domingo, 19 de outubro de 2008

. faz de conta que ainda é cedo .

Domingo é o dia em que eu mais sinto falta de casa. Era dia da amargura coletiva. Meu pai dormia no quarto, minha mãe dormia na sala. Meu pai levantava logo. Eu ficava no computador vadiando. Ou então minha irmã pesquisava alguma coisa, ou vadiava também. Eu e a minha irmã ficávamos no mesmo quarto. Meu irmão jogava videogame ou via o jogo. Depois ia parar todo mundo na sala. A gente via as videocassetadas, um pouco do Fantástico. Às vezes meu pai via um filme de faroeste na tv fechada, mudava de canal toda hora... tudo isso pro desespero da minha mãe.
O jantar de domingo de cada um era independente. Eu comia pão com alguma coisa, meu pai também. Alguém esquentava alguma coisa do almoço. A gente almoçava tão tarde que tinha dia que nem dava fome à noite. Meu pai só ia dormir depois que acabasse aquela sessão de filmes ruins que passa depois do Fantástico. Minha mãe dormia de novo na sala. Eu ficava meio na sala, meio no quarto. Cansava do quarto. Ia pra sala e deitava no tapete, com algumas almofadas. E depois a gente ia dormir de verdade. Dormir de verdade é quando você dorme num dia e acorda no outro. Só os mortos e os jovens não sabem o que é isso.
Esse texto que eu acabei de escrever é tão trivial, mas é a minha verdade. Eu vou batizar de "verdade do domingo".



4 comentários:

Ana Aitak disse...

E quem disse que nas trivialidades não há encanto e beleza?

Quer um exemplo? O video: o castanheiro, tanta poesia, tanto encanto... É a vida, trivial as vezes,e especial sempre.

He disse...

Acabei de conhecer seu blog..
adorei... conhece-lo.. de uma forma ou de outra.. hehe..
até..

Thiago disse...

que bom que vcs gostaram!
esse blog tá me trazendo muito coisa bacana!
abraços!
^^

Juliet disse...

Dias de domingo sao curiosos, tediosos, e sempre nos completam, com a lentidao de um dia apenas, um, de uma semana inteira, como direito nosso: Dia de domingo eh especial.