sábado, 28 de novembro de 2009

Café Filosófico

Com o tema 'O que podem os afetos', Viviane Mosé fala sobre a finitude da vida. Eu achei divertido e bastante inteligente.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Aniversário

Hoje é o meu aniversário. E quando tento escrever sobre mim, eu acabo perdendo o foco e descrevendo outras pessoas. Talvez porque eu nunca me sinto sozinho, de fato. Mas dai vem o nome do blog, que invoca solidão, e parece que sou contraditório. Talvez eu seja.

Ano passado eu aproveitei esta mesma oportunidade para falar dos meus pais e neste ano eu irei falar sobre o blog, que tem sido uma ótima companhia.
Eu sou blogueiro desde os meus 14 anos. Entendia muito pouco de layout e Html, sabia muito menos de mim. Hoje tudo permanece igual. Naquele tempo, a ideia era mesmo a de ter um espaço na rede, de divulgar coisas legais, mas eu não tinha tanto o compromisso de ser original e de expor os meus próprios textos. De lá pra cá as coisas mudaram. O Solidão Estável foi a ideia de uma noite, que persiste até hoje, para que eu pudesse mostrar para mim mesmo como eu sou como escritor. Mas a palavra escritor é um pouco forte para mim. Talvez eu seja mesmo um tradutor. Gosto de contar histórias que presenciei, de tornar grandes aqueles momentos que passam despercebidos por muitos, de registrar os meus sentimentos. De tanto admirar pessoas que escrevem, eu passei a tentar também. Foi uma forma de parecer interessante para alguém. Quem? Enfim.
Adoro reler os arquivos do blog. Tem coisas que eu releio e penso 'Nossa, jura que eu escrevi isso?', no sentido de achar muito romântico, ou muito dramático, ou qualquer outro exagero comum. E isto é o mais interessante de tudo. Eu vejo que estou registrando o meu amadurecimento, vejo as ilusões descartadas e adquiridas.
E agora talvez possa parecer loucura, mas é o que é. Eu não gostava de ser quem eu sou. Eu me amava pouco. Eu via tudo em preto e branco. As postagens do início mostram isso.
Mas de uns tempos pra cá, conforme eu fui vivendo, escrevendo, sorrindo, chorando e como boa parte disso ficou no blog, acho que eu pude me perceber melhor e ver que eu não merecia sofrer. Pude notar que eu era especial. Especial para mim. E também vejo que sou especial para vocês, de certa forma. Porque me sinto assim.
Sabe, por muitas vezes sentei exatamente onde estou agora para escrever algo que estava me entristecendo e, de tanto pensar, vi que não valia a pena se lamentar por bobagens. O que era pra ser um texto triste, virou algo bem feliz. Não vou dizer que o contrário nunca aconteceu, mas garanto que foi com uma frequência bem menor.
Então o blog tem funcionado assim: remendando a minha vida, às vezes consertando, outras vezes ofuscando.
Mas o mais louco de tudo isso é que, se eu fosse um registro inanimado, por Deus, eu seria este blog. E se eu sou ele, todo carinho deve ser depositado. Porque nós merecemos.
Então, se eu pudesse deixar uma mensagem para mim mesmo e para os dispostos a me ouvir, eu diria apenas para que a gente lesse mais, escrevesse mais, ouvisse mais e só então, quem sabe, falar alguma coisa. Porque, infelizmente, ouvido não tem pálpebra.
Então, de aniversário, o que eu desejo mesmo é



SORTE

porque do resto eu me encarrego.

