossível dizer, temos uma vida só e é bobagem ficarmos comparando nossa vida com a do fulaninho que parece estar feliz pela festa, pelo carro que ganhou do pai, pela nova milésima namorada quando na verdade ele pode estar feliz somente pelo fato de estar vivo.
Eu sei que você me perguntou isso porque você também teve estes conflitos de ver toda a juventude brilhar e ao mesmo tempo, não sentir que faz parte dela. Se eu fosse como os" outros garotos", provavelmente este blog não estaria vivo. Não haveria a amável leitora, nem o paranóico pseudoescritor, nem os queridos amigos comentaristas! E isso é muito triste!
Eu poderia tentar menosprezar os "outros garotos" só pra tornar a minha vida aparentemente mais interessante. Muita gente faz isso. Mas eu prefiro pensar que, independente de qualquer coisa, todo mundo inventa um jeito de dar risada, de ser feliz a sua maneira.
E por que eu usei aspas para me referir aos "outros garotos"?
Porque isso me lembra aquela música do Leoni:

Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos...

Então, amável leitora, eu acho que nós somos farinha do mesmo saco. Alguns bebem mais, alguns beijam mais, mas nós somos só garotos...

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A amável leitora tem nome e sobrenome. Para evitar formalidades, digo só o nome: Silvana. Eu fico muito feliz pela sua presença constante e pelos elogios ao blog. E é claro, isso tudo foi uma homenagem a você e a todos os outros que me acompanham, sempre atenciosos, sempre gentis [a ponto de não me avisarem onde estão os erros de grafia! rs!]. Silvana, eu quero que você seja muito feliz. Principalmente porque você me fez pensar no quanto eu o sou. Independente se sou mais feliz ou não que os outros, eu sou feliz. E só. É o que importa. É o que conforta. É o que a vida pode me oferecer no momento.
Amável leitora, eu quero somente que você seja mais feliz que uma pessoa: a Silvana de ontem. Siga esse 'conselho' todo dia ;]
Beijos a todos!

domingo, 7 de dezembro de 2008

algemas abertas

é melhor assim

que você fique longe de mim

não para todo o sempre

só nestes dias ruins

em que eu digo coisas que

rasgam os teus ouvidos

e o sangue que escorre

alimenta o meu desejo de te ver sofrer

não que eu seja mau

é que você me faz assim

com essa mania de me possuir

e descartar

e reciclar

e esperar que eu finja que nada aconteceu

os meus escudos

onde você escondeu?

e eu estava vestido

em uma alma nua

frágil ao tempo

ao sopro de vida, ao vento

as palavras silenciaram

brindamos ao puro constrangimento

de sermos tão irracionais

eu não queria te ver

dizer nunca mais

você bateu a porta

e ao ouvir teus passos distantes

eu rezei baixinho

mas de olhos abertos

para que você voltasse

ser amante então é isso:

orar de olhos abertos

sábado, 6 de dezembro de 2008

Do livro 'Mulheres de Cabul', de Harriet Logan

YELDA tem nove anos. Nos conhecemos numa escola caseira clandestina em 1997, onde sua mãe lecionava. Vinte garotinhas estavam sentadas no chão de uma casa gélida aprendendo a ler e escrever.


A caminho da escola, escondíamos nossos livros dentro do sagrado Corão. Eu sabia que se os Talebans me pegassem indo para a escola, seria espancada. Acho que os Talebans não queriam que fôssemos à escola porque nos queriam burras. Os Talebans diziam, "Meninos são homens, meninas são mulheres, e mulheres não vão à escola". Fiquei triste e com raiva quando fizeram aquilo conosco. Os meninos podiam ir para a escola sem esconder seus livros, sem medo, mas nós tínhamos de nos esconder.


Gosto de todas as matérias da escola. Também gosto de cozinhar. Quero concluir meus estudos e ser médica. Estou feliz agora que os Talebans foram embora e posso ir à escola livremente. Também posso ver televisão e assistir programas infantis. Quero estudar e ir à escola. Isso porque, no futuro, quero ajudar meu povo,que é muito pobre. Quero que as crianças de outros países também tenham o direito de ir à escola. O estudo é bom para todas as pessoas. As outras crianças devem ser corajosas como nós, as meninas do Afeganistão, fomos.


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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Aleatório

É difícil escrever nas férias. Aliás, nos dias mais conturbados, com provas, projetos e trabalhos, me dá uma vontade louca de escrever, de tentar esquecer. Esquecer o quê? Não lembro, não sei dizer (começo a acreditar que isso realmente funciona). Esse espaço me faz muito bem e tem revelado coisas que eu ainda não sei se pertencem a mim. Sentimentos emprestados dos vários Thiagos descartáveis que os segundos insistem em matar.
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Uma coisa que eu aprendi é que eu não devo me sentir dono dos textos que eu fiz. Na verdade, não devo me sentir dono porque não o sou, de fato. Quando me vem aquele desejo de apagar alguns textos velhos, que nem combinam mais com meu estado de espírito, baixa uma luz que clareia a razão e me manda parar, dizendo: você não tem esse direito. Os Thiagos do passado, mesmo ausentes, devem ser respeitados. E é bom mater as lembranças. Talvez algum dia eu sinta saudade.
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Você já teve a sensação de ler algum escrito seu e dizer "como isso é ridículo!". E já se sentiu frágil por saber que alguém pode ler aquilo que você escreve. Esses dias eu me vi com medo de algum conhecido ler os meus textos e pensar alguma coisa de mim. Coisa desagradável, é claro. Depois eu pensei "isso é mais ridículo que os textos que eu quis apagar". Que digam, que pensem, que falem.
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Só diversificando, ontem eu cansei do quarto, fui dar uma volta na sala e vi uma cena da novela em que a mãe falava pra filha algo do tipo "minha filha com esse cabelinho colorido, toda moderninha e com esse pensamento velho... sabe o que eu descobri? que eu não tenho preconceito... e eu que me achava careta!". Eu não sei ao certo sobre o que elas estavam falando, mas eu adorei. Esses jovens com tantos penduricalhos, cabelinho arrepiado e/ou bagunçado ou comprido e/ou colorido, camiseta do Che Guevara, do Seu Madruga, enfim... independente do rótulo, qual é a qualidade do produto? Eu digo isso porque eu me vejo tão conservador e moralista às vezes... chega a dar nojo. E eu começo a achar que isso não é algo exclusivo meu. Eu não tenho posses, logo, isso deve ser comum.
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Quando eu tinha uns poucos anos minha mãe cantou uma música que era assim " e joga bosta na Geni, ela é feita pra apanhar..." e eu fiquei horrorizado. Como alguém canta uma coisa dessas? Não acreditava que a música existisse. Na crueldade da dúvida, minha irmã, também perturbada com a afronta da música, foi perguntar pro meu pai se ele conhecia a canção. Pra quê? O meu pai não só confirmou, como cantou todo o trecho "Joga pedra na Geni. Joga bosta na Geni. Ela é feita pra apanhar. Ela é boa de cuspir. Ela dá pra qualquer um. Maldita Geni!". Eu não acreditava e nem sei o porquê disso. Moralismo, talvez. Hoje eu acho tão estúpida a minha incredulidade.
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E eu acho que criança tem que saber de tudo mesmo. Tem que ter as respostas verdadeiras. A gente foi criado naquela coisa de faz de conta, de cegonha, de tv censurada, música dos dedinhos e a conseqüência está ai: Somos uns tapados! Devemos viver em um mundo revelado.
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Mas faz um tempo em que não se fala em revelação, ainda mais em tempos de câmera digital e coisa e tal. Somos todos moderninhos, afinal.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Anfíbio jeito de ser

