sábado, 29 de maio de 2010

Quando a gente pensa não estar pronto

Acho que eu sou desses que precisa de um milhão de certezas. Às vezes não gosto da vida como ela realmente é. Mas isso é fraqueza minha. Tenho lutado pra ser mais do que eu sou, confiar em mim de uma forma como nunca aconteceu antes. Tudo isso pra ver se a vida toma um rumo. E quando me acho um lixo, é porque penso que sou visto assim pelos outros. E isso é tão imaturo da minha parte. Acho que a gente só começa a se amar no momento em que ignora tudo aquilo que os outros pensam da gente. Isso é extremamente clichê e old fashion, mas é uma verdade que vai durar pra sempre.
Esta semana eu tive uma grande oportunidade de ser humilde. Fui posto à prova mesmo. E o pior é que sempre achei que eu fosse extremamente humilde. Mas isso era hipocrisia da minha parte. Eu tive uma chance e achei que ela fosse pouco pra mim. Agora não posso mais descartá-la. O que parecia pouco, na verdade, é tudo pra mim.
Eu espero que a vida possa me perdoar por eu não dar tanto valor a pessoas e ao esforço que elas fazem para me ver feliz.
Então que aconteça aquilo que está escrito, porque eu estou pronto e com a humildade necessária para recomeçar.

sábado, 22 de maio de 2010

Falha

Porque hoje eu fui tomado por um desespero.
Se eu escrevesse trezentos textos, todos seriam sobre você.
Eu gosto de você e não me falta inspiração para escrever.
Só que eu sinto que não me faz bem,
te querer em palavras, assim,
tão espaçadas.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Todo o amor que a gente deixa de dar

Já faz um tempo, eu vi uma senhora abraçada com a irmã ou com uma amiga, as duas quase da mesma idade e demorou um tempo pra eu perceber que quase não vejo isto na minha vida. A sensação que tenho às vezes é que velho não tem muito carinho por velho. Talvez seja a maturidade e a aquele sentimento de se conformar com as perdas sucessivas que vêm com o tempo. E de ser humilde diante de tudo isso. Mas a gente precisa ser assim? Onde foi parar todo o amor que a gente guardou? Por que por mais que o coração esteja aberto pra tudo, a gente sempre economiza um pouquinho pra uma hora especial. E o tempo passa e a gente se abraça cada vez menos. Eu vejo o exemplo de alguns casais de velhinhos que eu conheço, que quase não conversam, só resmungam um com o outro, mas que se amam loucamente. E tem até aquela história de que se um morre, pode comprar dois caixões, porque depois de pouco tempo o outro vai bater as botas também. Acho que uma parte desse louco amor vem daí: o velho quer que a velha viva pra sempre porque a morte dela implica diretamente na longevidade dele. E por menor que seja a aposentadoria, viver valhe a pena. Só que, claro, é muito mais do que isso. É o parceiro de uma vida. É a parte principal da sua história. É quem sempre esteve lá. E isso me faz me lembrar daquele texto banalizado intitulado "filtro solar" que diz algo mais ou menos assim: talvez você case, talvez não; talvez tenha filhos, talvez não. Eu particularmente espero que você tenha tudo. Mas caso você não tenha, eu espero que o seu amor seja transmito a quem estiver mais próximo. Se você não tiver um marido, você tem um pai, um irmão, um amigo, um vizinho, um animal de estimação. Eu desejo que você tenha amor para dar. E como diz aquela canção super brega que eu amo: perigo é ter você perto dos olhos mas longe do coração.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vaidade

Será que alguém nota quando eu me aproximo,
não pelo barulho dos passos ou dos objetos que derrubo,
mas por me achar interessante?
Será que eu desperto algum tipo de desejo
bom
em alguém?
Eu sou capaz de atrair olhares
de uma forma que eu não penso ser capaz?
A vaidade não é querer saber tudo isso.
A vaidade é o silêncio do mundo
que não me permite decifrá-lo.

domingo, 16 de maio de 2010

Anne Frank - para sempre

Como não amar uma garota que soube amadurecer em meio a tanto sofrimento? Tantas limitações, tantas censuras... Tanto amor e força que ela pôde compartilhar com o seu diário e, definitivamente, o livro sempre será um sucesso porque é impossível não se identificar com ela, tê-la como exemplo e ver que os nossos problemas são pequenos demais.
A sensação de ler o diário, para mim, foi desesperadora. Saber que alguém tão especial foi vítima da crueldade do momento histórico em questão me fez reacender como ser humano. Este é o livro que guia a minha vida no momento. É um tempo de ter esperança, de crescer e de ser quem eu sou. Sempre.

