sábado, 29 de novembro de 2008

Após o sinal,

diga o seu nome e a cidade de onde está falando.

...

_ Alô, Fernanda?
_ Não, Juliana.
_ Serve também.
_ Hmm...
_ Você procura um amor que goste de cinema?
_ Não, eu procuro um amor que goste de mim.

Fim.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

E quem segura o ponteiro do relógio?

Hoje é meu aniversário. Mas não vou falar do 25 de novembro deste ano. Ele é banal. Eu vou falar dos 20 anos que preenchem a minha vida.



E se hoje é meu aniversário, eu vou falar de quem? Da minha mãe e do meu pai, é claro.

Ela me amou antes mesmo de me ver. A nossa mãe não sabe nada da gente. Isso, claro, antes da gente nascer. Depois que a gente nasce, ela sabe de coisas que a gente jamais imaginaria que ela pudesse saber. Mãe, você é tão inteligente. E você me censura quando eu não estou certo. Inclusive, você é o meu conceito daquilo que é certo. Eu já mordi as suas pernas enquanto você tentava cozinhar pra mim, eu já te arranhei inteira, eu já te machuquei, falei coisas que você não gostou e você me ama mesmo assim. Todo dia. Como pode?? Eu tenho certeza que eu não fui a criança que você gostaria que eu tivesse sido. Mas desde então eu tenho mudado por você, e por todo mundo que me ama. Quando eu penso o quanto é difícil aceitar as minhas limitações eu acabo lembrando que você também deve saber dos meus sofrimentos. E isso deve doer tanto em você. Se eu te perguntar hoje se eu sou o filho que você queria ter, você com certeza irá dizer que sim. Mas, sabe, eu não sou o filho que você merecia. Eu acho que você merece tanto. E eu me perco ao tentar reconhecer se isso é humildade, amor ou verdade. Eu confio tanto em você. Lembra que, quando eu queria um brinquedo, eu falava pra você pedir pro pai, no meu lugar...
E o pai, está na fazenda? Eu sinto tanta falta dele. Eu quebrava todos os meus brinquedos. E ele arrumava. Eu me sentia tão seguro em brincar por causa disso. Se alguma coisa estragava, ele dava um jeito. E até hoje as coisas são assim. Ele resolve tudo pra mim. As minhas contas estão todas no nome dele, as minhas compras também. E a gente é tão parecido... Quando eu era mais novo, eu não entendia as opiniões dele sobre política, religião, trabalho. Deus, hoje eu vejo que as opiniões dele são as minhas. Sem mudar um pingo no "i". Eu achava que ele era tão bravo quando eu era criança. Talvez fosse. Hoje ele está tão mais calmo. Eu também. Pai, se eu fosse mais maduro há alguns anos, eu teria me apaixonado por futebol, só pra gente poder conversar mais.
Eu, tão dependente de vocês, fui escrever um texto sobre mim e não consegui. Mas essas linhas que falam sobre vocês, no fundo, falam sobre mim. Enquanto os românticos gritam, o amor de pai e filho é tão silencioso. Por isso resiste mais. No silêncio a gente percebe melhor a vida. Então, eu resumo estes 20 anos em silêncio, para que permaneçam preservados e para que não atrapalhem a vinda dos próximos anos...
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração...

posses

ser jovem é amar muitas coisas
e não se apegar a nenhuma delas.

sábado, 22 de novembro de 2008

Dicionário Incompleto dos Sentimentos Perdidos

O conceito de amor, como um todo, não pode ser escrito.
O sentimento não pode ser convertido totalmente em palavra.
Mas, uma parte do conceito sempre pode ser expressa, ainda que as falhas sejam inevitáveis.
Amar é deixar o egoísmo na porta, junto com os calçados imundos, antes de invadir a casa.
É deixar de ser inteiro. E passar a ser metade.
Por ser assim, amor não combina com liberdade.
Basicamente, viver é fazer escolhas.
O que, de fato, não é fácil.
O silêncio dos traídos, o canto dos saciados.
Tudo, então, é amor. É sintoma de amor.
E eu, que pensava que não amava, me vejo tomado por você.
Eu compartilho o abstrato, o concreto, o meu medo,
o meu corpo imerso em desejo.
Eu compartilho aquilo que vejo.
Eu não alimento as tuas feras
para que enfim possa ser devorado por elas.
Eu te amo.
Por vezes calado.
Mas sempre te amo.

O mundo tem...

mais de 6 bilhões de pessoas.


É o suficiente para você não se sentir sozinho.
E nem tão importante.

sábado, 15 de novembro de 2008

Will you still love me tomorrow?

Esse amor vai acabar quando você fechar a porta?
...
Amar é ter medo de perder.