No início da vida, a maioria das espécies de anfíbios vivem exclusivamente em ambiente aquático dulcícola, e sua estrutura corpórea é semelhante a de um alevino, realizando respiração branquial. A fase jovem, também conhecida como larval, é determinada do nascimento até a metamorfose do anfíbio, que lhe permitirá sair do ambiente aquático e fazer parte do ambiente terrestre quando adulto.


Quando criança, nem pensava em se mudar. A vida era boa, avaliando critérios que ele mesmo criara: os brinquedos, a casa na árvore e os bolinhos de chuva. A bicicleta nova estava por vir no próximo Natal. Assim, não era preciso mais nada. Às vezes era a brisa no rosto, em outras o sol no corpo. A chuva era amiga, porque ele já sabia como jogar bola dentro de casa.

Mas era preciso se adaptar. O corpo era novo a cada dia. As exigências também. Era grande demais para brigar com os primos, pequeno demais para sair sozinho. O mundo era de um tamanho que não servia. Ainda não era jovem, já não era mais criança. A menina chata passou a ser bonita, sem deixar de ser chata. Os brinquedos entraram em desuso.

Depois de um tempo, foi apresentado ao barbeador e à sensação de dormir na hora em que costumava acordar. A noite passou a fazer sentido, enfim. Crianças não entendem muito bem a função da noite. Jovens, sim. A menina chata passou a ser bonita mais uma vez, e interessante também.

O sexo por diversão. A bebida por diversão. As mulheres por diversão. A vida por diversão. O trabalho por obrigação. Coisas de um jovem coração, que acelera por nada e que adora derrapar.

Mas se divertir todo dia passou a ser desconfortável. A rotina da juventude instável trazia tristeza. Era preciso readaptar-se. Dar algum sentido para toda aquela bagunça. Viver uma confusão organizada. Primeiro era preciso conhecer alguém que estivesse na mesma. Conheceu. Depois, era preciso se convencer de que era plausível se casar. Não se convenceu, mas casou-se. Até filhos ele teve. O emprego era bom, o chefe não era. Mas adaptado estava. De uma forma nunca apresentada anteriormente. Vivia bem, segundo critérios criado pelos outros: sucesso nos negócios, filhos formados, viagem ao exterior. Reclamava muito dos filhos, dos corações acelerados, da mania de viver com pressa. Resmungava com todos. Amava-os simultaneamente. Não havia tempo para pensar em si próprio. Mas por que se importar? Vivia enfim em terra firme!

Somos todos anfíbios. Até que a vida prove o contrário.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Não há saudações

trecho de uma carta destinada a uma jovem amante:

... na realidade paralela, em que não havia esposa nem filhos nem formalidades, você me completava. Não por você ser importante. Talvez fosse exatamente o contrário. A sua insignificância me tornava supremo. Ver você ajoelhada aos meus pés implorando alguns tostões despertava em mim a verdadeira grandeza de ser um homem. Mais do que isso, despertava o meu prazer em ser um homem poderoso. Você era uma das minhas posses. Abandono os seus beijos e o seu corpo porque há tantas outras como você no mercado e também porque a vida de pai de família, executivo e jogador de golf me chama. E deste lado, felizmente, não há espaço para as mulheres da sua classe...

amantes nunca ficam em silêncio:

... há tantas outras mulheres como eu rondando por ai, de fato. Mas eu sei que a demanda de vagabundas não atende a todos os velhos vadios que jogam golf no final de semana. Obrigada por ter deixado as minhas contas pagas. Esquecer um homem sujo como você é tão fácil... Talvez não me lembre do seu nome ao postar essa carta. E o "senhor de respeito, casado, com filhos", esquecerá fácil as curvas do meu corpo? ...

amantes são para sempre:

... te vejo mais tarde ...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

18 horas na estrada


Vegetação Urbana de Maringá.
Pantanal Sul-Matogrossense.
Cerrado Matogrossense.
Estou em casa.

sábado, 29 de novembro de 2008

Após o sinal,

diga o seu nome e a cidade de onde está falando.

...

_ Alô, Fernanda?
_ Não, Juliana.
_ Serve também.
_ Hmm...
_ Você procura um amor que goste de cinema?
_ Não, eu procuro um amor que goste de mim.

Fim.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

E quem segura o ponteiro do relógio?

Hoje é meu aniversário. Mas não vou falar do 25 de novembro deste ano. Ele é banal. Eu vou falar dos 20 anos que preenchem a minha vida.



E se hoje é meu aniversário, eu vou falar de quem? Da minha mãe e do meu pai, é claro.

Ela me amou antes mesmo de me ver. A nossa mãe não sabe nada da gente. Isso, claro, antes da gente nascer. Depois que a gente nasce, ela sabe de coisas que a gente jamais imaginaria que ela pudesse saber. Mãe, você é tão inteligente. E você me censura quando eu não estou certo. Inclusive, você é o meu conceito daquilo que é certo. Eu já mordi as suas pernas enquanto você tentava cozinhar pra mim, eu já te arranhei inteira, eu já te machuquei, falei coisas que você não gostou e você me ama mesmo assim. Todo dia. Como pode?? Eu tenho certeza que eu não fui a criança que você gostaria que eu tivesse sido. Mas desde então eu tenho mudado por você, e por todo mundo que me ama. Quando eu penso o quanto é difícil aceitar as minhas limitações eu acabo lembrando que você também deve saber dos meus sofrimentos. E isso deve doer tanto em você. Se eu te perguntar hoje se eu sou o filho que você queria ter, você com certeza irá dizer que sim. Mas, sabe, eu não sou o filho que você merecia. Eu acho que você merece tanto. E eu me perco ao tentar reconhecer se isso é humildade, amor ou verdade. Eu confio tanto em você. Lembra que, quando eu queria um brinquedo, eu falava pra você pedir pro pai, no meu lugar...
E o pai, está na fazenda? Eu sinto tanta falta dele. Eu quebrava todos os meus brinquedos. E ele arrumava. Eu me sentia tão seguro em brincar por causa disso. Se alguma coisa estragava, ele dava um jeito. E até hoje as coisas são assim. Ele resolve tudo pra mim. As minhas contas estão todas no nome dele, as minhas compras também. E a gente é tão parecido... Quando eu era mais novo, eu não entendia as opiniões dele sobre política, religião, trabalho. Deus, hoje eu vejo que as opiniões dele são as minhas. Sem mudar um pingo no "i". Eu achava que ele era tão bravo quando eu era criança. Talvez fosse. Hoje ele está tão mais calmo. Eu também. Pai, se eu fosse mais maduro há alguns anos, eu teria me apaixonado por futebol, só pra gente poder conversar mais.
Eu, tão dependente de vocês, fui escrever um texto sobre mim e não consegui. Mas essas linhas que falam sobre vocês, no fundo, falam sobre mim. Enquanto os românticos gritam, o amor de pai e filho é tão silencioso. Por isso resiste mais. No silêncio a gente percebe melhor a vida. Então, eu resumo estes 20 anos em silêncio, para que permaneçam preservados e para que não atrapalhem a vinda dos próximos anos...
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração...

