domingo, 28 de março de 2010

E só

Às vezes pra escrever a gente precisa de um conflito. E eu tenho encontrado uma paz muito grande ultimamente. Aleluia. É aquela sensação leve de existir. Acho que tive, por muito tempo, preocupações maiores que eu. Só que eu cresci. Fiz meu coração esperar. Foram horas difíceis. A gente precisa mesmo é de tempo pra ver que os nossos problemas não são os maiores do mundo. A gente tem que ligar o som e curtir. Tem que estudar, tem que ler. Tem que ficar perto dos amigos, da família. Tem que mandar mensagem de texto, e-mail, carta, sinal de fogo. Tem que dançar junto. Tem que ser verdadeiro. Tem que evitar as pessoas ruins, porque elas estão por toda a parte. Não temos que ter uma fé imensa no mundo, não. A gente tem é que proteger o nosso coração. Tem que insistir quando for necessário. E se não for o momento certo, a gente tem que abrir mão. A gente tem que compreender, sem ter a necessidade de apoiar. A gente tem que ter o coração aberto pra quem quiser entrar. E só.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Um milhão de vezes

Hoje eu dei o primeiro passo para uma decisão muito importante. Eu vou ajudar voluntariamente um cursinho. E isso me mostrou o quanto sou inseguro e o medo que sinto ao pensar que posso fracassar. Repito o que sempre digo: queria uma previsão correta. Depois de preencher a ficha de participação eu fiquei trêmulo, eu fiquei com os olhos cheios d'água, eu fiquei feliz, eu fiquei preocupado.
Acho que esta foi uma das poucas vezes em que me coloquei à prova. E, por Deus, eu não quero perder desta vez. Eu quero abrir a cortina que me impede de ser especial para os outros. Eu acho que tenho muitas qualidades, mas sou introspectivo. Não porque sou tímido, não porque sou quieto, mas começo a achar que é um tanto de egoísmo sim. Mesmo que não dependa de mim, às vezes eu prefiro me render, não me doar - voluntariamente um perdedor.
Por mais que diga a mim mesmo "Larga mão, é só uma monitoria", eu sei que isso é só pretexto pra sumir com a insegurança.
Talvez isso não seja um fato consumado, mas às vezes acho que não me sinto confortável dentro de mim. Talvez porque eu não caiba.
Sinto que às vezes eu tenho que me perdoar por eu me trair tanto. Aquilo de querer fazer algo e ao mesmo tempo impedir o movimento.
Assim que entreguei a ficha para a secretária ela me disse "Pra matemática, muita gente procura ajuda na monitoria" e eu disse "Meu Deus... mas eu sou bom". E eu sou mesmo. Nem mais nem menos que ninguém. Apenas bom. À minha confusa maneira.
E eu imploro às forças do universo que a minha estrela brilhe e que eu possa ser realmente bom.
Eu sou bom. Invencivelmente bom. E o que quer que aconteça, eu vou me amar mais por ter buscado algo melhor para mim. E que ainda pode ser bom para outras pessoas.
Um milhão de vezes mais feliz.
Um milhão de vezes mais corajoso.
Um milhão de vezes mais perto daquilo que eu sonho ser.

menos de um segundo e eu já perco o ar

domingo, 14 de março de 2010

Uma rosa e uma azul

Quando abriu os olhos e se viu parte do mundo teve vontade de chorar. E chorou, porque o médico deu um tapa com toda a força - do mundo. Nos primeiros anos a vida parecia perfeita. A represa, o restaurante, o zoológico em miniatura, muitos carrinhos e de vez em quando bonecas - por que não? Tinha uma irmã mais velha que às vezes tinha que brincar sozinha. E a gente abre mão das coisas pra acabar com a solidão. Mas não gostava de brincar com ele porque ele só queria saber de quebrar as pernas das suas bonecas. Então passavam a brincar de carrinho pra ver se a destruição era menor. Engraçado que em uma certa ocasião viu uma outra mãe censurando o filho por ter pego uma boneca. E pensou na sua mãe dona de casa e do tanto que ela não ligava pra essas coisas. Podia brincar do que fosse, podia não saber andar de bicicleta, podia dançar e cantar o que quisesse. A mãe dele era muito boazinha - palavra que ele amava. Se algum amiguinho ficava com medo de entrar no quintal para brincar ele logo falava: a minha mãe é boazinha. Ele amava todo mundo que era bonzinho. Porque tinha um medo danado de levar bronca, de cara feia, de tapa. Adorava quando o pai chegava do trabalho com um pão de queijo enorme. Comia só metade. A irmã ia pra escola e escondia o material embaixo da cama pra ele não estragar. Um dia ele achou e pensou que não tinha dono. Foi mostrar pra irmã o que tinha acabado de achar e dizer que também poderia ir pra escola com ela. Mas não podia. Chorou tanto. No outro dia o pai comprara duas lancheiras. Uma rosa e uma azul. Uma pra irmã e outra pra ele. Mas ele ainda estava chateado e acabou jogando a pobre da lancheira contra a parede. E como se arrependeu depois ao ver a lancheira novinha e quebrada. Talvez tenha sido a primeira vez em que quis voltar no tempo. Mas como o tempo não regrediu, a sua passagem fez com que ele fosse perdoado. E desejou muitas vezes depois.

