sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Corpo a Corpo

e naquela confusão de pernas, braços e abraços,
onde estava o sentimento?
em algum canto do quarto,
protegido,
distante,
perdido.

O Romântico

Você pra mim é um sonho.
Desses, que a gente só precisa acordar pra esquecer.

Eu por mim mesmo II

É egoísmo escrever um post inteirinho só sobre mim?
Acho que é, né?
Ah, então não vou escrever mais não =S

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ciclo do esquecimento

ainda não é tarde.
eu tenho tempo pra te dar um motivo
você tem o mesmo tempo pra inventar uma desculpa
minha mãe tem tempo pra me dar um conselho
meu pai tem tempo pra me falar das notícias
minha irmã tem tempo pra ler a revista
meu irmão tem tempo pra falar ao telefone
ainda não é tão tarde
você tem tempo pra perceber que está sozinho
eu tenho tempo pra sentir que estou te esperando
minha mãe tem tempo de olhar pela janela
meu pai tem tempo pra falar sobre a chuva
minha irmã tem tempo pra provar aquela roupa
meu irmão tem tempo pra deitar na rede
e mesmo que amanheça
e você desapareça
ainda não é muito tarde
a minha mãe continua me dando conselhos
meu pai continua com aquelas notícias
minha irmã continua com aquelas roupas
meu irmão ainda está ao telefone
tudo continua existindo
mesmo sem você por perto
a minha vida parece com aqueles cds riscados
algumas faixas já não tocam mais
mas eu, por vezes, insisto
as canções ficam para trás
junto com você
e qual é o tempo para te esquecer?
o tempo de uma música?
o tempo de um filme? um curta, quem sabe?
o tempo de escrever um texto?
então, deixe-me ouvir uma música,
ou ver um filme, um curta, quem sabe?
e, tentando te esquecer
talvez eu descubra algo melhor para se fazer.
enquanto isso,
minha mãe tem tempo de olhar pela janela,
meu pai tem tempo pra falar sobre a chuva...


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

sobre os posts abaixo:

o que eu tô falando?
o que eu tô fazendo aqui?
em um texto fica a impressão de que eu sou o cara mais solteiro do mundo,
no outro, parece que tem alguém me ligando.
a realidade?
não há.

sei lá!

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui eu não sou de Marte

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

por horas e horas e horas

porque meu coração dispara quando vem o seu cheiro
dentro de um livro
dentro da noite veloz

quando você liga pra dizer que me ama, eu me sinto tímido. feliz, mas tímido. eu espero o telefone tocar mais de uma vez. eu sinto o coração acelerar. então eu atendo.

o resto?

o resto você já sabe.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Nova música velha!

. essa música existe há tempos. sempre ouvia, mas não achava nada demais. só que hoje eu percebi que ela é especial pra mim e me inspira coisas novas. se a música é velha, então o sentimento é novo. será isso?


Quis evitar teus olhos, mas não pude reagir
Fico à vontade então...
Acho que é bobagem
A mania de fingir
Negando a intenção
Quando um certo alguém cruzou o teu caminho
E te mudou a direção ...

Chego a ficar sem jeito, mas não deixo de seguir
A tua aparição
Quando um certo alguém desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar!

... além do que se vê


O Homem desceu da montanha e me disse:

- Thiago, eu te via lá de cima e você parecia tão triste. Agora que estou te vendo de perto, eu descobri que meus olhos estavam errados.


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O diálogo

- Você me ama?
- ...

O gosto amargo do silêncio sempre me faz lembrar da sua resposta. Ou da inexistência dela.

domingo, 19 de outubro de 2008

. faz de conta que ainda é cedo .

Domingo é o dia em que eu mais sinto falta de casa. Era dia da amargura coletiva. Meu pai dormia no quarto, minha mãe dormia na sala. Meu pai levantava logo. Eu ficava no computador vadiando. Ou então minha irmã pesquisava alguma coisa, ou vadiava também. Eu e a minha irmã ficávamos no mesmo quarto. Meu irmão jogava videogame ou via o jogo. Depois ia parar todo mundo na sala. A gente via as videocassetadas, um pouco do Fantástico. Às vezes meu pai via um filme de faroeste na tv fechada, mudava de canal toda hora... tudo isso pro desespero da minha mãe.
O jantar de domingo de cada um era independente. Eu comia pão com alguma coisa, meu pai também. Alguém esquentava alguma coisa do almoço. A gente almoçava tão tarde que tinha dia que nem dava fome à noite. Meu pai só ia dormir depois que acabasse aquela sessão de filmes ruins que passa depois do Fantástico. Minha mãe dormia de novo na sala. Eu ficava meio na sala, meio no quarto. Cansava do quarto. Ia pra sala e deitava no tapete, com algumas almofadas. E depois a gente ia dormir de verdade. Dormir de verdade é quando você dorme num dia e acorda no outro. Só os mortos e os jovens não sabem o que é isso.
Esse texto que eu acabei de escrever é tão trivial, mas é a minha verdade. Eu vou batizar de "verdade do domingo".