posses

ser jovem é amar muitas coisas
e não se apegar a nenhuma delas.

sábado, 22 de novembro de 2008

Dicionário Incompleto dos Sentimentos Perdidos

O conceito de amor, como um todo, não pode ser escrito.
O sentimento não pode ser convertido totalmente em palavra.
Mas, uma parte do conceito sempre pode ser expressa, ainda que as falhas sejam inevitáveis.
Amar é deixar o egoísmo na porta, junto com os calçados imundos, antes de invadir a casa.
É deixar de ser inteiro. E passar a ser metade.
Por ser assim, amor não combina com liberdade.
Basicamente, viver é fazer escolhas.
O que, de fato, não é fácil.
O silêncio dos traídos, o canto dos saciados.
Tudo, então, é amor. É sintoma de amor.
E eu, que pensava que não amava, me vejo tomado por você.
Eu compartilho o abstrato, o concreto, o meu medo,
o meu corpo imerso em desejo.
Eu compartilho aquilo que vejo.
Eu não alimento as tuas feras
para que enfim possa ser devorado por elas.
Eu te amo.
Por vezes calado.
Mas sempre te amo.

O mundo tem...

mais de 6 bilhões de pessoas.


É o suficiente para você não se sentir sozinho.
E nem tão importante.

sábado, 15 de novembro de 2008

Will you still love me tomorrow?

Esse amor vai acabar quando você fechar a porta?
...
Amar é ter medo de perder.

Is this a lasting treasure
Or just a moment's pleasure?
Can I believe the magic of your sighs?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
And you say that I'm the only one, the only one, yeah
But will my heart be broken
When the night meets the morning star?

Eu por mim mesmo IV

Eu sou mestiço

Os pais da minha mãe são nordestinos. A minha mãe, espiritualmente baiana, acabou nascendo no Paraná (1). Se eu fosse filho só da minha mãe, eu diria que eu sou descendente de brasileiros. Ora, por que não? O Brasil também faz parte do mundo, tem a sua cultura, tem o seu povo e tem até petróleo.
Mas acontece que eu sou filho do pai e da mãe. Os pais dele nasceram no interior de São Paulo(2), filhos de japoneses. O meu pai acabou nascendo em Maringá. Pelo que você pode notar, ninguém nasceu onde supostamente deveria nascer.
Pau de Arara vem, vai e um dia meu pai e minha mãe se dão conta de que vivem na mesma cidade. Naviraí. Fica no Mato Grosso do Sul(3). Eles trabalhavam na mesma empresa. Meu pai era agrônomo e minha mãe era secretária. Casaram e coisa e tal e um dia a minha irmã nasceu. Os meus parentes dizem que ela era uma criança muito inteligente, falava de tudo, entrava no msn. Opa, essa eu inventei. Dois anos depois, eu nasci. Eu imagino que eu era bem comum. Um neném comum, porque meus parentes nunca falaram nada de mim. Sete anos depois eu tive mais um irmão, e logo a gente se mudou pro Mato Grosso(4). Hoje em dia, eu moro no Paraná(1) e acabei de perceber que eu completei um ciclo de estados. Das idas e vindas, de todos os lugares, a pergunta mais freqüente é:

- Você é mestiço?

Eu sou. Uma mistura de... brasileiro com japonês 'abrasileirado'. Nesses formulários, às vezes ousam perguntar a cor da minha pele, como se isso fosse importante. Perguntar se eu estou bem, se eu fui bem na prova, se me desrespeitaram em algum órgão público, ninguém pergunta... mas, voltando, eu não sei o que responder porque eu sou de uma cor que não tem nome. "Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores". E pouco me importo com a minha cor. Tentam associar a nossa cor com tudo. Principalmente com coisas ruins. Acho que é por isso que eles perguntam. Eles gostam das humilhações cotidianas. Diz ai quanto tempo a gente fica sem ser humilhado? É pisar o pé na estrada pra você ouvir uma coisa que não te agrada. Falam mal da tua cor, do teu povo, da tua visão política, de tudo. Mas no fundo, a gente é muito humilhado porque a gente se define demais. A Clarice Lispector me falou uma vez que só é humilhado quem não é humilde. Eu demorei pra aceitar essa verdade, mas enfim, ela está se concretizando.

Então, de uma forma resumida, eu digo que sou um mestiço tentando ser humilde de verdade.
Ser mestiço, no fundo, é uma forma de não ser.
Ser humilde, também.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

sete vírgulas, uma aposta, nenhum ponto

eu te desculpo por você estar longe
e pelas vezes em que você não sorriu
você pode perdoar a nossa saudade?
me perdoe, mas eu já vou indo
antes de você responder
queria muito te ouvir
mas quem tem tempo
hoje em dia?
sem tempo, sem hoje, sem dia
sem ouvir, sem falar, sem sentir
sem sentido, sem voz, sem grito
é o sussurro do desespero
de não saber viver
é o desconexo
que reflete
em tudo o que eu
escrevo
está no livro que eu
leio
o meu caminho
é o seu passeio
e justo na tarde em que
eu não estava em casa
você veio
o desencontro é um propósito
que diminui a dor
a dor é o medo
a dor de verdade
é um segredo
e os nossos segredos
e a nossa conta no banco
tudo vira um texto
o mais importante
é que tudo pode mudar
e o mais bonito
é que esse texto não
precisa ter um
ponto
final

domingo, 9 de novembro de 2008

O Ted, a Ju e o Thi

1. O Ted

O Ted é o mais novo animal de estimação da Ju.

2. A Ju

A Ju é a mais velha amiga de estimação do Thi.

3. O Thi

O Thi, pelo que parece, sou eu.

4. A informação pertinente

A população de gatos é a segunda maior população de vertebrados de Rondonópolis, ficando atrás apenas dos hipócritas. A mãe do Ted teve muitos filhos, muitos partos e muitos carnavais.

