sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Frederico e a Coragem de Não Ser

Gostava de ficar em silêncio. Ela podia entender mal aquelas palavras que, no fundo, tinham a função de dizer outras coisas. Era além do dicionário. E ele tinha medo de dizer algo que parecesse desagradável, anti-romântico. Estava aprendendo a ser ele mesmo e ao mesmo tempo alguém que ela amasse. Estava aprendendo que isso não era possível. Pelo menos era isso que ele sentia. As mentiras reais o deixavam estático diante de tudo. Recriava cenas de algum filme romântico e se via como um péssimo ator. Tinha medo de se mostrar muito interessado, de se insinuar ou de revelar seus defeitos. Ele não era nada, absolutamente nada, do que ela pensava. O manifesto dela era silencioso e não o condenava. Ele era o juiz, o réu, o advogado. As coisas estavam ruins porque ele pensava que elas eram assim. Escrevia mensagens e nunca as enviava. Não entendia por que tinha coragem de escrevê-las. E eram palavras tão bonitas. Palavras que ela nunca poderia ler. Seria isso timidez ou uma inconveniência do destino que não o deixava à vontade de verdade? A televisão ensinava que amar era a coisa mais espontânea do mundo e ele se via forçado a telefonar para ela, perguntar se tudo estava bem, sabendo que ela diria a todo instante que estava tudo certo, tudo igual. Não estava. De que adiantava telefonar então? Pra que se afundar nesse mar vazio? Pra quê? Mas que outro mar poderia ser mais receptivo? Ele não sabia nadar.

Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama

5 comentários:

SUSANA disse...

Mui lindo! Eu gosto de analisar psicologicamente os personagens, rsrsrs. E , ao que me parece, Frederico era um belo fleumático. A propósito, já ouviu falar nos Quatro Temperamentos?
Beijinho.

Thiago disse...

Vamos por partes:

___________________________________
fleu.má.ti.co
adj (gr phlegmatikós) 1 Pachorrento. 2 Impassível. 3 Diz-se do temperamento em que predomina a fleuma, e da pessoa ou animal que tem esse temperamento.

fleu.ma
s m+f (lat flegma) 1 Med Um dos quatro humores naturais, segundo os antigos. 2 Serenidade. 3 Impassibilidade. 4 Pachorra. 5 Aguardente não retificada. 6 Pituíta. Var: flegma.
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Os 4 Humores Naturais

- MELANCÓLICO

Qualidades – Habilidoso, minucioso, sensível, perfeccionista, esteta, idealista, leal, dedicado.

Defeitos – Egoísta, amuado, pessimista, teórico, confuso, anti-social, crítico, vingativo, inflexível.

- COLÉRICO

Qualidades – Enérgico, resoluto, independente, otimista, prático, eficiente, decidido, líder, audacioso.

Defeitos – Iracundo, sarcástico, impaciente, prepotente, intolerante, vaidoso, auto-suficiente, insensível, astucioso.

- FLEUMÁTICO

Qualidades – Calmo, tranqüilo, cumpridor de deveres, eficiente, conservador, pratico, líder, diplomata, bem-humorado.

Defeitos – Calculista, temeroso, indeciso, contemplativo, desconfiado, pretensioso, introvertido, desmotivado.

- SANGUÍNEO

Qualidades – Comunicativo, destacado, entusiasta, afável, simpático, bom companheiro, compreensivo, crédulo.

Defeitos – Fraco de ânimo, volúvel, indisciplinado, impulsivo, inseguro, egocêntrico, barulhento, exagerado, medroso.

Thiago disse...

Pesquisei na net... e vc tem sido extremamente coerente!

Te adoro!

=)

SUSANA disse...

rsrsrs Você não existe! Adorei!!!

Te adoro too much!

Zingador disse...

E porque não ser o próprio?
Ou então jogar tudo pro alto?