quinta-feira, 30 de julho de 2009

Quando me foge uma história

Eu preciso aprender a perdoar, a relevar e a ser menos atencioso. Eu me sinto tão ferido por ouvir certas coisas, por deixar de falar outras, por não esquecê-las. O fato de ouvir algo indesejado e não ter força para falar me mata duas vezes. Eu estou morrendo. Quando decido ser sincero e falar o que penso de imediato, a morte provocada pelo silêncio é substituída pela morte de ter deixado alguém chateado. O certo a fazer é explodir algumas coisas dentro de nós e outras fora. Mas por que diabos o certo é tão incerto? Às vezes bate um arrependimento em ser gente. O pior de tudo é que não planejo vinganças, mas tenho certos rancores. É estranho confessar isso. Na verdade é incomum ser sincero desta maneira. Não me venha dizer que falta fé, família, educação, o escambau, porque não é isso. Não falta nada. Sobra. Se pra ir por céu tem que perdoar e se pra perdoar tem que esquecer, puta que pariu, já tô com os dois pés no inferno. Não quero o mal de ninguém, que seja cada um feliz a sua maneira. Mas se eu disser que eu esqueci as coisas ruins que me fizeram ou disseram, eu estarei mentindo. E se eu disser que se um dia estas pessoas precisarem de mim eu ajudarei de coração aberto, eu também vou estar mentindo. Não sou de ficar fazendo remendos. Quebrou? Jogo fora. Por vezes penso que se Deus quer mesmo que a gente ame todo mundo, por que deu uma boca tão maldita pra alguns e uns pensamentos tão malignos para outros (me encaixo aqui)? Depois me lembro que Deus não tem nada a ver com isso e que eu estou paranóico. Nesse mundo cheio de gente chata falando tudo o que não presta ao mesmo tempo, tem dias que eu queria mesmo era ser uma ilha.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Vi e Ri

1º - Clarice Lispector - Conto: Via Crucis

Maria das Dores se assustou. Mas se assustou de fato.
Começou pela menstruação que não veio. Isso a surpreendeu porque ela era muito regular.
Passaram-se mais dois meses e nada. Foi a uma ginecologista. Esta diagnosticou uma evidente gravidez.
- Não pode ser! gritou Maria das Dores.
- Por quê? a senhora não é casada?
- Sou, mas sou virgem, meu marido nunca me tocou. Primeiro porque ele é homem paciente, segundo porque já é meio impotente.


2º - O blog da Cleycianne de Jesus.

Deus é mais. Deus é poder. Liberado matar. Proibido Foder. Uma serva de Deus no mundo da internet. Hallelujah. A melhor ideia de todos os tempos da última semana. Ela é um verdadeiro sucesso.


3º - Do meu priminho.

Depois de brincar em todos os brinquedos do shopping, ele aponta para um cesto em forma de palhaço e diz:
- Quero brincar naquele dali.
- Tá doido menino, aquilo ali é o lixo.

domingo, 19 de julho de 2009

O título vem por último

1ª - Parte

E este sentimento que desorienta satélites
é capaz de sair de órbita um dia?
Não devemos acreditar na eternidade.
Que seja apenas honesto e verdadeiro.
Por não disparar alarmes,
quando pensamos que está perto do fim, o amor já terminou.
Quando queremos deixá-lo entrar, ele já se hospedou.
A ironia do amor é o tempo
e a contradição é o espaço.
De que adianta procurá-lo
se ele já veio séculos atrás
em um lugar
que você não habita mais?



2ª - Parte

Um teste muito bacana:

Que Livro É Você?

Disponível em : Educar Para Crescer

Meu Resultado:

"O vampiro de Curitiba", de Dalton Trevisan

Descolado, objetivo e realista. Cult. Você deve se sentir mais à vontade longe de shoppings, da TV e de qualquer coisa que grite “cultura de massa”. Nada de meias palavras: a elas, você prefere o silêncio. Você não vê o mundo através de lentes cor-de-rosa, muito pelo contrário. Procura ver o mundo como ele é, entendê-lo, senti-lo. Às vezes, bate até aquele sentimento de exclusão, ou de solidão. Mas é o preço que se paga por ser um pouco "marginal". Não se preocupe, pois você atrai a admiração de pessoas como você: modernas no melhor sentido da palavra.
Em "O vampiro de Curitiba" (1965), Nelsinho protagoniza uma variedade de contos, nos quais ele busca satisfazer sua obsessão sexual vagando pelas ruas de Curitiba - paralelamente, esta cidade de contrastes se revela ao leitor. A temática e a forma já denunciam: este não é um livro para qualquer um. Tem que ter cabeça aberta para enfrentar a linguagem nua e crua de Trevisan, que é reverenciado pelo leitor capaz de driblar velhos ranços burgueses.

Gostei. Adoro Dalton Trevisan. Me fez lembrar de Sombras na Parede, a minha novela indecente \o/

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Cause you're hot then you're cold

Um título fútil para falar de um assunto igualmente fútil. Antes que vocês se precipitem e chamem todos do bairro para ler o meu texto, deixo o aviso: não é sobre o meu corpo. Divino, maravilhoso e desejado. Não, estes adjetivos não estão ligados ao meu corpo. Falo a respeito do assunto fútil que iremos tratar. Vou falar sobre a vontade de escrever para o blog, ligar o computador, abrir o editor de textos e... não ter sucesso.