sábado, 18 de outubro de 2008

Eu por mim mesmo I

Tive a idéia de criar uma coletânea de posts que falem exclusivamente de mim. A pergunta é: quanto tempo essa idéia vai durar? A resposta é: não sei. Bom, então esta é a primeira coisa que eu te digo sobre mim: quando você me perguntar algo, mesmo que eu saiba a resposta, a minha primeira reação é dizer "sei lá", "não sei" ou repetir a sua pergunta, inserindo um "será" no começo da frase. Exemplos:

_ Thiago, você sabe qual exercício é pra entregar?
_ Não sei.
_ É pra terça?
_ Sei lá.
_ Tem que digitar?
_ Será que tem que digitar?

Outra coisa. Eu às vezes começo a contar alguma coisa que aconteceu comigo e paro na metade. Sei lá, me dá uma preguiça de terminar de falar. Às pessoas ficam um pouco irritadas e vêm com aquele "começou, agora termina". Não adianta, eu não termino.
Eu tenho uma fobia. Na verdade não é bem uma fobia, é uma... nossa, tô com uma preguiça de terminar esse post. Bom, acabou por hoje. E olha que eu tinha tanta coisa pra falar de mim [nem tinha]. Bom, a fobia fica pro próximo capítulo então. Mil beijos.

O Castanheiro

Os palpites de Thiago

Tô com saudade de você
Debaixo do meu cobertor
E te arrancar suspiros
Fazer amor
Tô com saudade de você
Na varanda em noite quente
E o arrepio frio
Que dá na gente
Truque do desejo
Guardo na boca
O gosto do beijo...


Amanhã vai chover?
Bom, dentro de casa não chove
(pelo menos não nesta casa).
Esse palpite é seguro.


O amor pode acontecer
De novo prá você
Palpite!...
(Esse palpite já não é tão seguro)

//Vanessa Rangel feat. Thiago ;]]

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

a história do menino.

O menino, que vivia no mundo dos corações perecíveis, estava com um baita problema. Esqueceram de gravar em seu coração a data de validade. Todo mundo tinha, menos o menino. Logo, o menino amaria para sempre. Ele tentou falar pra mãe, mas a mãe não levou a sério. " O menino tem essa mania de achar problema em tudo", disse a mãe. Tentou falar pro pai, mas o pai via o jogo na TV, e nunca o menino atrapalhava o pai nesse momento. Uma vez atrapalhou, mas o menino levou tanta chinelada que hoje em dia ele nem respira perto da tv em dia de jogo.
E foi assim que esqueceram de gravar no coração do menino a data de validade: aquele ano era ano de Copa. Aquele dia, era dia de jogo do Brasil. O pai do menino quase teve um ataque dos rins quando teve que largar a tv para levar a mãe do menino para o hospital. O médico tirou o menino de dentro da mãe e voltou correndo pra salinha da tv, junto com o pai do menino. E deu nisso, o menino estava condenado a amar todo dia.
O menino amava tanto e sem parar que um dia o pai e a mãe levaram o menino pro médico (na verdade, levariam o menino antes, mas justo no dia teve jogo das eliminatórias da Copa, dai o pai não levou o menino). O médico examinou aqui, ali... O menino respirava aqui, ali. O médico não sabia o que o menino tinha. "Virose", disse então. Deitaram o menino na cama. Por meses. Mas o menino não sarava da tal doença.
O menino amava o cãozinho, amava os irmãos e até os primos. O pai colocou o menino pra ser juiz de futebol. Mas não deu certo porque o menino era justo demais. Aquilo deixava o pai irritado demais. A mãe levou o menino para ser coroinha. O menino era um anjo. Então não deu certo, a mãe pensou que o menino estava competindo com Anjo Gabriel só pra deixar a avó irritada. Tirou o menino da igreja. "Não há nada que dê jeito no menino", disse a avó. Na escola, o menino não passava de ano. Motivo: amava demais a professora. Não queria mudar de turma. Solução: falaram pro menino que se ele passasse de ano a professora iria junto. O menino passou de ano, a professora não foi junto. Machucaram o menino desse jeito. Na verdade, machucaram o menino muitas vezes. O que mais machucava o menino era saber que ele amava, mas as pessoas que rodeavam o menino amavam com limitações. Assim sendo, não amavam. Ao mesmo tempo que o menino foi condenado a amar, ele foi condenado a sofrer. O menino foi ficando triste, e seguiu triste até que um dia o menino acordou bem. Estava feliz, estava como todos os outros.
Mas de repente, o menino puxou o cabelo da prima, grudou chiclete na calça do pai e xingou a mãe. Surpresos, levaram o menino no médico. "Virose", disse o médico mais uma vez.
O menino percebeu então, com os dias, que ele também estava amando pela metade. Ele estava curado. O menino descobriu então que o seu coração já não era imperecível. O menino ficou triste, afinal amar era uma coisa boa. Mas o menino percebeu também que ele tinha deixado de sofrer tanto.
O menino cresceu e descobriu que para deixar de sofrer, as pessoas abrem mão de amar. Amar de verdade. O prazo de validade brotou no coração do menino no exato momento em que ele se tornou um homem.
O sonho do menino era ser uma árvore com muitas frutas doces. O sonho do homem é ser lenhador. Crescer, às vezes, significa sacrificar. Sacrificar sem necessidade de sacrificar.
Por que? Ora essa, matar é mais fácil do que cultivar.

