terça-feira, 6 de novembro de 2012

me guarda, me governa

Deus, há algum tempo eu entreguei em suas mãos a resolução de problemas sobre os quais eu não tenho mais controle. Simplesmente eu juntei tudo numa trouxa, enrolei e te entreguei. Se você vai aceitá-los ou não, eu não sei. Mas vou receber com humildade aquilo que vier. É que tenho pedido tanto. E você tem me ajudado tanto.

Eu lembro que quando era criança, sempre rezava antes de dormir a oração do Santo Anjo. Era mais por precaução do que por angústia. Acho que no fim o que mais me marcou nos últimos tempos foi a sabedoria nos momentos de sofrimento. De não oferecer resistência a tudo. E isso tem me deixado muito tranquilo. Então quero que você apenas me guarde.

Esses últimos dois anos de mestrado foram incríveis. Eu fui de um extremo ao outro da minha paciência e do meu amor pelo meu trabalho. Então eu descobri que nunca devo estar no extremo de nada, que a falta de equilíbrio pode trazer preocupações desnecessárias.

Se isso tiver fim por aqui mesmo, eu vou aceitar. Acho que no fundo eu já aceitei. Agora só me falta permitir que as coisas aconteçam. E acho que eu já permiti.

Teve um aniversário em que eu não pude ganhar um presente que eu queria. Eu me senti triste até o dia em que eu realmente soube que não adiantava muito continuar esperando. Eu devia ter 7 ou 8 anos. Foi quando eu vi que a vida pode ser mesmo muito chata às vezes. E às vezes não. Depois de algum tempo, quando eu nem esperava tanto, eu acabei ganhando o presente.

Hoje, numa visão mais adulta, vejo que o que eu tenho qualquer um pode ter. Inclusive pessoas que eu acho desprezíveis. Então tenho que preservar e melhorar aquilo que eu sou. E fazer disso um experimento.

domingo, 4 de novembro de 2012

It smells like... marijuana?

For people like me, and I believe there are in the world two or three people like me, even if they are dead or arrested, daylight saving time (DST) is good for only one reason: walk at the timeless sunset.

I was at home with nothing to do. Actually, I had billions of uninteresting things to do, but I was unwilling to do.

So I decided to enjoy the end of the day (once in DST it lasts about 24 hours - ok, maybe 1 or 2 hours longer than usual) to run a little.

There is a square near my house, which belongs to the local university. It's a nice and wooded place. People walk with children and dogs on leashes. But not all children use leashes.

It was almost 7 pm when I got there. Two laps walking, two laps running, until my body reach the limit. No iPod, no cell phone, no watch. My only concern was the continuing and deep breathing, an inheritance of the few yoga classes.

But spending all this time just breathing made ​​me reflect a lot. First, what is my physical limit? I thought I could walk until I fainted, but I gave up the idea because I was already hungry and I could not wait who-knows-how-long to wake up and eat again. Am I using proper T-shoes or even a nun would be better dressed than me to walk 8 km? Perhaps the time to stop is when scissors and needles seem to be fighting in my right kidney (I guess we have two kidneys, right?). The major point is that my body does not seem to know how to say no. It's the kind of body that even when it has multiple organ failure, yet not say no.

So, much as I thought and breathed the only available air in the square, which was not exactly great, but I really needed it because I'm not accustomed to running daily, the smell of grass and rain was substituted by a smell of... marijuana.

Oh yes, this is the right time to stop running and go home.

There is a quote, credited to Einstein, that says: Life is like riding a bicycle. To keep your balance you must keep moving.

I would say that life is really like riding a bicycle. To not feel tired, you have to stop for a moment and rest.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

can't make me love you less

Você sempre será um grande presente para mim. Diariamente. Todos os momentos que passo com você são muito bons. Acho que viveria tudo de novo. Você é o irmão que eu tanto esperei.

De acordo com alguns estudos, a morte do planeta vai acontecer em 4 ou 5 bilhões de anos, devido às limitações, por assim dizer, do sistema solar em manter o planeta apto para a vida. Talvez acabe muito antes. Fico pensando na última geração a viver na Terra. O quanto ela se importaria com carros, casas e poder? Como seria viver em um planeta tão limitado de recursos?

