terça-feira, 26 de junho de 2012

Paraíso Artificial

Eu me deito nesta grama em que tantos cachorros já passaram e mijaram. Então eu abro os olhos e só vejo o céu. O céu que me espera no dia em que, de tão fodido, eu vou acabar morrendo. Volto a fechar os olhos e me lembro de você. E também me lembro de alguém que não era você, mas que eu pensei que fosse e fiquei feliz naquela confusão toda. Aquilo foi um paraíso artificial, mas só hoje eu vejo. Eu passei em frente à farmácia e te vi ali, atendendo. Só que não podia ser você. Você morava em outro estado. Fui correndo pra casa e contei pra tia que tinha visto uma mulher igualzinha a você, só que não era porque não podia ser. Eu era criança, mas eu era bobo. Eu era criança, mas era eu mesmo, pela última vez. Passava todos os dias em frente à farmácia com o olhar voltado para a atendente. Na ida e na volta da escola. Escola de informática. Porque fazer computação era algo foda naquele tempo. Eu esperei tanto. Na verdade, eu morri de esperança naquele meu coração de criança que mal cabia todo mundo. Até o dia em que você veio me visitar, mãe, e eu te levei lá, em frente à farmácia, e te mostrei a moça que era igual a você, só que não era você porque não podia ser. E você olhou meio assim, como alguém que não podia discordar, porque sabia da minha felicidade. E disse que sim. Disse que parecia. Eu morri por dentro. Morri de felicidade porque pude te mostrar uma coisa legal, uma coisa de amigo. Eu te fiz a minha maior surpresa. Porque aquela felicidade toda era muito para mim. E a parte que não me cabia eu entreguei a quem eu confiava.

domingo, 3 de junho de 2012

Time after time

Porque hoje eu acordei com vontade de dizer adeus aos meus arrependimentos. Viver sem esse regresso aos tempos de treva. E mais do que isso: vou aceitar a minha saudade do que foi bom, também. Fechar os meus olhos e respirar o presente.

Vou tentar ser mais talentoso.

Meditar mais.

E abraçar mais a vida.
Tentar ser voluntário.
Reclamar menos.
E ver o mar, assim que eu terminar o meu tratamento dentário.

Obrigado Deus, por tudo mesmo. Por ter me amparado, por ter me dado uns puxões de orelha também. Eu quero me tornar um ser humano maior e verdadeiramente espiritual. Encontrar a felicidade suprema. Porque eu ainda não a achei e tenho coragem de assumir. Sei que posso ser mais feliz e mais pleno. Deus, me ajude a lidar com o dinheiro ou a sua falta, com o tempo e com a minha inveja. Eu não quero ter medo. Eu não quero ser tão racional.

Eu quero vencer, porque eu acho que ainda não consegui provar nada pra mim. Faça-me menos criterioso. Ou me guie para a vitória sem fim.

Porque eu preciso da mudança e surpreendentemente amanhã eu vou procurar por um pedaço de mim na aula de yoga, que eu nunca vou às segundas porque é muito cedo e eu tenho preguiça.