//Thi

do livro que eu terminei de ler agora pouco

Honestamente, eu não sei escrever alguma coisa que realmente mostre o quanto eu gostei desta curta história. Digitei, apaguei. Então desisti. Seja cúmplice você tbm ;)p

- Santiago, filho - gritou-lhe - o que houve com você?
- Me mataram, querida Wene - disse.
Tropeçou no último degrau, mas se levantou imediatamente."Teve até cuidado de sacudir com as mãos a terra que ficou em suas tripas", disse-me tia Wene. Depois entrou em sua casa pela porta dos fundos, e desabou de bruços na cozinha.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

+ do filme que eu vi hoje!


- Eu te acordei?
- Sim. O que aconteceu?
- Eu decidi desistir de olhar para o passado. Deixei tudo para trás. Agora tenho que olhar para meu futuro. Chega de fugir. Eu vou crescer.
- O que causou isso?
- Eu retomei minha razão.
- Eu vou voltar para a cama.
- Eu te amo Alice.
- O que você disse?
- Eu disse 'vamos jantar hoje?'.
- Eu não posso hoje. Que tal amanhã?
- Certo... Alice, eu te amo.
- O que?
- Podemos comer risoto com cogumelos.
- Certo, te vejo.

De um filme que eu vi hoje!


- Fala sério! Você já conseguiu ser amigo das garotas com quem você dormiu?
- Não tenho certeza.
- Deixa rolar.
- Quem sabe, se eu encontrar Charlotte um dia nós podemos nos tornar amigos.
- Não, se você encontrar com ela, você irá pensar em levá-la para cama.
- No geral você está certa. Você é a minha única amiga mulher.
- Porque nunca dormimos juntos.
- Eu não me importo...

manifesto

When I was a kid I used to pray every night for a new bicycle.
Then I realised God doesn’t work that way, so I stole
one and prayed for forgiveness


by Emo Philips

A Notícia em Primeiro Lugar

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Resposta a perguntas freqüentes:

Como saber se sou adolescente ou adulto?

O adolescente escreve sobre o que ele quer ser.
O adulto escreve sobre o que ele não foi.

Cuidado, há meio-termo. Eu que o diga.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Meu caminho é meio perdido

mas que perder seja o melhor destino.

A minha vida está perdendo a hora.
Chego pra aula atrasado, durmo tarde, atraso o pagamento da conta,
deixo os pedidos de desculpa pra depois e as explicações pra mais tarde.
Quando vejo, hoje já é amanhã. Os acontecimentos me atropelam
antes que eu possa tomar conhecimento de alguma coisa.
Ou o mundo está girando muito rápido ou eu estou vivendo muito devagar.
Mas sigo vivendo, ao menos.

Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua.

domingo, 12 de outubro de 2008

Estamira I

"A minha missão é revelar''
"O lixo é resto e descuido"
"Adoro isso aqui. A coisa que mais adoro é trabalhar"
"Eu não tenho raiva de homem nenhum. Eu tenho dó"
"Vocês não aprendem na escola. Vocês copiam"
"Copiar hipocrisias e mentiras"
"Escravos disfarçados de libertos"
"A minha depressão é imensa"

Hoje eu tive a felicidade de conferir este documentário. Mais uma oportunidade de rever nossos conceitos. A realidade é um lixo? E a lucidez, é loucura? Tendo como cenário um lixão carioca e como porta voz uma catadora de lixo com muitas histórias de luta e sofrimento para contar, o filme mostra que a hipocrisia e a mentira têm o poder de nos tornar cegos diante dos problemas sociais. Loucura é dizer tudo aquilo que se pensa. Uma dose de verdade, para aqueles que a procuram.
Um filme que você nunca vai ver na Globo. Ou seja, compensa muito assistir.

Estamira II


O filme Estamira revela antes de mais nada o respeito à escuta do outro, do diferente, do estranho. Estranho que, entretanto, nos é familiar de alguma forma. Como não admirar - e concordar - com a frase dita por uma doente mental crônica segundo a qual "não existem mais ´inocentes´, mas sim ´espertos ao contrário´ " ?

Em uma cidade, um estado e um país mergulhados num sufocante lixo ético, o "lixão" de Gramacho, nem tão longe da decantada "Cidade Maravilhosa", se transforma numa metáfora deprimente do estado a que chegamos. Com humor que nos atenua as dores intoleráveis, o "Barão de Itararé" assim chamava o "Estado Novo" getulista: o estado a que chegamos. Como chamar o atual estado de coisas a que chegamos?

Não nos iludimos achando que os inúmeros traumas e vicissitudes pelas quais passou a personagem real que dá título ao documentário de Marcos Prado teriam sido "a causa" de sua doença mental. Sua mãe também necessitou de tratamentos psiquiátricos. Uma tendência desfavorável já a acompanhava geneticamente. Mas sua história de vida (que o filme vai desvendando aos poucos), sua especificidade e sua subjetividade - única e irreproduzível - estão inscritas em seus delírios, alucinações e modo de estar no mundo. Nada é gratuito, tudo é revelado, desvelado ou re-escrito na forma de Dona Estamira se apresentar. Seu discurso pode chegar a formular lições de sabedoria, mas, antes de tudo, expõe sua percepção peculiar de si mesma e do mundo em que nos encontramos: delirante e sábia, confusa e cristalina, atordoante e provocadora de reflexão.

Luiz Fernando Gallego

Estamira III


MISSÃO

A minha missão, além d’eu ser Estamira, é revelar a verdade, somente a verdade. Seja mentira, seja capturar a mentira e tacar na cara, ou então ensinar a mostrar o que eles não sabem, os inocentes… Não tem mais inocente, não tem. Tem esperto ao contrário, esperto ao contrário tem, mas inocente não tem não.

ABSTRATO

Eu Estamira sou a visão de cada um.
Ninguém pode viver sem mim. Ninguém pode viver sem Estamira. E eu sinto orgulho e tristeza por isso.
A criação toda é abstrata. O espaço inteiro é abstrato. A água é abstrato. O fogo é abstrato. Tudo é abstrato. Estamira também é abstrato.

TRABALHO

Foi combinado alimentai-vos o corpo com o suor do próprio rosto, não foi com sacrifício. Sacrifício é uma coisa, agora, trabalhar é outra coisa. Absoluto. Absoluto. Eu, Estamira, que vos digo ao mundo inteiro, a todos, trabalhar, não sacrificar.

DEUS

Que Deus é esse? Que Jesus é esse, que só fala em guerra e não sei o quê?! Não é ele que é o próprio trocadilho? Só pra otário, pra esperto ao contrário, bobado, bestalhado. Quem já teve medo de dizer a verdade, largou de morrer? Largou? Quem andou com Deus dia e noite, noite e dia na boca ainda mais com os deboches, largou de morrer? Quem fez o que ele mandou, o que o da quadrilha dele manda, largou de morrer? Largou de passar fome? Largou de miséria? Ah, não dá!

