quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Desesperanças de Sofia

Abriu o livro e varreu as palavras com os olhos, mas não leu. Queria raptar os pensamentos dele, torná-los públicos, nus, identificáveis. Ela queria voltar o tempo e ter dito 'sim' para tudo. Queria um altar com fotos dele, com os presentes que não foram entregues, com manuscritos, com lágrimas. A adoração era pouco e não era pecado. O certo e o errado se camuflavam quando o objetivo era detê-lo. Queria fazer as pazes e construir aeronaves para transportá-lo até a infinitude dos seus desejos e deixá-lo lá, longe do olhar das outras. Queria que Nando Reis fizesse uma canção que falasse da saudade dela, que lembrasse dele, que ele não esquecesse, que tocasse para sempre. E era só sentar um segundinho pra lembrar dele e de tudo o que ela queria que ele tivesse feito. Esses malditos sonhos pela metade, a metade dela era verdade. O amor sem frequência fazia com que ela o amasse demais. Ele gostava dela, mas não do mesmo tanto. Isso era óbvio e desconsertante. E ela tinha aquela sensação de que não havia outro igual a ele, que ele era a primeira e única chance. Não sabia o que fazer para que ele ligasse pra ela. Ele escorria pelas mãos. Ela olhava pro céu e pedia pro coração se abrir para que outro entrasse e ele saísse. E não iria mais tocá-lo com seus beijos improváveis. Não haveria mais o rosto dele em suas fotos. E a paz que sentia com ele também se findaria. Viver era uma guerra. Soldado era ela. Esquecer era sua missão. Ter uma Guerra Mundial dentro de você é sinônimo de paixão. Toda paixão tem seu fim... e toda guerra tem seus mortos e feridos.

Mas você pode ter certeza
De que seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão
Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia
E a vida que ardia
Sem explicação
Não tem explicação
Não tem, não tem

3 comentários:

Fernanda disse...

Que texto lindo=)
nando reis me encanta...
adorei o texto=)

SUSANA disse...

Você acaba de escrever sobre mim!!!

Rúbia Barros disse...

Oi!
Um texto belo, gostoso de se ler,ora, ora, ora,um escritor no blogsesfera,se sua "solidão", faz com que escreva textos assim:
Um brinde a solidão!

Um ótimo fim de semana.