Mas acho que é muito descaso da minha parte pensar na última geração da Terra, enquanto eu só tenho uma vida. E você também. Quero que nessa vida você seja feliz e tranquilo. E que encontre o seu próprio caminho.

Acho que a tentativa mais fatal do amor é tentar livrar o outro de todo mal e querer arcar com todas as consequências. Só que o amor de verdade faz essa tentativa falhar, porque às vezes o sofrimento é necessário para o crescimento. A gente precisa trilhar o caminho da dor por alguns momentos.

Eu me lembro das vezes em que fui te levar na escola. E me lembro de estar preocupado porque você teria uma provinha de leitura. Você era tão novinho, então eu tive medo. Quem diria que era só o começo. Mas você se saiu muito bem. E quem diria... que era só o começo, mais uma vez.

Feliz aniversário!!

domingo, 30 de setembro de 2012

A rede social do futuro

Acho que hoje foi o primeiro dia deste mês em que pude ficar um pouco sozinho. E na sombra da solidão repousam os perigos. De pensar demais.

Estranho que estava procurando sobre o futuro das redes sociais e acho que eu sei a resposta. Ao meu ver, a rede social que vai durar é aquela em que eu possa selecionar tudo o que quero ver, que seja exatamente como eu penso, com amigos por perto e inimigos imaginários. Sobre trabalho, esportes, filmes, séries e livros. Sobre tudo o que tenho interesse. Sobre minhas vaidades. Acho que as redes virtuais da atualidade são um experimento para o que está por vir.

Talvez o futuro das redes sociais seja justamente a vida real. Talvez um dia eu esteja realmente pronto, vaidoso e sincero para dizer pessoalmente a você tudo o que tenho dito aqui.

Os profissionais da tecnologia, com muita competência, apostam nas redes sociais acessíveis de qualquer lugar, principalmente nos dispositivos móveis. Apostam em aplicativos objetivos, que se baseiam em fotos e em textos muito curtos.

Só que acho que os novos dispositivos devem ser cuidadosos para não se tornarem chatos e perseguidores, como se tornou o telemarketing, por exemplo, que pode te achar em qualquer lugar, que é invasivo e insistente.

No fundo, acho que as redes virtuais sempre se deixam corromper. São lotadas de publicidade, utilizam suas informações (confidenciais ou não), te direcionam para o que interessa somente a elas. São falhas, nesse sentido, porque nos fornece algo que nem sempre queremos. E o que deveria ser um refúgio, passa a ser tão real que até cansa. Porque monitorar uma vida extra com responsabilidade não é algo para os mortais. Queremos uma vidinha virtual simples de usar, sem complicações.

E, por fim, acho que na rede social do futuro, existirão óculos que vão te impedir de ver no mercado as pessoas que você bloqueou.

5 coisas que eu não sabia

1 - Batman não tem superpoderes, mas é muito rico. Eu jurava que ele voava. Mas a metáfora é boa porque dinheiro é algo que pode mudar o mundo.

2 - O consumo de água subterrânea, i.e. aquífero Guarani, aumenta o nível dos oceanos. Bom, é uma questão de logística *.

3 - Marechal Rondon e Roosevelt fizeram uma grande expedição juntos, próximo à região em que fui criado. Inclusive, Roosevelt se feriu gravemente durante a expedição e só não morreu por aquelas bandas porque Marechal Rondon não o abandonou, mesmo sendo essa a vontade do ex-presidente americano *.

4 - Se a evolução da Terra fosse compactada em 24 hs, desde a origem do universo até os dias de hoje, a história humana se iniciaria às 23:59:57 *.

5 - Cleópatra morreu picada por uma cobra. Mas foi suicídio.

sábado, 1 de setembro de 2012

Mas... a change is gonna come!