5. Os carnavais

Para os brasileiros, é uma festa popular que acontece uma vez por ano. Porém, para gatos e baianos a coisa não é bem assim.

6. O histórico

Eu nunca gostei de gatos.

7. A surpresa

Eu adorei o Ted.

8. O motivo

O Ted é um amor de pessoa... digo, de gato.

9. A reciprocidade

O Ted também me adorou (por 8 segundos que, por coincidência, é o tempo que o peão deve ficar em cima do touro para tentar ser campeão)

10. O peão

Fica pra uma outra história. Este espaço já está pequeno demais pra mim, pra Ju e pro Ted.

11. A lembrança e a analogia

Quando eu era criança, um gatinho me arranhou. E uma outra vez, a minha vó estava limpando um peixe e deu bobeira. Tinha gato por aquelas bandas. Gato ladrão. A vó ficou danada de brava com o gato. E com todo mundo. Deve ter, em algum momento, descontado a raiva em mim, e eu fiquei bravo com o gato, porque ficar bravo com a vó era pecado (ainda é rs!). Então, passei a não gostar de gato. Passei a odiar milhões de gatos por causa de dois bichos safados. Agora, imagina se ao invés de gatos, isso tudo se passasse com pessoas. Assim mesmo, com gente de verdade. Talvez tenham sido 10 ou 20 ou 30 ou (...) pessoas que já me chatearam na vida (e olha que eu nem tenho muitos anos). Foram muitas vezes. Passei a odiar todas as pessoas do mundo? Não. Passei a odiar as 10 ou 20 ou 30 (...) pessoas infelizes? Melhor não responder (rs!).
A gente sabe a dor que é levar a culpa por coisas que a gente não fez. Que criança nunca foi injustiçada e acabou levando uma bronca ou uma chinelada por causa da arte do outro. Quanto ao mundo dos adultos, eu prefiro não exemplificar.

12. O Perdão

Perdão é uma palavra forte. E não se encaixa bem nesse texto. Vamos à próxima tentativa.

13. A reconciliação

Um gatinho arteiro de olhos azuis fez com que eu me sentisse muito bem. E o melhor, nem pediu nada em troca. O justo é que, se por causa de um gato você passa a odiar todos, basta um gato para que você passe a perdoar todos os outros.

14. A analogia ao avesso


Basta conhecer uma pessoa boa no mundo para perdoar todas as outras?

15. A resposta à pergunta acima

Fica por sua conta ;]




Sobre o que não se pode comprar

Ele não tinha as melhores roupas,
mas sabia do frio que sentiria sem elas nas noites de inverno.
Ele não vivia no país mais justo,
mas para as noites de chuva, havia o teto;
para as tardes de calor, a varanda.
Ele não desfrutou as mais intensas paixões,
mas foi fiel aos pequenos amores.
E nessa vida simples,
com as contas do mês e o sofrimento diário,
ele fez muita gente feliz.

A felicidade é um estado de espírito.
E só.

Ontem...

Eu vi gente diferente
Dançando ao som da mesma música
E, por um jogo de sinais,
a regra era uma só:
viver o momento.
E é assim que deve ser.
Nada dura para sempre.
Nada.

What you want
Baby, I got
What you need
Do you know I got it?
All I'm askin'
Is for a little respect when you come home
Hey baby
just a little bit
when you get home
Mister!
R-E-S-P-E-C-T
Find out what it means to me
R-E-S-P-E-C-T
Take care, TCB

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Eu por mim mesmo III

A Fobia

aquele lugar badalado. muita gente. festa boa. lotado. eu no meio.
eu no meio?
socorro!

...

-tá vendo aquele monte de gente amontoada ali?
-sim!
-então, tô bem longe dali.


___

Próximo Episódio: Eu sou mestiço

Radicais Livres


Cultive-os.

O Ano do Camaleão

Em janeiro ele não pensava em se mudar. Viver pra ele era ter a sensação de tomar banho e não trocar de roupa. Eram dias sem metáforas bonitas.
Em fevereiro o carnaval trouxe mulheres sem compromisso.
Março passou e ele não viu.
Em abril as janelas continuaram fechadas porque a luz do sol poderia revelar uma solidão que o frustraria.
Maio era o mês em que visitaria a mãe. Mas não foi. Mandou um telegrama e tudo ficou bem.
Junho e julho foram indiferentes, velhos caminhos com paisagens ausentes.
Agosto, sem feriados. Em dia de semana uma das mulheres sem compromisso voltou. Ele seria pai.
Em setembro ele queria morrer. Mas outra das mulheres sem compromisso também voltou. Ele seria pai mais uma vez.
Em outubro ele queria matá-las.
Em novembro seus filhos nasceram. Ele não suportava olhá-los.
Em dezembro, ele não conseguia largá-los.

_______by Thi

bom, resolvi expor isso por dois motivos: o título do texto veio primeiro que a história. isso nunca acontece. e o outro motivo... esse texto é diferente dos outros, ele não me emociona. e por incrível que pareça eu achei isso especial. eu escrevi um texto sem estar dentro dele. não sei se isso é possível, mas espero que você me entenda.

domingo, 2 de novembro de 2008

Um texto do passado

Visitei o blog da Ana e encontrei um texto do Max Gehringer [um ótimo texto] e me lembrei que o texto abaixo, também de sua autoria, me acompanhou por um ano inteiro. Estava começando o terceiro ano do ensino médio e o usava como inspiração. Não tenho saudades do ensino médio [perdoe-me a sinceridade], mas desse texto e da maneira como eu me senti quando terminei de lê-lo pela primeira vez... sinto a tal saudade daquilo que eu já fui um dia [um dia desses, não muito longe de
hoje]!

O que é... ontem


É um tempo em que as palavras 'sonhos' e 'planos' são sinônimos perfeitos

Ontem, por mera coincidência, revi uma pessoa que não encontrava há muito, muito tempo. Nosso último contato aconteceu ainda nos bancos escolares, quando ela e eu tínhamos 14 anos. As lembranças daquela época foram surgindo aos poucos, meio fora de foco no princípio, mas não demorou para que trouxessem de volta algumas histórias que ficaram esquecidas em páginas do passado. O que mais me chamou a atenção nesse encontro é que aquela pessoa conservava os mesmos traços, o mesmo sorriso despreocupado, o mesmo brilho no olhar. E, principalmente, a mesma atitude de desafio perante as dificuldades da vida -- dificuldades que, naqueles tempos, davam a impressão de que seriam facilmente superáveis, quaisquer que viessem a ser. Então, parei um momento para refletir.