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram

sábado, 13 de março de 2010

Fragmentos da 10ª Semana do Ano

1º - Como a realidade pode ser engraçada:
Acabei de ver na novela uma cena em que um dos personagens solta um rojão na favela e todos os convidados da festa pensam que é tiro. Eu ri muito no sofá. Mas depois eu percebi como eu sou mau.

2º - Show da Ivete na sexta:
Como aquela desnaturada faz valer a pena mais de 9 horas em pé e/ou pulando, da espera pela abertura dos portões até eu encontrar um táxi para voltar pra casa? Isso que é ser para o que nasce. Abençoada seja.

3º - Porque às vezes a gente se arrepende:
Fica o dito pelo não-dito, o não-dito pelo dito e o pior de todos: o dito pelo dito: que é quando levam muito ao pé da letra o que a gente fala, vira uma confusão e salve-se quem puder.

4º - Quando você tem vontade de @##!$ do nada:
E saiba que @##!$ é algo BEM quente.

5º - Quando você percebe que estava errado (ou quase):
Subestimei a inteligência de uma pessoa que estuda comigo. Depois vi que essa pessoa é muito esforçada.

6º - Pensei, mas não fiz:
Dentista, academia, Autocad, monitoria pra cursinho. Espero ainda ter tempo.

7º - Paineira e outras inspirações:
Uma daquelas coisas bonitas que nem todos os dias a gente percebe. É uma árvore linda que melhora a paisagem da janela durante as aulas de Introdução à Engenharia Bioquímica.

8º - De um celular quase perdido:
Mas não estava. Apenas esqueci na casa do amigo. Descobri quanto um celular pode fazer falta. E como um amigo pode ser tão especial.

9º - Um (quase) parente em uma casa de cópias:
Imprimo trabalhos e apostilas lá desde 2008 e acabei descobrindo só nesta semana que eu sou primo dos filhos do atendente do local. Que loucura! Ele me fazia perguntas tão precisas, do tipo "seu pai trabalha em MT, sua tia mora no Oásis, seus avós em SP"... Por um instante pensei que eu fosse famoso. Fica pra próxima.

10º - Concurso:
Fazer ou não fazer (sem estudar). Tudo fica tão mais difícil quando não estamos focados em um teste com uma concorrência de 5000 por vaga. Estranho isso.

sábado, 6 de março de 2010

Para sempre até o amanhecer

Quando abriu a porta e deu de cara com a cama vazia pensou ser um sonho. Mas não era. Deu graças a Deus e saiu. Existia uma vaga em seu quarto. Ele queria fazer a seleção. Então pensou que não. Voltou para casa e viu como era gostoso rolar a noite inteira pela cama imensa e dormir com dois travesseiros. E vive feliz. Para sempre até o amanhecer. Mas nunca se esquece do quarto de hóspedes. Com cama de solteiro, é claro. Mesmo com o par de taças, o brinde é de um só. Viva a solidão estável.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Não pôde tê-la mas foi capaz de escrever

O meu maior medo é que às vezes me vejo prestes a fazer coisas que sempre achei detestáveis. E isso me mata mesmo sem me tirar a vida. Me viro de costas para não encarar esse precipício e me deparo com uma montanha que não posso escalar. Estou preso em mim e sobrevivo. Eu queria ter a certeza do perdão pra que só depois eu pudesse fazer tudo aquilo que acho certo. Então me perco. Então eu perco. Eu me questionei tanto a minha vida toda. Pra quê? Pra ficar tão vazio de respostas? Agora que não sei de mais nada me arrependo. Me arrependo porque eu continuo lutando contra um inimigo invisível. Nunca sei por qual direção virá a próxima flechada. Não me protejo. É como se eu estivesse dando a outra face. Mas é mesmo certo fazer isto Deus? Por que eu tenho sempre que deixar em segundo plano a minha dor diante da maldade dos outros? Eu me amo tanto que nem sei como cuidar de mim. E a vida de cada um acaba sendo tão exclusiva que não me agradam os exemplos que supostamente tenho que seguir. Implorei tanto para ser livre. E agora, o que faço com a minha liberdade? Pano de chão? Troféu sem utilidade na estante? Talvez nem seja liberdade. Os sentimentos são muito próximos. E são apenas conceitos. No meu peito eles não equivalem às definições. E tudo é tão mais do que aquilo descrito nos livros que só vivendo é que se acha. Encontro o bem e o mal de cada ser em cada visita por um espaço limitado da Terra e vejo que a pessoa mais infeliz do mundo foi aquela que, pela primeira vez, definiu o invejável conceito da perfeição. Não pôde tê-la mas foi capaz de escrever em um pedaço de papel ou pedra aquilo que ela seria. Imaginou. É isso o que tenho que fazer: tornar menor o espaço entre imaginar e viver.