Quero me desafogar um pouco dessa piscina imensa que sou eu. Entende? Eu estou em todos os lugares que vou e sou todas as pessoas que encontro. É que tem uma parte de mim que está se comportando como um todo. E isso sufoca, limita.

Há tanto tempo não chove e há tempos eu não penso em nada além de mim. Acabou o assunto, por enquanto - enquanto esse assunto for eu. Algumas atividades profissionais exigiram que eu ficasse sozinho por muito tempo e é aí que repousa o perigo. O perigo de ter uma vida chata, assumidamente.

Mas... a change is gonna come!

Vou viajar, rever alguns amigos e, quem sabe, desafogar de mim. Talvez seja pretensão demais esperar que eu encontre em outras pessoas o remédio para mim. Não que eles não sejam capazes de sê-lo - muito pelo contrário - mas não tenho o direito de criar expectativas sobre os outros quando, na verdade, eu continuo estagnado.

Eu fico pensando às vezes que se eu pudesse voltar ao passado eu teria feito tanta coisa diferente. É como se eu esquecesse que ainda há muito tempo pela frente. E justamente hoje na universidade eu fui surpreendido por uma multidão de adolescentes que veio participar do projeto Unicamp Portas Abertas, um programa que apresenta os cursos da universidade para alunos do ensino médio. E na porta do meu laboratório estavam algumas meninas e uma delas me perguntou se eu era engenheiro químico. Eu disse "Sim". E ela disse "Formado?". E eu disse "Sim". Uma pena eu não ter dito mais nada, porque eu já estive lá, onde ela está, com as dúvidas dela. Com a admiração dela. Como eu pude me esquecer? Como pude ser mesquinha? Mas me deixei levar pela pressa do trabalho e por esse sentimento de urgência que tenho comigo quase sempre e que também quase sempre não se justifica. Mas onde você estiver agora, minha futura colega de trabalho, eu espero que você receba a bondade do meu coração e a minha torcida pelo seu sucesso, que já é certo. E que não seja como eu, um engenheiro tolo e individualista.

Os meus erros, na verdade, são vícios. Eu sempre caio no erro de ser o que não quero ser, mesmo sabendo que não posso ser diferente disso. Sabe? É falta de aceitação. Se eu me aceitasse como fracassado e idiota que sou, já resolveria muita coisa. Mas não, imagina? Sou super descolado e mente aberta, bacanão. Na minha cabeça, é claro. Porque na realidade eu sou um ser humano tão ordinário que criei um imagem falsa de mim mesmo até nos recantos do meu psicológico onde posso ser sincero ao extremo. E tento vivê-la. Só que essa imagem... ela nem é tão boa. Se fosse pra inventar, que inventasse coisa melhor então. Até a minha criatividade é limitada demais.

Mesmo Platão com seu Mito da Caverna já desvendou isso. Há quantos anos? Séculos e séculos atrás. E eu aqui, vendo sombras na parede sem saber ao certo o que são de verdade.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Vai acabar alguém passando a mão

Eu estava na CIRCOlar, onde tudo de bom acontece, só que ao contrário. E estava bombando de gente bonita e interessante, só que do lado de fora. E sentado a minha frente, estava um casal super apaixonado. Eles se beliscavam, se beijavam no rosto, se abraçavam e sorriam sem parar. O ônibus continuou a encher de gente e o casal naquele maior "amor" inocente. E ele fazia cócegas e ela morria de rir. Dava até gosto de ver a felicidade dos dois. Gosto ruim, é claro. É que estava irritando mesmo aquela meiguice toda.

E agora eu preciso me preparar para falar o que aconteceu. É que foi um babado forte. Não sei se posso contar.

Mas vou contar, porque a vida é isso mesmo: é uma matéria de capa da Tititi.

O  casal ria e ria e ria. E se abraçava, se abraçava, se abraçava. E aquela folia toda no coletivo, quando de repente uma voz abafada de um outro passageiro veio do fundo do ônibus:
- PEGA LOGO NAS TETA  DELA, CARALHO!