Um beijo!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

no hero in her skies

É sobre algo bem simples e até mesmo bobo. Mas tem me invadido há algum tempo e tem me comovido durante alguns minutos.
Mais ou menos em 2005, eu estava no consultório de uma dentista junto com a minha mãe, esperando para ser atendido. Em um certo momento, uma senhora, que vendia pães, entrou na sala de espera e ofereceu o seu produto. Não tínhamos a pretensão de comprá-los, talvez nem tivéssemos dinheiro para aquilo no momento. Mas a senhora começou a insistir muito e começou a contar uma história mais ou menos assim: um rapaz queria muito comprar os pães, mas não tinha dinheiro suficiente, então ela acabou vendendo por um preço menor. E terminou dizendo que a gente pode sempre ajudar, mas é impedido pela má vontade. Não dei muita atenção a ela, porque eu sou assim mesmo: distraído por opção. Apenas pensei que ela estava sendo invasiva. Mas enquanto eu pensava, minha mãe, de braços cruzados, sem encarar a mulher, apenas respondeu naturalmente: Mas não é bem assim. Às vezes a gente não pode mesmo. A melhor parte foi quando a vendedora foi embora.
E eu tenho pensado muito nisso ultimamente, assim como no dia em que tudo aconteceu. No fato da minha mãe não ter se rendido a uma história que nem Deus sabe se é verdade, de ter dito o que veio à cabeça, de ter traduzido o meu pensamento, de interpretar tão bem as coisas. De ser honesta com princípios.
Talvez eu tenha ficado em silêncio porque fiquei com dó da vendedora. Mas não acho que a vendedora tenha pensado em nós no momento em que expôs a nossa suposta má vontade de ajudá-la.
De tudo, eu só posso ter comigo uma coisa: a gente tem que dizer 'não' na hora certa. Antes de riscar um fósforo para acender um cigarro. Antes de carregar uma arma para atirar. Antes de amolar uma faca para desconfigurar. Antes de contrariar tudo aquilo em que se acredita.
E que às vezes a gente tem que ser racional. Estranho, porque me emociono ao escrever esse 'conselho'. É que a gente tem que ceder. Tem que identificar aquilo que a gente não precisa. Tem que cruzar os braços pra demagogia. Tem que se libertar das mentiras piedosas. E que às vezes, como disse a minha mãe, a gente não pode mesmo.

domingo, 15 de novembro de 2009

Engenho

Escrevi esta frase porque agorinha há pouco me bateu uma saudade louca de tudo.
Talvez vire um texto, mas no fundo é um pretexto
pra ver passar
o tempo
que eu jurava que não tinha.
O tempo sempre é livre.
Mas também te faz escravo.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sobre naturalmente ser

Para as boas garotas, flores e livros. Para os garotos, videogames e amigos. Ou o contrário. Seu gênero não é uma sentença.
Para os caretas, solo firme. Para os demais, queda livre, cabelo ao vento, bagunça. Para os mal comportados, tocar a campainha e correr. Para os mal humorados, fingir que não está e não atender.
A liberdade que brota na mente é o passe para não saber lidar com aquilo que se sente. Porque eu sou livre. Porque eu tento te esquecer e consigo. Porque durmo bem sem dividir a cama contigo. E de tanto tentar esquecer, já não sei mais o que digo e me lembro de que já deixei de existir nos seus pensamentos e diálogos.
Fico sem abrigo e sem sono. Durmo pouco e acordo te odiando pela vida toda. Mas só até amanhã. Porque eu sou um bom garoto latino-americano. Porque eu aceito o inevitável. Porque eu estou pronto.
Eu esperei muito por este dia e ele chegou. Tímido e leve, mas veio. É o dia em que olho para mim e percebo que não há nada mais para perder. Porque eu me desprendi daquilo que supostamente era meu. Daquilo que apenas existia para ser roubado.
Eu me amo primeiro. Eu me amo por ser verdadeiro. Penso em tudo o que fiz ontem, anteontem, mês passado e de que forma isto me conforta hoje. Fiz por mim mesmo. Para mim mesmo. Sobretudo por amor. Amor à vida. Eu existo e não posso escapar da realidade. Eu sou o suposto desejo de alguém. Mas posso também ser o pai, o vilão, o amigo, o desconhecido. Eu sou tudo. Absolutamente.

Sou tudo o que eu quero ser,
mas no fundo quase sempre é sem querer.

sábado, 7 de novembro de 2009