Eu me perguntei várias vezes se não teria sido melhor não termos nos escondido, se estivéssemos mortos agora e não tivéssemos de passar por toda essa desgraça, especialmente para que os outros fossem poupados desse fardo. Mas nos encolhemos só de pensar. Ainda amamos a vida, ainda não esquecemos a voz da natureza e continuamos com esperança... de tudo. Que chegue ao fim, mesmo que seja cruel; pelo menos saberemos se vamos ser vencedores ou vencidos - Anne Frank.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sugar

Os meus hormônios enlouquecem
e o máximo que eu posso fazer é a barba.
E cada célula viva do meu corpo
me faz perceber que eu pertenço a este mundo.
Somos imperfeitos.
Feitos um para o outro.
Ouço uma música enquanto
espero a hora chegar
Sugar we're going down
in an earlier round
Eu, com toda a poeira de um mundo
num universo de improbabilidades,
tenho esperança.
E apostas.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Para não precipitar

tudo aquilo
que não cabe no poema
faz-se necessário aos olhos de quem lê
é o que mal posso explicar
um toque sublime
um segredo que eu ainda não criei
um sorriso atravessa os meu lábios
resolve não ficar
todo esse mistério se espalha
com memórias apagadas
de uma história que já foi minha
e todos os anjos repousam
sobre lágrimas vaporizadas
dos amantes que ficaram

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Gota d'água

Quando você se tornou mãe, você tinha 21 anos. Eu tenho 21 anos hoje e posso imaginar o quanto você teve que abrir mão para cuidar dos seus filhos. E mesmo tão nova você tinha todas as respostas que eu precisava. Fico feliz por você não ter desistido de mim. Só você sabe o quanto eu sou insuportável e que a convivência pode ser difícil quando eu decido soltar as rédeas dos meus pensamentos. Você sabe quem eu sou de verdade e já me perdoou milhares de vezes. Eu fico pensando que você teve um filho muito difícil de decifrar, com um temperamento esquisito, um gênio forte, uma personalidade extremista. Tenho medo que você não me reconheça às vezes. Você lutou tanto e merecia tão mais, no entanto, eu sou só o que sou. Mãe, eu tenho aprendido a acreditar mais em mim e acho que eu estou me dedicando mais à vida. Posso dizer humildemente que boa parte dessa mudança que venho fazendo é pra te dar um filho melhor.
Feliz dias das Mães.

terça-feira, 4 de maio de 2010

12, 13, 14...

Tem dias que a gente está meio assim: sei lá.
E nesses dias eu fico me perguntando para onde tudo o que eu vivo vai me levar.
Eu achava que era medo. Mas no fundo é ansiedade pelo futuro.
Talvez porque o tempo presente às vezes é um presente de grego.
Você é grato, coisa e tal por estar vivo, mas no fundo sabe que a rotina está te matando.
E não adianta usar aquela teoria de liberar geral, de jogar tudo pro alto... até porque você nem tem o que jogar. E eu sou dependente dessa monogamia social. Me sinto culpado às vezes por estar ouvindo música ou lendo ou, ainda, escrevendo, quando na verdade deveria estar pensando em construir um futuro - futuro, que eu digo, é aquele em que me vejo pagando as minhas contas. Porque tudo o que eu faço dá futuro, mas posso passar muita fome quando ele chegar. Então tenho que escolher bem. Ainda mais guloso do jeito que sou.
Mas é uma pena. Às vezes a gente quer dançar loucamente mas a balada nem começou ainda. E a gente espera pra ver se alguém abre mão do correto e diz que também quer sair pra curtir aquilo que está do lado de fora. Só que é tão difícil ceder, ser o rebelde, levar pro mal caminho.