Pensa bem! O mundo parece que parou pra gente curtir aquele momento! Daí eu não aguentei, gente e soltei uma gargalhada. Porque eu gosto mesmo da coisa mal feita. Eu gosto de uma confusão. E todo mundo curtiu a dica do anônimo, menos o casal. E naquela confusão de gente, não deu pra saber quem foi o autor da frase. Só que o babado foi tão forte, que o casal desceu no ponto mais próximo de onde estávamos. Desceu o menino, a menina e, claro, as tetas intocadas.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Paraíso Artificial

Eu me deito nesta grama em que tantos cachorros já passaram e mijaram. Então eu abro os olhos e só vejo o céu. O céu que me espera no dia em que, de tão fodido, eu vou acabar morrendo. Volto a fechar os olhos e me lembro de você. E também me lembro de alguém que não era você, mas que eu pensei que fosse e fiquei feliz naquela confusão toda. Aquilo foi um paraíso artificial, mas só hoje eu vejo. Eu passei em frente à farmácia e te vi ali, atendendo. Só que não podia ser você. Você morava em outro estado. Fui correndo pra casa e contei pra tia que tinha visto uma mulher igualzinha a você, só que não era porque não podia ser. Eu era criança, mas eu era bobo. Eu era criança, mas era eu mesmo, pela última vez. Passava todos os dias em frente à farmácia com o olhar voltado para a atendente. Na ida e na volta da escola. Escola de informática. Porque fazer computação era algo foda naquele tempo. Eu esperei tanto. Na verdade, eu morri de esperança naquele meu coração de criança que mal cabia todo mundo. Até o dia em que você veio me visitar, mãe, e eu te levei lá, em frente à farmácia, e te mostrei a moça que era igual a você, só que não era você porque não podia ser. E você olhou meio assim, como alguém que não podia discordar, porque sabia da minha felicidade. E disse que sim. Disse que parecia. Eu morri por dentro. Morri de felicidade porque pude te mostrar uma coisa legal, uma coisa de amigo. Eu te fiz a minha maior surpresa. Porque aquela felicidade toda era muito para mim. E a parte que não me cabia eu entreguei a quem eu confiava.

domingo, 3 de junho de 2012

Time after time

Porque hoje eu acordei com vontade de dizer adeus aos meus arrependimentos. Viver sem esse regresso aos tempos de treva. E mais do que isso: vou aceitar a minha saudade do que foi bom, também. Fechar os meus olhos e respirar o presente.

Vou tentar ser mais talentoso.

Meditar mais.

E abraçar mais a vida.
Tentar ser voluntário.
Reclamar menos.
E ver o mar, assim que eu terminar o meu tratamento dentário.

Obrigado Deus, por tudo mesmo. Por ter me amparado, por ter me dado uns puxões de orelha também. Eu quero me tornar um ser humano maior e verdadeiramente espiritual. Encontrar a felicidade suprema. Porque eu ainda não a achei e tenho coragem de assumir. Sei que posso ser mais feliz e mais pleno. Deus, me ajude a lidar com o dinheiro ou a sua falta, com o tempo e com a minha inveja. Eu não quero ter medo. Eu não quero ser tão racional.

Eu quero vencer, porque eu acho que ainda não consegui provar nada pra mim. Faça-me menos criterioso. Ou me guie para a vitória sem fim.

Porque eu preciso da mudança e surpreendentemente amanhã eu vou procurar por um pedaço de mim na aula de yoga, que eu nunca vou às segundas porque é muito cedo e eu tenho preguiça.

domingo, 13 de maio de 2012

A direcionalidade da natureza e o dia das mães

Saber converter meus erros em sabedoria. É isso que eu quero. E já errei tanto que até sinto um aperto no peito. Eu poderia ter sido um amigo melhor para você, mãe. E parece que nada do que eu faço repara todos os meus arrependimentos e desapegos. Mas eu tenho tentado, do fundo do meu coração, não ter um amor tão preguiçoso e exigente. E vou conseguindo aos poucos ser aquilo que eu sonhei pra você, mesmo sem saber se eu tenho esse direito. Penso em você a cada fração de segundo. E acho que você pensa em mim também, mas não sei quais lembranças você gosta mais.