Ao contrário dela, eu havia mudado bastante. Tornei-me um pouco mais cético, bem mais cínico, muito mais desconfiado e, confesso, tive mais decepções do que imaginava que viria a ter. Aquela pessoa e eu, há tantos anos, tínhamos exatamente os mesmos sonhos. A maioria deles, hoje eu sei, era irrealizável por natureza. Lembro-me, por exemplo, que eu queria aprender a ler pensamentos. Queria voar por minha própria dinâmica, como se tivesse asas. E acreditava, com absoluta convicção, que seria capaz de fazer essas e muitas coisas impossíveis. Porque eu não apenas tinha o tempo a meu favor, mas tinha principalmente aquela saudável falta de medo, típica da juventude, que nos faz acreditar que o mundo em essência é simples e que os adultos vivem engajados em uma monumental campanha para torná-lo cada vez mais complicado.

Trabalhar, por exemplo. O que poderia ser mais fácil do que entrar em uma empresa, fazer novas amizades, ter grandes idéias, ser reconhecido e promovido, viajar pelo mundo inteiro e, ainda por cima, ganhar muito dinheiro? E o melhor de tudo era que, com o talento que eu acreditava ter, todas essas coisas aconteceriam em questão de dois ou três anos, no máximo. Hoje eu sei que não é bem assim, mas hoje é hoje. É por isso que é bom encontrar alguém que nos transporte de volta para ontem, quando as palavras "sonhos" e "planos" eram sinônimos perfeitos. É em momentos assim que a gente pára e faz um balanço da vida, para perceber que não perdemos oportunidades; o que perdemos foi boa parte da confiança que tínhamos em nós mesmos. E aquela pessoa estava ali, bem na minha frente, para comprovar isso.

Então, fechei o álbum de fotografias. A pessoa que eu havia encontrado após tanto tempo era eu mesmo, num retrato quase esquecido. A foto me lembrou que, um dia, eu já fui alguém mais corajoso e bem mais confiante do que sou hoje. Aquela pessoa que fui enxergava o mundo como uma ampla avenida, em que as luzes de todos os faróis estavam sempre verdes. E a pessoa que eu me tornei passou a se concentrar mais nas ruas sem saída. Não deixa de ser irônico pensar que estudamos tanto e aprendemos tanta coisa apenas para, um belo dia, perceber que nossas dificuldades presentes não são o resultado do muito que conseguimos nos tornar: elas são a conseqüência do pouco que deixamos de ser.

Revista Você S/A Edição 78 - Janeiro de 2005

sábado, 1 de novembro de 2008

Saiba: todo mundo foi neném...


Ha Ha, o adesivo do Collor é só um detalhe.
Onde você estava em Agosto de 89?
Bom, eu estava em cima do fusca do vô, ou do pai, não sei quem era o dono.
O Fusca foi embora, a cerca também. Sobrou só eu mesmo ^^

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Corpo a Corpo

e naquela confusão de pernas, braços e abraços,
onde estava o sentimento?
em algum canto do quarto,
protegido,
distante,
perdido.

O Romântico

Você pra mim é um sonho.
Desses, que a gente só precisa acordar pra esquecer.

Eu por mim mesmo II

É egoísmo escrever um post inteirinho só sobre mim?
Acho que é, né?
Ah, então não vou escrever mais não =S

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ciclo do esquecimento

ainda não é tarde.
eu tenho tempo pra te dar um motivo
você tem o mesmo tempo pra inventar uma desculpa
minha mãe tem tempo pra me dar um conselho
meu pai tem tempo pra me falar das notícias
minha irmã tem tempo pra ler a revista
meu irmão tem tempo pra falar ao telefone
ainda não é tão tarde
você tem tempo pra perceber que está sozinho
eu tenho tempo pra sentir que estou te esperando
minha mãe tem tempo de olhar pela janela
meu pai tem tempo pra falar sobre a chuva
minha irmã tem tempo pra provar aquela roupa
meu irmão tem tempo pra deitar na rede
e mesmo que amanheça
e você desapareça
ainda não é muito tarde
a minha mãe continua me dando conselhos
meu pai continua com aquelas notícias
minha irmã continua com aquelas roupas
meu irmão ainda está ao telefone
tudo continua existindo
mesmo sem você por perto
a minha vida parece com aqueles cds riscados
algumas faixas já não tocam mais
mas eu, por vezes, insisto
as canções ficam para trás
junto com você
e qual é o tempo para te esquecer?
o tempo de uma música?
o tempo de um filme? um curta, quem sabe?
o tempo de escrever um texto?
então, deixe-me ouvir uma música,
ou ver um filme, um curta, quem sabe?
e, tentando te esquecer
talvez eu descubra algo melhor para se fazer.
enquanto isso,
minha mãe tem tempo de olhar pela janela,
meu pai tem tempo pra falar sobre a chuva...


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

sobre os posts abaixo:

o que eu tô falando?
o que eu tô fazendo aqui?
em um texto fica a impressão de que eu sou o cara mais solteiro do mundo,
no outro, parece que tem alguém me ligando.
a realidade?
não há.

sei lá!

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui eu não sou de Marte

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

por horas e horas e horas

porque meu coração dispara quando vem o seu cheiro
dentro de um livro
dentro da noite veloz

quando você liga pra dizer que me ama, eu me sinto tímido. feliz, mas tímido. eu espero o telefone tocar mais de uma vez. eu sinto o coração acelerar. então eu atendo.

o resto?

o resto você já sabe.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Nova música velha!

. essa música existe há tempos. sempre ouvia, mas não achava nada demais. só que hoje eu percebi que ela é especial pra mim e me inspira coisas novas. se a música é velha, então o sentimento é novo. será isso?


Quis evitar teus olhos, mas não pude reagir
Fico à vontade então...
Acho que é bobagem
A mania de fingir
Negando a intenção
Quando um certo alguém cruzou o teu caminho
E te mudou a direção ...

Chego a ficar sem jeito, mas não deixo de seguir
A tua aparição
Quando um certo alguém desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar!

... além do que se vê


O Homem desceu da montanha e me disse:

- Thiago, eu te via lá de cima e você parecia tão triste. Agora que estou te vendo de perto, eu descobri que meus olhos estavam errados.


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O diálogo

- Você me ama?
- ...

O gosto amargo do silêncio sempre me faz lembrar da sua resposta. Ou da inexistência dela.

domingo, 19 de outubro de 2008

. faz de conta que ainda é cedo .