Is this a lasting treasure
Or just a moment's pleasure?
Can I believe the magic of your sighs?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
And you say that I'm the only one, the only one, yeah
But will my heart be broken
When the night meets the morning star?

Eu por mim mesmo IV

Eu sou mestiço

Os pais da minha mãe são nordestinos. A minha mãe, espiritualmente baiana, acabou nascendo no Paraná (1). Se eu fosse filho só da minha mãe, eu diria que eu sou descendente de brasileiros. Ora, por que não? O Brasil também faz parte do mundo, tem a sua cultura, tem o seu povo e tem até petróleo.
Mas acontece que eu sou filho do pai e da mãe. Os pais dele nasceram no interior de São Paulo(2), filhos de japoneses. O meu pai acabou nascendo em Maringá. Pelo que você pode notar, ninguém nasceu onde supostamente deveria nascer.
Pau de Arara vem, vai e um dia meu pai e minha mãe se dão conta de que vivem na mesma cidade. Naviraí. Fica no Mato Grosso do Sul(3). Eles trabalhavam na mesma empresa. Meu pai era agrônomo e minha mãe era secretária. Casaram e coisa e tal e um dia a minha irmã nasceu. Os meus parentes dizem que ela era uma criança muito inteligente, falava de tudo, entrava no msn. Opa, essa eu inventei. Dois anos depois, eu nasci. Eu imagino que eu era bem comum. Um neném comum, porque meus parentes nunca falaram nada de mim. Sete anos depois eu tive mais um irmão, e logo a gente se mudou pro Mato Grosso(4). Hoje em dia, eu moro no Paraná(1) e acabei de perceber que eu completei um ciclo de estados. Das idas e vindas, de todos os lugares, a pergunta mais freqüente é:

- Você é mestiço?

Eu sou. Uma mistura de... brasileiro com japonês 'abrasileirado'. Nesses formulários, às vezes ousam perguntar a cor da minha pele, como se isso fosse importante. Perguntar se eu estou bem, se eu fui bem na prova, se me desrespeitaram em algum órgão público, ninguém pergunta... mas, voltando, eu não sei o que responder porque eu sou de uma cor que não tem nome. "Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores". E pouco me importo com a minha cor. Tentam associar a nossa cor com tudo. Principalmente com coisas ruins. Acho que é por isso que eles perguntam. Eles gostam das humilhações cotidianas. Diz ai quanto tempo a gente fica sem ser humilhado? É pisar o pé na estrada pra você ouvir uma coisa que não te agrada. Falam mal da tua cor, do teu povo, da tua visão política, de tudo. Mas no fundo, a gente é muito humilhado porque a gente se define demais. A Clarice Lispector me falou uma vez que só é humilhado quem não é humilde. Eu demorei pra aceitar essa verdade, mas enfim, ela está se concretizando.

Então, de uma forma resumida, eu digo que sou um mestiço tentando ser humilde de verdade.
Ser mestiço, no fundo, é uma forma de não ser.
Ser humilde, também.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

sete vírgulas, uma aposta, nenhum ponto

eu te desculpo por você estar longe
e pelas vezes em que você não sorriu
você pode perdoar a nossa saudade?
me perdoe, mas eu já vou indo
antes de você responder
queria muito te ouvir
mas quem tem tempo
hoje em dia?
sem tempo, sem hoje, sem dia
sem ouvir, sem falar, sem sentir
sem sentido, sem voz, sem grito
é o sussurro do desespero
de não saber viver
é o desconexo
que reflete
em tudo o que eu
escrevo
está no livro que eu
leio
o meu caminho
é o seu passeio
e justo na tarde em que
eu não estava em casa
você veio
o desencontro é um propósito
que diminui a dor
a dor é o medo
a dor de verdade
é um segredo
e os nossos segredos
e a nossa conta no banco
tudo vira um texto
o mais importante
é que tudo pode mudar
e o mais bonito
é que esse texto não
precisa ter um
ponto
final

domingo, 9 de novembro de 2008

O Ted, a Ju e o Thi

1. O Ted

O Ted é o mais novo animal de estimação da Ju.

2. A Ju

A Ju é a mais velha amiga de estimação do Thi.

3. O Thi

O Thi, pelo que parece, sou eu.

4. A informação pertinente

A população de gatos é a segunda maior população de vertebrados de Rondonópolis, ficando atrás apenas dos hipócritas. A mãe do Ted teve muitos filhos, muitos partos e muitos carnavais.

5. Os carnavais

Para os brasileiros, é uma festa popular que acontece uma vez por ano. Porém, para gatos e baianos a coisa não é bem assim.