Um /beijo/abraço/aperto de mão/meu corpo inteiro/ pra vocês.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Música + Filme

Primeiro, a música:



E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti


Depois, o filme:

Em Paris (Dans Paris)

Paul (o ótimo Romain Duris, de "Albergue espanhol") acabou de sair de um casamento. Romântico, não sabe lidar com a perda e a saudade e termina voltando para a casa do pai (um Guy Marchand adorável), o chefe de família tão amoroso quanto desajeitado em demonstrar seu amor. Lá, Paul passa a dividir o teto com seu irmão Jonathan (o inspirado Louis Garrel, de "Os sonhadores"), a melhor tradução para a expressão "alma livre": estudante relaxado, filho desleixado, amante insaciável.

A tristeza de Paul contrasta com a alegria de Jonathan. No entanto, do meio de sua aparente superficialidade, este último resolve fazer de tudo para resgatar o irmão de seu incômodo sentimental. É aí que o diretor estabelece o amor incondicional entre os dois, o que move todo o filme. Mas não há nada de convencional nesta história. Jonathan resolve convidar Paul a sair pelas ruas de Paris, mas vai sozinho. Apesar disso, o diretor sabe mostrar, nesta distância, a forte relação entre os irmãos.





Vale muito a pena. Quanto mais eu gosto de um filme, menos eu consigo falar sobre ele. Talvez porque sempre acho que as minhas palavras não estão à altura. O filme é, sobretudo, um retrato de amor. Mas é sobre amor de verdade e não sobre esse amores doces, feitos de açúcar, que derretem na primeira chuva que enfrentam.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Dó, a nota musical da piedade

Hoje eu ouvi uma música do Michael Bublé, que diz "cercado talvez por milhões de pessoas eu ainda me sinto sozinho... sinto sua falta, você sabe". Mãe, que saudade. Você me ligou hoje e ao mesmo tempo em que falava com você eu tentava resolver um exercício sobre porosidade de leito fixo. Não sabe o que é leito fixo, mãe? É algo muito menos importante do que a conversa que nós tivemos hoje. Você me perguntou sobre as provas, as despesas e falou sobre a minha irmã, que também irá precisar de sorte com a faculdade (malditas engenharias) e eu estou torcendo muito por ela, mais do que por mim. Eu nem sei se mereço ter tudo que tenho, mas tenho certeza que ela merece vencer. A mesma música também diz "Eu tenho muita sorte, mas eu quero voltar para casa" e é realmente tudo o que eu quero neste instante. Não sinto exatamente tristeza. É um aperto no peito de angústia e medo de decepcionar as pessoas que eu gosto. Só para não esquecer, a música ainda tem um trecho que diz "Este não era o seu sonho, mas você sempre acreditou em mim", então não sei ao certo porque me sinto angustiado. Quero que o tempo passe devagar para dar tempo de fazer tudo aquilo que tenho que fazer... quero que passe rápido para me livrar destes pesos. Se passar muito rápido, já era. Se passar muito devagar, eu explodo.
Meu Deus, como eu estou crescendo. Quando me olho no espelho, eu vejo que estou perdendo meus traços de menino. O meu olhar também está diferente. Mas o que mais me assusta é que, quando vejo um adolescente com seus 15,16,17 anos, eu tenho visões alienígenas. Eles voltaram a ser incompreensíveis. E pelo que a gente aprendeu, só adolescente entende adolescente. As justificativas para as nossas falhas diminuem conforme crescemos e temos que encarar as coisas de frente. Ser dono da situação. Ter controle. Acho que isso é o mais difícil. Por analogia, seria o mesmo que incentivar uma criança a comer verduras para crescer saudável. É horrível. Lembra? Quando você terminava de comer as benditas verduras, recebia alguns elogios falsos e pronto, estava satisfeito. Não pelas verduras e o possível bem que elas fazem, mas por ter recebido a atenção de alguém maior que você. Deus, como pode? Hoje as coisas ainda são assim. Pequenas mudanças de personagens e cenários, mas o enredo é o mesmo. Pra continuar falando de música, estou ouvindo a canção da banda Ben Folds, "Still Fighting It", linda por sinal, que diz:

"Todo mundo sabe que crescer dói
E todos crescem
É tão estranho estar de volta aqui
Deixe-me dizer a você
Os anos passam
E ainda estamos lutando
Você é tão parecido comigo
Sinto muito... "

É estranho mesmo. Quanta gente já nasceu, cresceu e morreu para nos dar o exemplo. E a gente aprende tão pouco sobre viver. Sobreviver. Já contou quantos dias de vida você teve até hoje? Não, não conte. Não vale a pena. Pense só na sua felicidade e no que pode te afastar dela. Eu assisti um filme muito cativante chamado "Ensina-me a Viver" e a trilha dele era repleta de músicas do Cat Stevens. Em uma das canções, ele ensina "Olhe para mim, estou velho mas estou feliz. Pense sobre tudo o que você tem. Você pode ainda estar aqui amanhã, mas seus sonhos não". E eu encerro o musical desafinado dos meus sentimentos com essa canção. Vou dormir e, quem sabe, sonhar.