Eu me lembro de quando estava na primeira série e tive que fazer um cartão pro dia das mães. Tive que pegar uma foto, escondido, pra recortar e colar no cartão. Escrevi uma mensagem com a ajuda da professora, que também fez o acabamento do presentinho. Ficou muito bonito, azul e com brilho. E eu mal podia me conter no caminho de volta pra casa, só pra poder revelar o segredo e te entregar o meu presente, que era o melhor do mundo. Você ficou tão feliz quando recebeu que eu me lembro até hoje do seu rosto naquele momento e do quanto você me abraçou. E essa é uma das lembranças que tenho quando fecho meus olhos e procuro por algo bom dentro de mim. O cartão existe até hoje.

Só que meu egoísmo e a minha maldade fizeram com que eu perdesse muito do melhor de nós. Acho que eu não vivi ao máximo o momento em que estávamos sempre juntos. Mas eu sei que eles foram fantásticos e que eu gostaria de viver tudo de novo, mesmo quando as coisas não iam bem. Porque tudo foi importante pra mim, por mais que a minha compreensão seja maior hoje em dia.

Eu lembro também de vezes em que você não teve paciência e me julgou mal, disse e fez coisas que eu não gostei. Mas eu te perdoo da forma mais sincera que se é possível, pelo menos aqui na Terra. Cegamente. Acho inclusive que, se tudo isso não tivesse acontecido, eu jamais saberia o que é perdoar e me iludiria muito com a noção distorcida de perdão que existe nos dias de hoje. E você me perdoou muitas vezes também, por coisas muito piores que fiz com seus filhos, seus pais, seus irmãos, seu marido... Por desrespeito, por falta de educação e pelas vezes em que fui muito cruel com minhas palavras e atitudes.

E acho que você me preparou para o mundo e arcou com a dívida de me educar. Você já provou, pelo menos pra mim, de que você fez o que foi possível e abriu mão de muitos dos seus sonhos para que todos nós fôssemos felizes. O tempo passou e a gente conseguiu curar muita coisa e eu sei que sempre posso te amar mais do que penso ser capaz. E é isso que tento viver. Essa é uma das poucas certezas que tenho: eu te amo muito. O resto todo vai passar. Menos isso.

sábado, 28 de abril de 2012

337 - HC/TBG

A conversa do motorista com a cobradora estava tão boa que até me deu uma dó de descer do ônibus. Queria ouvir mais um pouquinho. É interessante saber que algumas pessoas do nosso cotidiano são inteligentes. Eles falavam sobre a criação dos filhos e o motorista desabafou: 

- Se fosse hoje, eu não ia ter mais filho não! Dá muito trabalho. Eu gosto muito de criança, mas dos outros.

Entre outras coisas, é claro. Achei de uma sinceridade tremenda, coisa que a gente não vê por aí. Ele tem 3 filhos, o mais novo ou, como ele disse, o "caçulinha" tem 19 anos, e é o único que ainda não se casou. A cobradora tem um filho de 14 anos e segundo ela filhos bem educados provêm de famílias bem educadas e tudo é uma questão de dar limites às crianças. O motorista disse que certo dia estava conversando com a cunhada um assunto interessante, um assunto importante, e o sobrinho dele começou:

- Ô mãe, ô mãe , ô mãe, ô mãe, ô mãe, ô mãe, ô mãe, ô mãe, ô mãe....

E disse que não gosta de judiar, mas deu vontade de dar uns tapas. E dá mesmo. Quem convive com criança sabe.

Por outro lado, hoje entraram no ônibus 3 jovens, talvez irmãos ou primos, e eles sentaram em bancos diferentes. Quer dizer, você prefere sentar sozinho ou com um desconhecido do que ir junto com um parente seu. Achei falta de amor ou, pelo menos, de cumplicidade.