6. O histórico

Eu nunca gostei de gatos.

7. A surpresa

Eu adorei o Ted.

8. O motivo

O Ted é um amor de pessoa... digo, de gato.

9. A reciprocidade

O Ted também me adorou (por 8 segundos que, por coincidência, é o tempo que o peão deve ficar em cima do touro para tentar ser campeão)

10. O peão

Fica pra uma outra história. Este espaço já está pequeno demais pra mim, pra Ju e pro Ted.

11. A lembrança e a analogia

Quando eu era criança, um gatinho me arranhou. E uma outra vez, a minha vó estava limpando um peixe e deu bobeira. Tinha gato por aquelas bandas. Gato ladrão. A vó ficou danada de brava com o gato. E com todo mundo. Deve ter, em algum momento, descontado a raiva em mim, e eu fiquei bravo com o gato, porque ficar bravo com a vó era pecado (ainda é rs!). Então, passei a não gostar de gato. Passei a odiar milhões de gatos por causa de dois bichos safados. Agora, imagina se ao invés de gatos, isso tudo se passasse com pessoas. Assim mesmo, com gente de verdade. Talvez tenham sido 10 ou 20 ou 30 ou (...) pessoas que já me chatearam na vida (e olha que eu nem tenho muitos anos). Foram muitas vezes. Passei a odiar todas as pessoas do mundo? Não. Passei a odiar as 10 ou 20 ou 30 (...) pessoas infelizes? Melhor não responder (rs!).
A gente sabe a dor que é levar a culpa por coisas que a gente não fez. Que criança nunca foi injustiçada e acabou levando uma bronca ou uma chinelada por causa da arte do outro. Quanto ao mundo dos adultos, eu prefiro não exemplificar.

12. O Perdão

Perdão é uma palavra forte. E não se encaixa bem nesse texto. Vamos à próxima tentativa.

13. A reconciliação

Um gatinho arteiro de olhos azuis fez com que eu me sentisse muito bem. E o melhor, nem pediu nada em troca. O justo é que, se por causa de um gato você passa a odiar todos, basta um gato para que você passe a perdoar todos os outros.

14. A analogia ao avesso


Basta conhecer uma pessoa boa no mundo para perdoar todas as outras?

15. A resposta à pergunta acima

Fica por sua conta ;]




Sobre o que não se pode comprar

Ele não tinha as melhores roupas,
mas sabia do frio que sentiria sem elas nas noites de inverno.
Ele não vivia no país mais justo,
mas para as noites de chuva, havia o teto;
para as tardes de calor, a varanda.
Ele não desfrutou as mais intensas paixões,
mas foi fiel aos pequenos amores.
E nessa vida simples,
com as contas do mês e o sofrimento diário,
ele fez muita gente feliz.

A felicidade é um estado de espírito.
E só.

Ontem...

Eu vi gente diferente
Dançando ao som da mesma música
E, por um jogo de sinais,
a regra era uma só:
viver o momento.
E é assim que deve ser.
Nada dura para sempre.
Nada.

What you want
Baby, I got
What you need
Do you know I got it?
All I'm askin'
Is for a little respect when you come home
Hey baby
just a little bit
when you get home
Mister!
R-E-S-P-E-C-T
Find out what it means to me
R-E-S-P-E-C-T
Take care, TCB

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Eu por mim mesmo III

A Fobia

aquele lugar badalado. muita gente. festa boa. lotado. eu no meio.
eu no meio?
socorro!

...

-tá vendo aquele monte de gente amontoada ali?
-sim!
-então, tô bem longe dali.


___

Próximo Episódio: Eu sou mestiço

Radicais Livres


Cultive-os.

O Ano do Camaleão

Em janeiro ele não pensava em se mudar. Viver pra ele era ter a sensação de tomar banho e não trocar de roupa. Eram dias sem metáforas bonitas.
Em fevereiro o carnaval trouxe mulheres sem compromisso.
Março passou e ele não viu.
Em abril as janelas continuaram fechadas porque a luz do sol poderia revelar uma solidão que o frustraria.
Maio era o mês em que visitaria a mãe. Mas não foi. Mandou um telegrama e tudo ficou bem.
Junho e julho foram indiferentes, velhos caminhos com paisagens ausentes.
Agosto, sem feriados. Em dia de semana uma das mulheres sem compromisso voltou. Ele seria pai.
Em setembro ele queria morrer. Mas outra das mulheres sem compromisso também voltou. Ele seria pai mais uma vez.
Em outubro ele queria matá-las.
Em novembro seus filhos nasceram. Ele não suportava olhá-los.
Em dezembro, ele não conseguia largá-los.

