terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Paula Incorreta

Tinha um corpo e o usava. Fazia o que queria e o povo falava, falava, falava. Ela fazia, fazia, fazia. Fazia bem. Falavam mal. Repetia.
Bis, bis, bis. Chocolate no corpo. Era devorada, desejada.
O pai esbravejava. Saía escondida. Estava sem dinheiro, estava perdida. Precisava ligar para alguém, arrumar alguma coisa pra fazer. Na agenda do celular contemplava a juventude morta, esse mundo parado. Esse é um menino falido, esse é homem casado. Próximo. Perfeito.
Marca encontro. Faz de tudo. Só não beija. É íntimo demais. Passa o tempo. Veste a roupa. Vai embora. Chega em casa. Janta. O pai pergunta onde ela estava. Ela diz mais uma mentira. A verdade passou a parecer uma coisa estranha. Ela estava tão habituada a mentir que se sentia incapaz de dizer a verdade até nas situações mais simples. Segundo a sua boca, já tinha viajado por toda a Europa, era virgem e devota de São Cosme e Damião. Mas na verdade, nunca tinha saído do estado, pronunciava "São Cosmedamião", porque pensava que fosse tudo uma coisa só e sobre a virgindade, não vale a pena comentar. Até porque não se sabe exatamente quando ela deixou de ser virgem. As coisas aconteciam muito rápido, ela era muito nova, enfim.
Ela estava desorientada. E era assim que ela queria. Não ter rumos. Não viver para um futuro incerto. Era o hoje e acabou. Já havia provado vários sabores. Tinha os seus desamores. O travesseiro era o antídoto. O novo sol era um aviso. Era preciso trocar de roupa. Era preciso sair à rua. Começar o dia com seu melhor vestido. E terminá-lo completamente nua.

E o meu relevo ofereço pra sua visão
E você me afaga
Quero que sua língua lamba o meu corpo nu
E que o meu sexo te dê todo o céu azul
Nas suas pernas se encrava o tesouro do meu baú
E eu te abuso

5 comentários:

Juliet disse...

Que texto legal!!!!
Lamento apenas pelo fim...ateh agora o possivel termino de Nando!!Pq o Nando eh msmo uma maravilha!!!
dhasudhasu
bjukass
=D

Abraão Vitoriano disse...

tudo extraordinariamente bom. vontade de não sair daqui...

SUSANA disse...

Seus textos (ou você?) estão cada vez mais densos!

Luiza da Rocha Guerra disse...

Uma questão complicada,
Uma escolha de vida.

Peço licensa para sabedoria do nobre Cartola

"Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés"

;)

Danúbio disse...

e tudo me pareceu de repende tão próximo , tão particular.é de mim que falas. Espetacular.