TERRA

A Terra disse, ela falava, agora que ela já tá morta, ela disse que então ela não seria testemunha de nada. Olha o quê que aconteceu com ela. Eu fiquei de mal com ela uma porção de tempo, e falei pra ela que até que ela provasse o contrário. Ela me provou o contrário, a Terra. Ela me provou o contrário porque ela é indefesa. A Terra é indefesa.
A minha carne, o sangue, são indefesos, como a Terra; mas eu, a minha áurea não é indefesa não. Se queimar o espaço todinho, e eu tô no meio, pode queimar, eu tô no meio, invisível. Se queimar meu sentimento, minha carne, meu sangue, se for pra o bem, se for pra verdade, pra o bem, pela lucidez de todos os seres, pra mim pode ser agora, nesse segundo, e eu agradeço ainda.

fonte: site oficial

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Good Morning Life


Na verdade hoje é seu aniversário, e eu nem sei o que te dizer. Eu fico feliz por você. Só que fico feliz de verdade. Eu tenho tanta saudade. Mais do que você imagina. Às vezes penso que se eu soubesse o quanto seria difícil ficar longe de você e de todo mundo que eu gosto, eu não teria me mudado. Você não é mais tão criança para fazer certas coisas. E não é tão adolescente pra fazer outras. É disso que eu mais me lembro quando eu tinha a sua idade. E sei o quanto é difícil entender esse mundo tão confuso em que a gente vive. Espero que você também esteja feliz, porque eu quero te ver sempre assim. E se eu pudesse te deixar um presente que durasse para sempre, eu te deixaria a minha paz. Quando você nasceu eu tinha sete anos, e foi muito diferente pra mim porque as coisas mudaram muito rápido. E você é tão importante, que eu quase não lembro das coisas que aconteceram antes de você chegar. Eu me arrependo das vezes em que a gente brigou, das mentiras e de outras coisas ruins que acabaram acontecendo, coisas que eu fiz e que te deixaram triste. Espero que eu tenha alguma coisa pra ensinar pra você. E se é assim, o que eu diria pra você é que cada vez mais eu percebo que eu sempre tive tudo, mas eu nunca percebi. E hoje eu sei que é muito bom ter irmãos, porque eu não me imagino sem você. Amor incondicional existe. Eu sei.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mais feliz!

O nosso amor não vai parar de rolar
De fugir e seguir como um rio
O nosso amor não vai olhar para trás
Desencantar, nem ser tema de livro
A vida inteira eu quis um verso simples
P'ra transformar o que eu digo
Rimas fáceis, calafrios
Fure o dedo, faz um pacto comigo
Num segundo teu no meu
Por um segundo mais feliz

/ Dé/ Bebel Gilberto/ Cazuza

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A melhor frase do dia:

"amar é reconhecer-se incompleto"
Guimarães Rosa


Li isso numa revista, Discutindo Literatura. Ótima revista.
O dia hoje foi ótimo. Misto de Literatura com Eng. Química.
E, mesmo incompleto, uma vez que amo, eu me senti bem.
Que mania é essa que eu tenho de misturar as coisas?
Mania que se reflete em tudo o que eu faço.
Não é necessariamente ruim. Não é conceitualmente bom.
O mundo hoje se mostra dessa maneira:
você tem várias opções, mas só pode escolher uma.
Um mundo com milhares de portas. Milhares de portas trancadas.
Você me entende?
E o pior é que este é um mundo que, mesmo sendo imperfeito,
não te dá o direito de errar.

Brigar pra quê?
Se é sem querer
Quem é que vai nos proteger?
Será que vamos ter
Que responder
Pelos erros a mais
Eu e você?

sábado, 4 de outubro de 2008

Da fila do mercado

a moça mal vestida me mostrou três coisas:

  1. O mundo é transparente, mas eu sou cego
  2. Se o dia de viver é hoje, o amanhã pode esperar
  3. Em tempos de amor escasso, proteja-se quem puder


A inspiração de hoje veio justamente da fila do mercado. Às 10 horas da noite. Sábado. Sai com um amigo, jantei, fiz trabalho (não necessariamente nessa ordem) e lembrei que caso não fosse ao mercado não teria nada em casa para o domingo. Fiz uma compra pequena, porque domingo eu acordo depois do almoço justamente para não precisar prepará-lo.

Na minha frente na fila do caixa havia uma moça vestida loucamente. Assim: mulambenta. Não sei nem soletrar São Paulo Fashion Week já que sou um zero à esquerda quando o assunto é moda. Mas a moça era uma mistura de hippie com cigano com galo de briga com alguém que acabou de acordar.