Eu me imagino naqueles escritórios, que na verdade são compartimentos de cobaias em que existem várias mesas e várias pessoas em seus computadores - tudo isso em uma única sala - e eu falo baixinho pro cara do lado: Ei, vamos sair? E ele se assusta, pergunta se é brincadeira, fica receoso, pensa com os olhinhos mexendo e diz: Vamos, mas você não pode voltar atrás - posso chamar a Raquel? E chama. Ela reage e aceita. A Raquel chama o Fábio. O Fábio chama o Ricardo. O Ricardo chama a Paula. A gente faz um complô. A gente combina. Todo mundo abaixa e sai engatinhando. Atravessa a porta. Pega o elevador. Com capacidade para 10 pessoas. Nós estamos em 12, 13, 14... Cada vez mais gente. Todo mundo escapando.
E por ai vai. Até que um dia só o chefe vai estar na sala. Dai ele pega o mesmo elevador, com capacidade pra 10 pessoas. Mas de tão gasto das viagens com 12, 13, 14... pessoas, o elevador cai.
E a gente vê mesmo que a vida é do lado de fora.

sábado, 1 de maio de 2010

Eu não tô aqui pra passarem a mão na minha bunda

Odeio esta situação. Ela me deixa faminto. Mas enquanto o meu metabolismo estiver com tudo eu vou mais é aproveitar. Eu queria mesmo era ter um controle remoto para a minha vida. Resolver tudo apertando um botão. Pra desligar às vezes, deixar no mudo, trocar de canal, programar o sleep. Não, eu não quero um controle remoto sobre a minha vida. Eu quero é controlar a vida dos outros. Por que os outros é que são um saco. Eu não. Poxa, eu sou bacana. Eu odeio amar as minhas qualidades-defeito. Você deve ter uma também. E deve amar odiá-las ao mesmo tempo em que escrevo tudo isso. Como uma característica tão boa pode ser às vezes um mal. Será que é a dose?
Vamos a origem. Hoje eu recebi uma crítica. Nem construtiva nem coisa nenhuma. Uma crítica para preencher a conversa de uma pessoa. Só era este o objetivo. E eu, indefeso e ingênuo, retruquei. Sim, porque eu sou uma fera mansa. Mas não pude me controlar e tive pouco tempo para pensar. Sabe quando a pessoa te fala algo estúpido e fica esperando você responder com velhas desculpinhas. Peço perdão, mas eu não sou assim. Eu desço o cacete mesmo. Ainda mais quando eu percebo o tom de maldade que o outro carrega. E é essa a minha qualidade-defeito: eu interpreto tudo muito bem e muito rápido. Ao ouvir uma ironia medíocre, não espere que eu processe tudo e só responda no outro dia. Eu falo na hora, emendo o diálogo. Porque eu posso até permitir que me critiquem por me acharem pouco dedicado, ou que ando muito cansado ou, ainda, desatencioso. Mas eu não admito que me deixem triste. Que coloquem nas minhas costas mais um peso pra eu carregar. Eu não. Eu sei quem eu sou e adoro me conhecer. Já fiz tantas promessas pra mim mesmo e não cumpri que me acho um idiota por trair aquele que mais amo. Eu mereço a minha defesa. Até porque eu moro sozinho, tenho que segurar as pontas por aqui, tenho que ser dono do meu nariz, faço café, vou à feira. Se eu não me cuidar, o que é que eu viro? É uma pena só eu saber das minhas intenções; não é porque o inferno está cheio delas que no céu você não vai encontrá-las, não é mesmo?
Mas voltando à questão: talvez eu tenha criado uma boa oportunidade de ser eu mesmo em uma hora péssima. Vai entender esse relógio do acaso. Mas gente, não dá mais pra tentar conter as dores de todo mundo.
Odeio quando sou sincero. Fiquei pensando nisso o dia todo. E olha que eu tinha tanta coisa importante pra fazer. É ruim fazer o que é certo no momento e, passado o tal momento, o certo muda de lado. Enfim, as pessoas podem achar que eu sou um alvo fácil. Desses que você pode falar o que bem quer que nunca vai ter uma resposta de volta. Só que eu não posso negar quem eu sou. E, meu amor, nesse jogo eu sou uma flecha. Com fogo.

Escrito em 26/04/2010