Domingo é o dia em que eu mais sinto falta de casa. Era dia da amargura coletiva. Meu pai dormia no quarto, minha mãe dormia na sala. Meu pai levantava logo. Eu ficava no computador vadiando. Ou então minha irmã pesquisava alguma coisa, ou vadiava também. Eu e a minha irmã ficávamos no mesmo quarto. Meu irmão jogava videogame ou via o jogo. Depois ia parar todo mundo na sala. A gente via as videocassetadas, um pouco do Fantástico. Às vezes meu pai via um filme de faroeste na tv fechada, mudava de canal toda hora... tudo isso pro desespero da minha mãe.
O jantar de domingo de cada um era independente. Eu comia pão com alguma coisa, meu pai também. Alguém esquentava alguma coisa do almoço. A gente almoçava tão tarde que tinha dia que nem dava fome à noite. Meu pai só ia dormir depois que acabasse aquela sessão de filmes ruins que passa depois do Fantástico. Minha mãe dormia de novo na sala. Eu ficava meio na sala, meio no quarto. Cansava do quarto. Ia pra sala e deitava no tapete, com algumas almofadas. E depois a gente ia dormir de verdade. Dormir de verdade é quando você dorme num dia e acorda no outro. Só os mortos e os jovens não sabem o que é isso.
Esse texto que eu acabei de escrever é tão trivial, mas é a minha verdade. Eu vou batizar de "verdade do domingo".



sábado, 18 de outubro de 2008

Eu por mim mesmo I

Tive a idéia de criar uma coletânea de posts que falem exclusivamente de mim. A pergunta é: quanto tempo essa idéia vai durar? A resposta é: não sei. Bom, então esta é a primeira coisa que eu te digo sobre mim: quando você me perguntar algo, mesmo que eu saiba a resposta, a minha primeira reação é dizer "sei lá", "não sei" ou repetir a sua pergunta, inserindo um "será" no começo da frase. Exemplos:

_ Thiago, você sabe qual exercício é pra entregar?
_ Não sei.
_ É pra terça?
_ Sei lá.
_ Tem que digitar?
_ Será que tem que digitar?

Outra coisa. Eu às vezes começo a contar alguma coisa que aconteceu comigo e paro na metade. Sei lá, me dá uma preguiça de terminar de falar. Às pessoas ficam um pouco irritadas e vêm com aquele "começou, agora termina". Não adianta, eu não termino.
Eu tenho uma fobia. Na verdade não é bem uma fobia, é uma... nossa, tô com uma preguiça de terminar esse post. Bom, acabou por hoje. E olha que eu tinha tanta coisa pra falar de mim [nem tinha]. Bom, a fobia fica pro próximo capítulo então. Mil beijos.

O Castanheiro

Os palpites de Thiago

Tô com saudade de você
Debaixo do meu cobertor
E te arrancar suspiros
Fazer amor
Tô com saudade de você
Na varanda em noite quente
E o arrepio frio
Que dá na gente
Truque do desejo
Guardo na boca
O gosto do beijo...


Amanhã vai chover?
Bom, dentro de casa não chove
(pelo menos não nesta casa).
Esse palpite é seguro.


O amor pode acontecer
De novo prá você
Palpite!...
(Esse palpite já não é tão seguro)

//Vanessa Rangel feat. Thiago ;]]

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

a história do menino.

O menino, que vivia no mundo dos corações perecíveis, estava com um baita problema. Esqueceram de gravar em seu coração a data de validade. Todo mundo tinha, menos o menino. Logo, o menino amaria para sempre. Ele tentou falar pra mãe, mas a mãe não levou a sério. " O menino tem essa mania de achar problema em tudo", disse a mãe. Tentou falar pro pai, mas o pai via o jogo na TV, e nunca o menino atrapalhava o pai nesse momento. Uma vez atrapalhou, mas o menino levou tanta chinelada que hoje em dia ele nem respira perto da tv em dia de jogo.
E foi assim que esqueceram de gravar no coração do menino a data de validade: aquele ano era ano de Copa. Aquele dia, era dia de jogo do Brasil. O pai do menino quase teve um ataque dos rins quando teve que largar a tv para levar a mãe do menino para o hospital. O médico tirou o menino de dentro da mãe e voltou correndo pra salinha da tv, junto com o pai do menino. E deu nisso, o menino estava condenado a amar todo dia.
O menino amava tanto e sem parar que um dia o pai e a mãe levaram o menino pro médico (na verdade, levariam o menino antes, mas justo no dia teve jogo das eliminatórias da Copa, dai o pai não levou o menino). O médico examinou aqui, ali... O menino respirava aqui, ali. O médico não sabia o que o menino tinha. "Virose", disse então. Deitaram o menino na cama. Por meses. Mas o menino não sarava da tal doença.
O menino amava o cãozinho, amava os irmãos e até os primos. O pai colocou o menino pra ser juiz de futebol. Mas não deu certo porque o menino era justo demais. Aquilo deixava o pai irritado demais. A mãe levou o menino para ser coroinha. O menino era um anjo. Então não deu certo, a mãe pensou que o menino estava competindo com Anjo Gabriel só pra deixar a avó irritada. Tirou o menino da igreja. "Não há nada que dê jeito no menino", disse a avó. Na escola, o menino não passava de ano. Motivo: amava demais a professora. Não queria mudar de turma. Solução: falaram pro menino que se ele passasse de ano a professora iria junto. O menino passou de ano, a professora não foi junto. Machucaram o menino desse jeito. Na verdade, machucaram o menino muitas vezes. O que mais machucava o menino era saber que ele amava, mas as pessoas que rodeavam o menino amavam com limitações. Assim sendo, não amavam. Ao mesmo tempo que o menino foi condenado a amar, ele foi condenado a sofrer. O menino foi ficando triste, e seguiu triste até que um dia o menino acordou bem. Estava feliz, estava como todos os outros.
Mas de repente, o menino puxou o cabelo da prima, grudou chiclete na calça do pai e xingou a mãe. Surpresos, levaram o menino no médico. "Virose", disse o médico mais uma vez.
O menino percebeu então, com os dias, que ele também estava amando pela metade. Ele estava curado. O menino descobriu então que o seu coração já não era imperecível. O menino ficou triste, afinal amar era uma coisa boa. Mas o menino percebeu também que ele tinha deixado de sofrer tanto.
O menino cresceu e descobriu que para deixar de sofrer, as pessoas abrem mão de amar. Amar de verdade. O prazo de validade brotou no coração do menino no exato momento em que ele se tornou um homem.
O sonho do menino era ser uma árvore com muitas frutas doces. O sonho do homem é ser lenhador. Crescer, às vezes, significa sacrificar. Sacrificar sem necessidade de sacrificar.
Por que? Ora essa, matar é mais fácil do que cultivar.

//Thi

do livro que eu terminei de ler agora pouco

Honestamente, eu não sei escrever alguma coisa que realmente mostre o quanto eu gostei desta curta história. Digitei, apaguei. Então desisti. Seja cúmplice você tbm ;)p

- Santiago, filho - gritou-lhe - o que houve com você?
- Me mataram, querida Wene - disse.
Tropeçou no último degrau, mas se levantou imediatamente."Teve até cuidado de sacudir com as mãos a terra que ficou em suas tripas", disse-me tia Wene. Depois entrou em sua casa pela porta dos fundos, e desabou de bruços na cozinha.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

+ do filme que eu vi hoje!