Quando ela colocou a suas compras na esteira do caixa eu percebi que havia muitos legumes, frango e um pacote de camisinhas. Havia frango e um pacote de camisinhas. Havia um pacote de camisinhas! E ainda por cima estava escrito “Jontex, embalagem econômica”. Eu falei pra mim mesmo “Thiago, faz cara de que não viu a camisinha”. Mas parece que quando você faz cara de que não viu a camisinha você fica com cara de que viu a camisinha.

Enquanto eu flertava a camisinha, a moça mal vestida tirou da bolsa a sua carteira (também mal vestida) e deixou cair duas moedas. Uma ela recolheu. A outra eu peguei e devolvi a ela, que logo disse:

- Obrigada.

E o que esta palavra de oito letras tem a ver com o resto da história? Esta palavra foi pronunciada de uma forma calma e doce que até parecia dublada. Só que mais do que isso, essa palavra me desconsertou. Imagine você que a moça mal vestida me convenceu com uma só palavra que ela era boa, educada e instruída. Coisa que muita gente, com discursos de extensões políticas não consegue fazer.

O pior (ou melhor), querido leitor, é que mostrando ser educada e livre, a moça mal vestida fez com que eu parasse de olhar para ela e começasse a olhar para mim. “Thiago, você que se diz aberto para novas idéias, que coloca o moralismo na lixeira e o orgulho no ralo, que diz sempre pensar duas vezes nos assuntos, compreensível e receptivo à diversidade de cultura e pensamento... e veja só, justo você com esse pensamento bobo e atrasado sobre sexo!”

Pois é, justo eu. Aquilo pra mim era uma cena de filme: eu com cara de camisinha envergonhada, a moça mal vestida, o frango, os legumes, a própria camisinha e uma trilha sonora dos anos 70. Isso! Tocava uma música muito boa e de repente eu voltava pouco a pouco a ser eu mesmo. Sim, eu sou aquele velho condenado com as novas idéias de liberdade.

E pensei também em como o mundo seria melhor se todos fossem iguais à moça mal vestida. Porque a moça mal vestida compra camisinha e não se importa se uma cambada de tontos fica olhando. A moça mal vestida tem sempre os pés no chão, mas sabe que pode voar. A moça mal vestida é coisa rara e preciosa, diferente da leva de vadias que escondem a falta de pensamento com roupas da moda e jóias caríssimas.

Por que eu escrevi esse texto? Primeiro, é um pedido de desculpas à moça mal vestida pelo meu modo cego de ver as coisas. Segundo, para dizer que a moça mal vestida é uma mulher linda e inteligente, um exemplo a ser seguido, Terceiro, pra dizer que pra mudar basta estar vivo. Eu estou falando de mudança de opinião, de postura, de pensamento e atitude. Ao viver essa situação, penso que eu mudei. Você pode fazer o mesmo às vezes?

E pra finalizar, eu escrevo esse texto pedindo para que você se proteja. Em todos os sentidos.

Proteja-se.

Liberte-se.

Para verdadeiras descobertas, não peça novas paisagens, peça novos olhos.

Então, pra nós, um hoje mais feliz.

Mil beijos.

E com alguns quilos de moralismo a menos, sigo vivendo.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Luz Dos Olhos

Ponho os meus olhos em você
Se você está
Dona dos meus olhos é você
Avião no ar
Um dia pra esses olhos sem te ver
É como chão no mar
Liga o rádio à pilha, a TV
Só pra você escutar
A nova música que eu fiz agora
Lá fora a rua vazia chora...

Nando Reis

... Dona dos meus olhos é você
... Dona dos meus olhos é você
... Dona dos meus olhos é você

vida sem internet

não há.
fiquei fora desse mundo por alguns dias.
mudança de endereço.
o computador mudou primeiro que eu,
a internet foi logo em seguida.
eu insisti na casa velha.
na casa velha, só eu e as paredes.
brinco com meus amigos, dizendo que eu mudo
"à prestação".
mas é isso,
decidi mudar de casa sem motivo aparente.
bom, se há motivo, eu desconheço.
mudei por mudar.
acho que vai ser bom.
vai ser bom.
bom, é isso.
sem a melancolia e os "deeps" dos outros posts.
esse é um post atípico.
é estranho falar de coisas externas.
o bom é que eu não preciso ouvir 'vento no litoral' pra
ficar down o suficiente pra escrever certas coisas.
bom, então esse é o fim do post comum.
Tá, o "post-maria" chegou ao fim!

mil beijos.

depois eu conto a história da moça mal vestida.
história nova!