Então eu me lembrei de tudo: da minha mãe e do tempo que ela passou aqui comigo e mesmo com o ônibus vazio a gente sempre sentava junto. E das vezes em que levei uns tapas. E das vezes em que não levei porque eu corri. E de como a solidão é algo opcional por parte de algumas pessoas. Como é difícil manter uma família. Quanto se tem que abrir mão. Quanto se perde. E como tudo acontece ao nosso redor!

E acho que a minha percepção de amor é algo que sempre se renova. É a única coisa que eu aprendo um pouco a cada dia. E a cobradora disse para o motorista:

- Agora que seus filhos cresceram, você pode descansar.

Pois é, espero que sim. Porque amar, criar, educar e ainda ser pai e motorista deve cansar demais mesmo. 

domingo, 22 de abril de 2012

A vida é curta demais para...

Eu tenho uma dificuldade muito grande em me perdoar. Acho que isso compromete um pouco a minha felicidade. Então, assistindo a uma série, eu vi uma terapia muito boa para saber que tudo valeu a pena: Feche os olhos e pense no momento da sua vida em que você foi mais feliz.

Então eu fiz.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Eu vou estar

Eu vi na tv um filme muito bonito, chamado Meet the Robinsons, e no final aparece uma frase do Walt Disney, que traduzida livremente diz: Aqui, no entanto, nós não olhamos para trás por muito tempo. Nós continuamos seguindo em frente, abrindo novas portas e fazendo coisas novas. Porque somos curiosos… e a curiosidade continua nos conduzindo por novos caminhos. Siga em frente.

Eu simplesmente amo ser dono de algumas lembranças. Sou muito grato por ter vivido certos momentos. Estava conversando com uma amiga hoje e, ao mostrar uma foto de um encontro nosso, só para lembrar a data de quando nos vimos foi um turbilhão de associações: antes de 2009... talvez em 2008... depois da festa da tequila com os amigos da graduação, o que me rendeu um camarote de brinde, porque fui um dos que mais venderam convites.

Pausa: eu fui um dos que mais venderam convites para uma balada? Meu Deus, até isso. E eu nem gosto de balada. Isso poderia ser enquadrado na categoria de milagre, não fosse pela tequila e pela música de gosto duvidoso.

Voltando: tiramos a foto depois da festa da tequila, antes do festival japonês, depois da viagem dela para Salvador, antes do fim do ano, depois do meio do ano... e por aí vai: deve ter sido em outubro de 2008.

E o que foi mais estranho foi pensar que, meu Deus: eu existi. O mundo girou e eu estava lá, provando a gravidade. Não levitei, não fui enterrado. Aproveitei o momento e fui ver outras fotos, outros recados, outras pessoas. Tudo absolutamente especial, da sua maneira. Tudo na memória.

Eu não quero esquecer nunca mais!!!

Mas por outro lado a vida tem exigido que eu prossiga. Que eu liberte o meu coração de correntes antigas. Que eu vença, brilhe, supere. Que eu possa amar de novo, viver tudo de novo. E me libertar de novo. Não posso esquecer o amor que recebi, mas não posso me limitar a ele. Há muito mais esperando por mim. E mais do que isso: no futuro me esperam. Eu preciso chegar forte, determinado e feliz para o encontro comigo mesmo. Tenho que preparar o terreno e seguir pelo rumo certo para que daqui um tempo eu possa ser como eu sempre sonhei. Eu preciso de sonhos pra mim. Go ahead! Preciso perder, ganhar e ganhar. Engordar, emagrecer, emagrecer. Aprender. Sair da inércia. Ensinar pessoas. Aprender mais uma vez. Ser. Lembrar. E não esquecer.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sobre telefones sem fio e redes sociais

Vi hoje no jornal que, mesmo se a populacão de Campinas dobrasse do dia para a noite, ainda assim teríamos mais celulares do que gente aqui na cidade. As pessoas têm celular para quê? Para falar, provavelmente? 

Por que as pessoas não tem celular para ouvir? Algumas os têm para afirmar: olha, posso até falar com você de vez em quando, mas não apareça na minha frente, por favor, não quero te ver.