- Eu te acordei?
- Sim. O que aconteceu?
- Eu decidi desistir de olhar para o passado. Deixei tudo para trás. Agora tenho que olhar para meu futuro. Chega de fugir. Eu vou crescer.
- O que causou isso?
- Eu retomei minha razão.
- Eu vou voltar para a cama.
- Eu te amo Alice.
- O que você disse?
- Eu disse 'vamos jantar hoje?'.
- Eu não posso hoje. Que tal amanhã?
- Certo... Alice, eu te amo.
- O que?
- Podemos comer risoto com cogumelos.
- Certo, te vejo.

De um filme que eu vi hoje!


- Fala sério! Você já conseguiu ser amigo das garotas com quem você dormiu?
- Não tenho certeza.
- Deixa rolar.
- Quem sabe, se eu encontrar Charlotte um dia nós podemos nos tornar amigos.
- Não, se você encontrar com ela, você irá pensar em levá-la para cama.
- No geral você está certa. Você é a minha única amiga mulher.
- Porque nunca dormimos juntos.
- Eu não me importo...

manifesto

When I was a kid I used to pray every night for a new bicycle.
Then I realised God doesn’t work that way, so I stole
one and prayed for forgiveness


by Emo Philips

A Notícia em Primeiro Lugar

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Resposta a perguntas freqüentes:

Como saber se sou adolescente ou adulto?

O adolescente escreve sobre o que ele quer ser.
O adulto escreve sobre o que ele não foi.

Cuidado, há meio-termo. Eu que o diga.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Meu caminho é meio perdido

mas que perder seja o melhor destino.

A minha vida está perdendo a hora.
Chego pra aula atrasado, durmo tarde, atraso o pagamento da conta,
deixo os pedidos de desculpa pra depois e as explicações pra mais tarde.
Quando vejo, hoje já é amanhã. Os acontecimentos me atropelam
antes que eu possa tomar conhecimento de alguma coisa.
Ou o mundo está girando muito rápido ou eu estou vivendo muito devagar.
Mas sigo vivendo, ao menos.

Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua.

domingo, 12 de outubro de 2008

Estamira I

"A minha missão é revelar''
"O lixo é resto e descuido"
"Adoro isso aqui. A coisa que mais adoro é trabalhar"
"Eu não tenho raiva de homem nenhum. Eu tenho dó"
"Vocês não aprendem na escola. Vocês copiam"
"Copiar hipocrisias e mentiras"
"Escravos disfarçados de libertos"
"A minha depressão é imensa"

Hoje eu tive a felicidade de conferir este documentário. Mais uma oportunidade de rever nossos conceitos. A realidade é um lixo? E a lucidez, é loucura? Tendo como cenário um lixão carioca e como porta voz uma catadora de lixo com muitas histórias de luta e sofrimento para contar, o filme mostra que a hipocrisia e a mentira têm o poder de nos tornar cegos diante dos problemas sociais. Loucura é dizer tudo aquilo que se pensa. Uma dose de verdade, para aqueles que a procuram.
Um filme que você nunca vai ver na Globo. Ou seja, compensa muito assistir.

Estamira II


O filme Estamira revela antes de mais nada o respeito à escuta do outro, do diferente, do estranho. Estranho que, entretanto, nos é familiar de alguma forma. Como não admirar - e concordar - com a frase dita por uma doente mental crônica segundo a qual "não existem mais ´inocentes´, mas sim ´espertos ao contrário´ " ?

Em uma cidade, um estado e um país mergulhados num sufocante lixo ético, o "lixão" de Gramacho, nem tão longe da decantada "Cidade Maravilhosa", se transforma numa metáfora deprimente do estado a que chegamos. Com humor que nos atenua as dores intoleráveis, o "Barão de Itararé" assim chamava o "Estado Novo" getulista: o estado a que chegamos. Como chamar o atual estado de coisas a que chegamos?

Não nos iludimos achando que os inúmeros traumas e vicissitudes pelas quais passou a personagem real que dá título ao documentário de Marcos Prado teriam sido "a causa" de sua doença mental. Sua mãe também necessitou de tratamentos psiquiátricos. Uma tendência desfavorável já a acompanhava geneticamente. Mas sua história de vida (que o filme vai desvendando aos poucos), sua especificidade e sua subjetividade - única e irreproduzível - estão inscritas em seus delírios, alucinações e modo de estar no mundo. Nada é gratuito, tudo é revelado, desvelado ou re-escrito na forma de Dona Estamira se apresentar. Seu discurso pode chegar a formular lições de sabedoria, mas, antes de tudo, expõe sua percepção peculiar de si mesma e do mundo em que nos encontramos: delirante e sábia, confusa e cristalina, atordoante e provocadora de reflexão.

Luiz Fernando Gallego

Estamira III


MISSÃO

A minha missão, além d’eu ser Estamira, é revelar a verdade, somente a verdade. Seja mentira, seja capturar a mentira e tacar na cara, ou então ensinar a mostrar o que eles não sabem, os inocentes… Não tem mais inocente, não tem. Tem esperto ao contrário, esperto ao contrário tem, mas inocente não tem não.

ABSTRATO

Eu Estamira sou a visão de cada um.
Ninguém pode viver sem mim. Ninguém pode viver sem Estamira. E eu sinto orgulho e tristeza por isso.
A criação toda é abstrata. O espaço inteiro é abstrato. A água é abstrato. O fogo é abstrato. Tudo é abstrato. Estamira também é abstrato.

TRABALHO

Foi combinado alimentai-vos o corpo com o suor do próprio rosto, não foi com sacrifício. Sacrifício é uma coisa, agora, trabalhar é outra coisa. Absoluto. Absoluto. Eu, Estamira, que vos digo ao mundo inteiro, a todos, trabalhar, não sacrificar.

DEUS

Que Deus é esse? Que Jesus é esse, que só fala em guerra e não sei o quê?! Não é ele que é o próprio trocadilho? Só pra otário, pra esperto ao contrário, bobado, bestalhado. Quem já teve medo de dizer a verdade, largou de morrer? Largou? Quem andou com Deus dia e noite, noite e dia na boca ainda mais com os deboches, largou de morrer? Quem fez o que ele mandou, o que o da quadrilha dele manda, largou de morrer? Largou de passar fome? Largou de miséria? Ah, não dá!