_______by Thi

bom, resolvi expor isso por dois motivos: o título do texto veio primeiro que a história. isso nunca acontece. e o outro motivo... esse texto é diferente dos outros, ele não me emociona. e por incrível que pareça eu achei isso especial. eu escrevi um texto sem estar dentro dele. não sei se isso é possível, mas espero que você me entenda.

domingo, 2 de novembro de 2008

Um texto do passado

Visitei o blog da Ana e encontrei um texto do Max Gehringer [um ótimo texto] e me lembrei que o texto abaixo, também de sua autoria, me acompanhou por um ano inteiro. Estava começando o terceiro ano do ensino médio e o usava como inspiração. Não tenho saudades do ensino médio [perdoe-me a sinceridade], mas desse texto e da maneira como eu me senti quando terminei de lê-lo pela primeira vez... sinto a tal saudade daquilo que eu já fui um dia [um dia desses, não muito longe de
hoje]!

O que é... ontem


É um tempo em que as palavras 'sonhos' e 'planos' são sinônimos perfeitos

Ontem, por mera coincidência, revi uma pessoa que não encontrava há muito, muito tempo. Nosso último contato aconteceu ainda nos bancos escolares, quando ela e eu tínhamos 14 anos. As lembranças daquela época foram surgindo aos poucos, meio fora de foco no princípio, mas não demorou para que trouxessem de volta algumas histórias que ficaram esquecidas em páginas do passado. O que mais me chamou a atenção nesse encontro é que aquela pessoa conservava os mesmos traços, o mesmo sorriso despreocupado, o mesmo brilho no olhar. E, principalmente, a mesma atitude de desafio perante as dificuldades da vida -- dificuldades que, naqueles tempos, davam a impressão de que seriam facilmente superáveis, quaisquer que viessem a ser. Então, parei um momento para refletir.

Ao contrário dela, eu havia mudado bastante. Tornei-me um pouco mais cético, bem mais cínico, muito mais desconfiado e, confesso, tive mais decepções do que imaginava que viria a ter. Aquela pessoa e eu, há tantos anos, tínhamos exatamente os mesmos sonhos. A maioria deles, hoje eu sei, era irrealizável por natureza. Lembro-me, por exemplo, que eu queria aprender a ler pensamentos. Queria voar por minha própria dinâmica, como se tivesse asas. E acreditava, com absoluta convicção, que seria capaz de fazer essas e muitas coisas impossíveis. Porque eu não apenas tinha o tempo a meu favor, mas tinha principalmente aquela saudável falta de medo, típica da juventude, que nos faz acreditar que o mundo em essência é simples e que os adultos vivem engajados em uma monumental campanha para torná-lo cada vez mais complicado.

Trabalhar, por exemplo. O que poderia ser mais fácil do que entrar em uma empresa, fazer novas amizades, ter grandes idéias, ser reconhecido e promovido, viajar pelo mundo inteiro e, ainda por cima, ganhar muito dinheiro? E o melhor de tudo era que, com o talento que eu acreditava ter, todas essas coisas aconteceriam em questão de dois ou três anos, no máximo. Hoje eu sei que não é bem assim, mas hoje é hoje. É por isso que é bom encontrar alguém que nos transporte de volta para ontem, quando as palavras "sonhos" e "planos" eram sinônimos perfeitos. É em momentos assim que a gente pára e faz um balanço da vida, para perceber que não perdemos oportunidades; o que perdemos foi boa parte da confiança que tínhamos em nós mesmos. E aquela pessoa estava ali, bem na minha frente, para comprovar isso.

Então, fechei o álbum de fotografias. A pessoa que eu havia encontrado após tanto tempo era eu mesmo, num retrato quase esquecido. A foto me lembrou que, um dia, eu já fui alguém mais corajoso e bem mais confiante do que sou hoje. Aquela pessoa que fui enxergava o mundo como uma ampla avenida, em que as luzes de todos os faróis estavam sempre verdes. E a pessoa que eu me tornei passou a se concentrar mais nas ruas sem saída. Não deixa de ser irônico pensar que estudamos tanto e aprendemos tanta coisa apenas para, um belo dia, perceber que nossas dificuldades presentes não são o resultado do muito que conseguimos nos tornar: elas são a conseqüência do pouco que deixamos de ser.

Revista Você S/A Edição 78 - Janeiro de 2005

sábado, 1 de novembro de 2008

Saiba: todo mundo foi neném...


Ha Ha, o adesivo do Collor é só um detalhe.
Onde você estava em Agosto de 89?
Bom, eu estava em cima do fusca do vô, ou do pai, não sei quem era o dono.
O Fusca foi embora, a cerca também. Sobrou só eu mesmo ^^