Eu acho que a sociedade passa por um momento engraçado e triste ao mesmo tempo que é a era da solidão. Só que mais do que isso. É um tempo em que é feio ser sozinho. É anormal, é ridículo, é motivo de pena. Então a exposição, a falta de discrição e a vida superfantástica (amigo que bom estar contigo no nosso balão!) são elementos que não podem faltar nas conversas, nas redes sociais, na ideia que os outros têm da gente.

Eu sou uma pessoa sozinha, às vezes solitária, mas sabe, eu acho isso normal. E dou graças a Deus às vezes. Tenho uma vida que segue uma rotina meio monótona, por vezes crio situações novas, saio um pouco, fico em casa - mas faço o que é necessário e o que me traz conforto, quando possível.

E acho que ao ver o quanto as pessoas falam ao celular por horas e horas e horas ou expõe a todo custo o quanto elas estão se divertindo e rindo e transando e curtindo a vida numa boa eu percebo que sou alguém que preza mais pelo autoconhecimento. O que de fato é uma coisa mesquinha: querer conhecer e gostar mais de si mesmo do que dos outros. E, poxa vida, parece que só eu e mais 3 pessoas pensam assim, em meio a tanta badalação, holofotes e capas de revistas.

Eu queria penetrar na alma de algumas pessoas para saber o que elas realmente fazem para si mesmas. Eu queria penetrar na minha alma para saber a mesma coisa também. No fundo, eu sei. Mas é humilhante você reconhecer que algumas atitudes e decisões foram tomadas apenas para servir ao pensamento dos outros. É surreal. É bizarro, como diria uma juventude que já passou.

E lembra que antigamente telefone sem fio era aquela brincadeira em que todos formavam uma fila e tinham que fazer uma mensagem dita ao pé do ouvido passar de pessoa por pessoa e chegar intacta até o último jogador? Era legal, ficava todo mundo pertinho.

sábado, 3 de março de 2012

Andar

"Life is like riding a bicycle. In order to keep your balance you must keep moving .

Hoje me assustei porque eu sou muito feliz. Um susto, mesmo. Estranho me ver diante do maior amor do mundo. Parece que me deparo com um gigante que poderia me despedaçar e, ao invés disso, ele me estende a mão e me leva às alturas. Coloca-me sobre seus ombros  e me faz ver algo que sozinho eu jamais perceberia. Não me ignora. Apenas me faz companhia.

Essa sensação de estar sendo abraçado eternamente me faz tão... grato.
Quero agradecer pra sempre.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Sobre enciclopédias de papel (parte 1)

Quando eu estava na quinta série, a minha mãe comprou uma série daquelas enciclopédias que vem com no mínimo 951583156416254 volumes. A nossa, por mera exceção, tinha 11 - 10 volumes indexados de A a Z, indicando a inicial do tema que o leitor desejava pesquisar e um volume que era uma espécie de guia do usuário, para que pessoas sem-noção não começassem sequencialmente a sua busca pela palavra "Zoológico" pelo volume 1, o da letra A. E uma enciclopédia sexual veio de brinde. E é sobre ela que vamos falar.

Mentira. Só quis prender a atenção do leitor.

A questão é que desde a quinta série, ou seja... (processando, processando, processando, cálculos concluídos porém com uma margem de erro grande!) em quase 13 anos, eu usei aquele monte de livros (processando, processando, processando, cálculos concluídos porém com uma margem de erro grande!) duas vezes, efetivamente. Mas tive algumas tentativas frustradas, por exemplo: precisava fazer um trabalho sobre um dos cinco sentidos (gente, são cinco mesmo? esqueci!). Estava na sétima série.  O meu tema era "Paladar". Fui na enciclopédia e não achei. Claro que não, porque eu deveria ter pesquisado por "Gustição"! Gustição, como assim? Só fui saber o que era "gustição" porque a enciclopédia era culta - e eu não. 