TERRA

A Terra disse, ela falava, agora que ela já tá morta, ela disse que então ela não seria testemunha de nada. Olha o quê que aconteceu com ela. Eu fiquei de mal com ela uma porção de tempo, e falei pra ela que até que ela provasse o contrário. Ela me provou o contrário, a Terra. Ela me provou o contrário porque ela é indefesa. A Terra é indefesa.
A minha carne, o sangue, são indefesos, como a Terra; mas eu, a minha áurea não é indefesa não. Se queimar o espaço todinho, e eu tô no meio, pode queimar, eu tô no meio, invisível. Se queimar meu sentimento, minha carne, meu sangue, se for pra o bem, se for pra verdade, pra o bem, pela lucidez de todos os seres, pra mim pode ser agora, nesse segundo, e eu agradeço ainda.

fonte: site oficial

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Good Morning Life


Na verdade hoje é seu aniversário, e eu nem sei o que te dizer. Eu fico feliz por você. Só que fico feliz de verdade. Eu tenho tanta saudade. Mais do que você imagina. Às vezes penso que se eu soubesse o quanto seria difícil ficar longe de você e de todo mundo que eu gosto, eu não teria me mudado. Você não é mais tão criança para fazer certas coisas. E não é tão adolescente pra fazer outras. É disso que eu mais me lembro quando eu tinha a sua idade. E sei o quanto é difícil entender esse mundo tão confuso em que a gente vive. Espero que você também esteja feliz, porque eu quero te ver sempre assim. E se eu pudesse te deixar um presente que durasse para sempre, eu te deixaria a minha paz. Quando você nasceu eu tinha sete anos, e foi muito diferente pra mim porque as coisas mudaram muito rápido. E você é tão importante, que eu quase não lembro das coisas que aconteceram antes de você chegar. Eu me arrependo das vezes em que a gente brigou, das mentiras e de outras coisas ruins que acabaram acontecendo, coisas que eu fiz e que te deixaram triste. Espero que eu tenha alguma coisa pra ensinar pra você. E se é assim, o que eu diria pra você é que cada vez mais eu percebo que eu sempre tive tudo, mas eu nunca percebi. E hoje eu sei que é muito bom ter irmãos, porque eu não me imagino sem você. Amor incondicional existe. Eu sei.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mais feliz!

O nosso amor não vai parar de rolar
De fugir e seguir como um rio
O nosso amor não vai olhar para trás
Desencantar, nem ser tema de livro
A vida inteira eu quis um verso simples
P'ra transformar o que eu digo
Rimas fáceis, calafrios
Fure o dedo, faz um pacto comigo
Num segundo teu no meu
Por um segundo mais feliz

/ Dé/ Bebel Gilberto/ Cazuza

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A melhor frase do dia:

"amar é reconhecer-se incompleto"
Guimarães Rosa


Li isso numa revista, Discutindo Literatura. Ótima revista.
O dia hoje foi ótimo. Misto de Literatura com Eng. Química.
E, mesmo incompleto, uma vez que amo, eu me senti bem.
Que mania é essa que eu tenho de misturar as coisas?
Mania que se reflete em tudo o que eu faço.
Não é necessariamente ruim. Não é conceitualmente bom.
O mundo hoje se mostra dessa maneira:
você tem várias opções, mas só pode escolher uma.
Um mundo com milhares de portas. Milhares de portas trancadas.
Você me entende?
E o pior é que este é um mundo que, mesmo sendo imperfeito,
não te dá o direito de errar.

Brigar pra quê?
Se é sem querer
Quem é que vai nos proteger?
Será que vamos ter
Que responder
Pelos erros a mais
Eu e você?

sábado, 4 de outubro de 2008

Da fila do mercado

a moça mal vestida me mostrou três coisas:

  1. O mundo é transparente, mas eu sou cego
  2. Se o dia de viver é hoje, o amanhã pode esperar
  3. Em tempos de amor escasso, proteja-se quem puder


A inspiração de hoje veio justamente da fila do mercado. Às 10 horas da noite. Sábado. Sai com um amigo, jantei, fiz trabalho (não necessariamente nessa ordem) e lembrei que caso não fosse ao mercado não teria nada em casa para o domingo. Fiz uma compra pequena, porque domingo eu acordo depois do almoço justamente para não precisar prepará-lo.

Na minha frente na fila do caixa havia uma moça vestida loucamente. Assim: mulambenta. Não sei nem soletrar São Paulo Fashion Week já que sou um zero à esquerda quando o assunto é moda. Mas a moça era uma mistura de hippie com cigano com galo de briga com alguém que acabou de acordar.

Quando ela colocou a suas compras na esteira do caixa eu percebi que havia muitos legumes, frango e um pacote de camisinhas. Havia frango e um pacote de camisinhas. Havia um pacote de camisinhas! E ainda por cima estava escrito “Jontex, embalagem econômica”. Eu falei pra mim mesmo “Thiago, faz cara de que não viu a camisinha”. Mas parece que quando você faz cara de que não viu a camisinha você fica com cara de que viu a camisinha.

Enquanto eu flertava a camisinha, a moça mal vestida tirou da bolsa a sua carteira (também mal vestida) e deixou cair duas moedas. Uma ela recolheu. A outra eu peguei e devolvi a ela, que logo disse:

- Obrigada.

E o que esta palavra de oito letras tem a ver com o resto da história? Esta palavra foi pronunciada de uma forma calma e doce que até parecia dublada. Só que mais do que isso, essa palavra me desconsertou. Imagine você que a moça mal vestida me convenceu com uma só palavra que ela era boa, educada e instruída. Coisa que muita gente, com discursos de extensões políticas não consegue fazer.

O pior (ou melhor), querido leitor, é que mostrando ser educada e livre, a moça mal vestida fez com que eu parasse de olhar para ela e começasse a olhar para mim. “Thiago, você que se diz aberto para novas idéias, que coloca o moralismo na lixeira e o orgulho no ralo, que diz sempre pensar duas vezes nos assuntos, compreensível e receptivo à diversidade de cultura e pensamento... e veja só, justo você com esse pensamento bobo e atrasado sobre sexo!”

Pois é, justo eu. Aquilo pra mim era uma cena de filme: eu com cara de camisinha envergonhada, a moça mal vestida, o frango, os legumes, a própria camisinha e uma trilha sonora dos anos 70. Isso! Tocava uma música muito boa e de repente eu voltava pouco a pouco a ser eu mesmo. Sim, eu sou aquele velho condenado com as novas idéias de liberdade.

E pensei também em como o mundo seria melhor se todos fossem iguais à moça mal vestida. Porque a moça mal vestida compra camisinha e não se importa se uma cambada de tontos fica olhando. A moça mal vestida tem sempre os pés no chão, mas sabe que pode voar. A moça mal vestida é coisa rara e preciosa, diferente da leva de vadias que escondem a falta de pensamento com roupas da moda e jóias caríssimas.

Por que eu escrevi esse texto? Primeiro, é um pedido de desculpas à moça mal vestida pelo meu modo cego de ver as coisas. Segundo, para dizer que a moça mal vestida é uma mulher linda e inteligente, um exemplo a ser seguido, Terceiro, pra dizer que pra mudar basta estar vivo. Eu estou falando de mudança de opinião, de postura, de pensamento e atitude. Ao viver essa situação, penso que eu mudei. Você pode fazer o mesmo às vezes?

E pra finalizar, eu escrevo esse texto pedindo para que você se proteja. Em todos os sentidos.

Proteja-se.

Liberte-se.

Para verdadeiras descobertas, não peça novas paisagens, peça novos olhos.

Então, pra nós, um hoje mais feliz.

Mil beijos.

E com alguns quilos de moralismo a menos, sigo vivendo.