Enfim, mesmo com essa confusão, ainda tive tempo de fazer o trabalho usando a enciclopédia prolixa. E era em grupo ainda. Odiava trabalho em grupo naquela época: gente esquisita atrai gente estranha. Se o circo passasse pela cidade, capturava a minha equipe. E sabe como é trabalho em grupo de ensino fundamental: hoje um digita no google, o outro clica um terceiro imprime e um quarto coloca o nome dos 20 integrantes na capa. Mas na época não era assim. No caso, eu pesquisei, um maluco trouxe o papel almaço e uma doida transcreveu o artigo da enciclopédia. Só que tinha um pequeno problema:

Ela era meio semianalfabeta. Sim, meio semianalfabeta. Acho que até hoje em dia a coisa está assim. Só que isso era normal. Não estou sendo muito preconceituoso, só estou descrevendo o mundo como o vejo sem levar em consideração outras pessoas. Isso não é ser preconceituoso, é?

Continuando: Quando eu vi o nosso trabalho, eu quis morrer. Calma gente (mais uma vez). Eu já quis morrer em outras situações. E nem tenho tendências suicidas, mas quem vive quer morrer em pelo menos 4659436212 situações.

A questão era que o trabalho estava cheio de erros de grafia. Eu lembro que eu tive que corrigir às pressas o que eu sabia que estava errado - colocava as palavras em parênteses e escrevia por cima, porque se eu usasse corretivo não seria um trabalho em papel e sim uma placa de gesso. Fiz o que pude. Eu lembro que eram tantos erros, que eu desisti antes do fim. Calma gente (novamente, de novo). É normal desistir antes do fim. E se você acha que não, me diz então: Quantas medalhas olímpicas você tem?

Mas este assunto é muito sério. Naquela época, coisa de uma década atrás, o material de apoio estava ultrapassado e os alunos não conseguiam visualizar o quanto erros desta natureza definem a sua condição de cidadão. E que isso é um indício forte de que uma boa oportunidade (som dos tambores! expectativa!) não vai surgir. Pareço um pouco professor de filosofia frustrado e desqualificado ao falar isso, mas não tenho classe pra formalizar o que penso sobre o assunto, então falo dessa maneira sobrenatural que vocês estão vendo.

Uma das coisas que mais me orgulho - me desculpem a falta de modéstia, ainda mais sobre algo tão sem brilho - é da minha escrita, mesmo que haja erros em alguns momentos. Mas acho que são poucos. É tão bonito escrever bem. "Escrever direitinho", como eu diria se fosse professor primário.

Numa situação, alguns anos depois, eu saí com alguns amigos e encontrei essa pessoa que escreveu o trabalho todo errado. E ela trabalhava como garçonete em uma padaria. A gente conversou brevemente e, sabe, eu não me senti muito bem. Pode parecer arrogância, prepotência ou superego. E corre o risco de ser tudo isso mesmo. Eu estava na faculdade, muito bem, muito feliz, de férias e ela estava ali, numa situação um tanto estagnada. Faltou maturidade para mim, poderia ter feito algumas perguntas, ser mais sociável, até porque convivo com muitas pessoas simples. Mas "o que passou, passou" - como diz aquela música de axé.

Só que eu não queria estar no lugar dela. E não queria estar no meu também. Estranho como o estudo te liberta de algumas coisas ruins e te prende a outras.

Às vezes confundo problemas com soluções.

A gente costuma falar que o problema do Brasil é a educação. Mas o problema do Brasil é a desigualdade. Entre pessoas que estiveram tão próximas.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Sacolas retornáveis e outros amores

Hoje acabei comprando uma sacola retornável. Em muitas cidades os supermercados já não distribuirão mais sacolinhas plásticas. Achei ruim, mas já era hora, afinal, é uma coisa que é feita pra ser jogada fora.
E hoje em dia tudo é assim. Nada é feito para durar. E esta moda de reciclar ou reutilizar está entrando aos poucos na minha vida. Os meus sentimentos bons, meus amores e meu trabalho devem ser como sacolas retornáveis. Quero abrir os olhos para isso. Quero que as pessoas sintam isso também.

Pra quem coleciona sacolas descartáveis, sinto muito. E pra quem coleciona amores, também.